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Terra na Copa

Sai que é sua! Taffarel cita instinto em 94 e ri com bordão

6 jun 2014 - 14h29
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Em 17 de julho de 1994, no Rose Bowl, em Pasadena, Roberto Baggio tinha a chance de manter a Itália com chances de vencer seu quarto título de Copa do Mundo. O atacante precisava marcar para salvar a equipe europeia. O erro significaria a derrota. Do outro lado, o goleiro Taffarel não tinha dúvidas: o Brasil deixaria os Estados Unidos campeão.

Taffarel passa pelo italiano Pagliuca na disputa de pênaltis da final da Copa de 1994
Taffarel passa pelo italiano Pagliuca na disputa de pênaltis da final da Copa de 1994
Foto: AFP

Taffarel passa pelo italiano Pagliuca na disputa de pênaltis da final da Copa de 1994 (Foto: AFP)

"Eu sabia que ali tinha acabado a Copa. Só não sabia como iria acontecer, se ele ia bater para fora ou se eu ia defender. Eu tinha essa certeza", afirmou ao Terra o camisa 1. A final do Mundial completa vinte anos neste ano, duas décadas do momento em que Taffarel viu o chute de Baggio passar por cima do travessão e decretar o tetracampeonato para a Seleção.

Em conversa com a reportagem, o ex-jogador falou sobre a dura conquista da Copa de 1994, desde o descrédito por conta da eliminação para a Argentina no Mundial de 1990 à glória da final contra a Itália. Ele ainda lembrou e riu do bordão criado por Galvão Bueno e que ajudou a imortalizar o nome do gaúcho de Santa Rosa: "sai que é sua, Taffarel".

"(Ouço) Direto (risos). É o chamativo, é muita gente que lembra disso. Isso é legal, é uma coisa que marcou. Aquela Copa marcou bastante para uma geração e para outras. É lógico que a cada ano a pessoa que grita vai ficando cada vez mais velha (risos)", disse o ex-jogador, que atualmente trabalha na comissão técnica do Galatasaray, na Turquia.

Confira a seguir a entrevista com Taffarel:

Taffarel atualmente trabalha no Galatasaray como preparador de goleiros
Taffarel atualmente trabalha no Galatasaray como preparador de goleiros
Foto: Getty Images

Terra - O Brasil disputou a Copa de 1994 com o peso do jejum de 24 anos sem título. Você fez parte da campanha de 1990, que foi bastante atacada. O quanto que essas críticas ajudaram para unir o grupo para a Copa de 1994?

Taffarel -

Para vestir a camisa da Seleção tu tem que saber que a pressão sempre vai ser grande. A responsabilidade é maior ainda do que jogar um clube, então o jogador quando vai para a Seleção Brasileira está preparado para isso. Só vai quem é preparado para isso. Então todo mundo que vai está preparado. Em 1994 tínhamos um grupo muito experiente, bons jogadores, e tínhamos a certeza de que só a gente poderia mudar isso. Tínhamos a oportunidade. As dificuldades nos fizeram crescer mais ainda. As críticas não nos abateram. Foi uma coisa até positiva. O grupo chegou na Copa sabendo que tinha que dar o máximo, e o máximo era ganhar.

Terra - Como era a conversa com o Parreira na época? O que ele dizia para reafirmar a confiança que tinha em você?

Taffarel -

O Parreira sempre foi um treinador de gritar muito pouco, de levantar a voz pouquíssimas vezes, porque ele sabe se fazer entender pelo trabalho organizado, tático, falando bem claro. Em um grupo como o que ele tinha, acho que o trabalho se tornou não fácil, mas até certo ponto que completava com os jogadores que ele tinha. Todos os jogadores entendiam o que ele pedia sem precisar gritar. Tínhamos sempre uma conversa coletiva. Era geral.

Terra - Quando você anda pelo Brasil, ainda acontece bastante de as pessoas gritarem "sai que é sua, Taffarel"?

Taffarel -

Direto (risos). É o chamativo, é muita gente que lembra disso. Isso é legal, é uma coisa que marcou. Aquela Copa marcou bastante para uma geração e para outras. É lógico que a cada ano a pessoa que grita vai ficando cada vez mais velha (risos). Quando tem brasileiro aqui em Istambul fazendo turismo, andando no Grande Bazar (importante ponto turístico da metrópole turca), de vez em quando aparece um e grita.

Terra - Nas cobranças da final você escolhia um lado em vez de esperar a cobrança. Você tinha estudado os jogadores italianos para os pênaltis ou foi no instinto mesmo?

Taffarel -

Eu estava indo instinto, um pouco no nervosismo. Depois fiquei um pouco mais calmo. A sorte mesmo era que nossos batedores bateram bem, tirando o Márcio Santos, que sempre bateu bem. O Romário, o Dunga e o Branco, bateram muito bem. Isso é o mais difícil. O goleiro é quem tem menos responsabilidade. Para o batedor a responsabilidade é grandíssima. Isso foi um dos pontos fundamentais. A experiência contou muito para chegar e ter essa firmeza. Na Itália eu defendi um pênalti e chutaram dois para fora. Foram jogadores experientes que falharam, e os nosso bateram e fizeram. Nossa experiência contou muito mais.  

Taffarel defende pênalti cobrado por Massaro na final da Copa do Mundo de 1994
Taffarel defende pênalti cobrado por Massaro na final da Copa do Mundo de 1994
Foto: AFP

Terra - Qual era seu pensamento na hora em que o Roberto Baggio caminhava para cobrar o pênalti?

Taffarel -

Eu sabia que ali tinha acabado a Copa. Só não sabia como iria acontecer, se ele ia bater para fora ou se eu ia defender. Eu tinha essa certeza. Mas mesmo assim ainda faltava o Bebeto, que batia bem também.

Terra - Você disputou três Copas, conquistou uma e chegou a duas finais. Mas em qual Copa você acha que teve seu melhor desempenho?

Taffarel -

Ah, rapaz, acho que o melhor desempenho foi em 1998. Na época foi a Copa em que eu participei mais. Em 1990 eu estava muito bem preparado, era jovem, tinha uma vontade enorme, uma certa experiência já. Mas em 1998 participei mais, fiz umas defesas boas.

Terra - Entre os três goleiros, você era o mais novo daquele grupo de 1994. Como era o relacionamento com o Zetti e o Gilmar?

Taffarel -

Muito boa. Em todas as Copas sempre os goleiros da Seleção Brasileira têm um bom relacionamento. Os reservas sabem que é muito difícil jogar a Copa do Mundo depois que é definido o titular. Independente daquilo, está todo mundo treinando, ajudando, torcendo. É muito bom. O Zetti é uma excelente pessoa. O Gilmar também. Sempre tivemos um relacionamento de respeito. Sabíamos cada um sua função dentro da Seleção. 

Em frente a Taffarel, Roberto Baggio erra pênalti que deu o título ao Brasil
Em frente a Taffarel, Roberto Baggio erra pênalti que deu o título ao Brasil
Foto: AFP

Em frente a Taffarel, Roberto Baggio erra pênalti que deu o título ao Brasil (Foto: AFP)

Fonte: Terra
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