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Terra na Copa

Brasil ainda sofre para lidar com estádios da Copa do Mundo

4 mai 2015 - 17h19
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Brasileiros gastaram bilhões renovando e construindo estádios de Copa do Mundo que deveriam ajudar a modernizar e melhorar o futebol local. Após quase um ano do término do torneio, a nação ainda está tentando descobrir o que fazer com eles.

Alguns dos 12 moderníssimos estádios só estão tendo suas obras encerradas como planejadas originalmente agora. Outros já estão à venda.

Arena Corinthians

A Arena Corinthians, de São Paulo, recebeu a partida inaugural da Copa do Mundo no último mês de junho, uma vitória por 3 a 1 do Brasil sobre a Croácia. Mas o estádio não teve sua construção encerrada naquele momento e só agora está completa, dez meses depois da competição.

Parte da cobertura de vidro que deveria ter sido adicionada ao teto do estádio foi finalmente instalada no último mês, junto com outras coisas que estavam faltando na arena de US$ 450 milhões. O público melhorou significativamente no estádio do Corinthians, mas a equipe não consegue manter a renda porque o dinheiro está sendo usado para pagar pela sua construção.

Um ano depois de entregar o estádio para a Fifa para a Copa do Mundo, o Corinthians ainda não conseguiu o esperado acordo de naming-rights para a arena.

Vista da Arena Corinthians durante semifinal da Copa do Mundo entre Holanda e Argentina
Vista da Arena Corinthians durante semifinal da Copa do Mundo entre Holanda e Argentina
Foto: Paulo Whitaker / Reuters

Arena da Baixada

Outro estádio que só está sendo concluído agora é a Arena da Baixada, em Curitiba, que no último mês inaugurou o teto retrátil que teve que ser abandonado antes do Mundial por causa de atrasos nas obras. O teto estava no projeto original, mas a Fifa pediu aos organizadores para adiarem sua instalação para evitar o risco de que ele não ficasse pronto a tempo.

O clube dono da praça esportiva, Atlético-PR, se gaba pelo fato de ser o primeiro estádio de futebol na América Latina com um teto retrátil, mas ao anunciar o término do contrato com a operadora AEG no último mês, o clube admitiu que "o retorno financeiro não foi o esperado".

Estádio é o primeiro da América Latina a ter a tecnologia de teto retrátil
Estádio é o primeiro da América Latina a ter a tecnologia de teto retrátil
Foto: Imprensa CAP / Divulgação

"Há várias formas de fazer dinheiro destes estádios, mas você tem que trabalhar duro para isso acontecer, não é automático", disse o especialista de marketing local João Henrique Areias. "Da forma que as coisas estão, você não pode esperar que o Brasil lucre com eles. E todos sabemos quem vai continuar a pagar a conta, o contribuinte".

O Brasil investiu cerca de US$ 3 bilhões em estádios da Copa do Mundo, dizendo que as novas arenas virariam legado para o País. A maioria foi entregue a operadores privados que estão sofrendo para lucrarem do futebol. Alguns recorreram a eventos infantis, encontros empresariais e serviços religiosos para aumentar o fluxo de dinheiro.

Os novos estádios são melhores e mais modernos, mas também mais caros para manter, forçando os operadores a cobrarem mais dos torcedores e clubes.

Maracanã e Mineirão

Flamengo, o clube mais popular do Brasil, disse recentemente que eles poderiam perder dinheiro ao jogar no Maracanã, sede da final da Copa do Mundo. O time disse que sob o atual contrato com os novos donos do estádio, ele fica com muito pouco dinheiro da renda dos jogos. O Atlético-MG também apontou um problema semelhante no Mineirão, onde o Brasil foi derrotado por 7 a 1 nas semifinais da Copa do Mundo.

Maracanã será paralisado a partir de janeiro de 2016 para obras para receber Olimpíada
Maracanã será paralisado a partir de janeiro de 2016 para obras para receber Olimpíada
Foto: Friedemann Vogel / Getty Images

"Não vale a pena jogar no Mineirão a não ser que tenhamos um público de mais de 40 mil torcedores", afirmou o presidente Daniel Nepomuceno, cujo clube prefere jogar no Independência, estádio menor de Belo Horizonte.

Mineirão recebe partidas do Cruzeiro
Mineirão recebe partidas do Cruzeiro
Foto: Washington Alves / Getty Images

Fonte Nova

O Bahia ameaçou no último mês parar de jogar na Arena Fonte Nova em Salvador porque sentiu que o consórcio que administra o novo estádio estava fazendo muito dinheiro em cima dos jogos do clube. Ele só concordou em continuar atuando lá após renegociar o contrato.

Fonte Nova recebe jogos do Bahia
Fonte Nova recebe jogos do Bahia
Foto: Divulgação

Allianz Parque

O estádio que mais lucrou nesse ano no Brasil é o Allianz Parque do Palmeiras, que não foi construído para a Copa do Mundo. Não havia incentivos financeiros do governo para ajudar a construir a arena, ao contrário dos estádios do Mundial. O Palmeiras fica com todo dinheiro da renda dos jogos, enquanto a construtura WTorre, que pagou pela arena em São Paulo, receberá a maioria da revenda de show e outros eventos em um período de 30 anos.

Esse mês, dois estádios de Copa do Mundo foram virtualmente postos à venda. A construtura OAS anunciou que estava vendendo sua parcela da Arena Fonte Nova e da Arena das Dunas, em Natal. A OAS passa por dificuldades após ser ligada à investigação de corrupção acerca da estatal Petrobras.

Allianz Parque não foi utilizado na Copa do Mundo
Allianz Parque não foi utilizado na Copa do Mundo
Foto: Getty Images

Arena Pantanal

Na cidade de Cuiabá, no centro-oeste do País, a Arena Pantanal teve que ser fechada para "reparos de emergência neste ano após autoridades descobrirem danos estruturais que ameaçavam o público. O estádio também não teve suas obras completamente concluídas como planejado originalmente.

A Arena Pantanal está entre os estádios já considerados para alguns como um elefante branco. Outros incluem as sedes de Natal, Brasília e a cidade de Manaus, locais sem tradição futebolística.

Vista aérea da Arena Pantanal, em Cuiabá
Vista aérea da Arena Pantanal, em Cuiabá
Foto: Ann Gassenheimer / Reuters
Fonte: AP AP - The Associated Press. Todos os direitos reservados. Este material não pode ser copiado, transmitido, reformado o redistribuido.
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