Brasil estreia na Copa do Mundo sub-20, cada vez mais 'esvaziada' e sem a presença das estrelas
Nomes como Yamal, Estêvão, Endrick, Vitor Reis e Mastanuono não serão vistos na disputa no Chile
Foi-se o tempo em que a Copa do Mundo sub-20 era um celeiro de grandes estrelas ou que ajudavam a despontar o nome de revelações do futebol mundial. A edição deste ano, que será disputada até o dia 20 de outubro, no Chile, não contará com nomes que poderiam servir suas respectivas seleções, casos de Lamine Yamal, da Espanha, Estevão, Endrick e Vitor Reis, do Brasil, e Franco Mastantuono e Echeverri, da Argentina. O Brasil estreia neste domingo, 28, às 20h (de Brasília), diante do México.
Muitos desses atletas já fazem parte inclusive de suas seleções principais, e de acordo com especialistas, isso tem a ver com a "precocidade" com que a atual geração tem sido revelada desde os primeiros passos nos processos de captação dos clubes, que hoje, inclusive, já colocam atletas de 15 e 16 anos para treinar com os elencos profissionais.
O Mundial sub-20 foi disputado pela primeira vez em 1977, e desde então, já revelou ou fez nomes gigantes do futebol mundial ganhar destaque, como Messi, Ronaldinho Gaúcho e Iniesta. Em um passado não tão distante, ninguém menos do que Diego Armando Maradona também marcou a competição.
"O processo de captação está cada vez mais sofisticado, e os clubes e seleções não se limitam mais a observar apenas o talento bruto. O desafio atual está em equilibrar essa precocidade com um trabalho de formação que não apresse etapas essenciais para o desenvolvimento humano e esportivo", avalia Cláudio Fiorito, CEO da P&P Sport Management no Brasil, agência responsável pela carreira de Vitor Reis, que também poderia estar disputando o torneio.
Outro detalhe importante citado neste processo está nas ferramentas cada vez mais tecnológicas. Em um cenário cada vez mais competitivo, o futebol moderno exige mais do que talento em campo: requer inteligência, planejamento e, principalmente, decisões baseadas em dados. Nesse contexto, o scouting, processo de mapeamento e análise de atletas, vem ganhando protagonismo na estrutura dos clubes, especialmente nas categorias de base.
Nos últimos dias, chamou a atenção do mundo do futebol o fato de Arsenal e Liverpool inscreveram atletas de 15 e 17 anos para a fase de grupos da Champions League, com início para o próximo dia 16 deste mês.
Max Downman, de 15 anos, do Arsenal, e Rio Ngumoha, de 17, do Liverpool, são considerados grandes promessas do futebol inglês, e essa "precocidade" na contratação ou inscrição de jogadores que talvez ainda estejam na fase da adolescência tem sido cada vez mais frequente. O Arsenal ainda conta com mais um jogador sub-15 se destacando nas categorias de base, caso de Marli Salmon, mas que não foi inscrito como seu companheiro de equipe.
"Acredito que isso tenha uma relação direta com a mudança do mercado, tanto de valorizar o ativo, porque minutar no profissional é um componente importante na valorização do ativo, e segundo na velocidade de negócio e no volume de negócio que tem acontecido no mercado de transferências", explica Thiago Aprígio, coordenador de base do Cuiabá.
Na América do Sul, um dos atletas mais jovens a ingressar na equipe principal nesta temporada está no Sport: trata-se do volante Zé Lucas, na base do clube desde os 13 anos, e que ganhou a primeira chance com apenas 16 anos, durante o Estadual. Agora aos 17 anos, o jogador vem sendo monitorado por equipes do exterior e constantemente convocado para a seleção brasileira de base.
"A dificuldade de saber se um atleta de 15 anos está pronto para jogar profissionalmente é a maturação, ou se ainda tem um período de adaptação. Faz parte de uma evolução consistente, gradual de qualquer menino da base. Conforme você expõe ele a certos eventos que ele não consegue encontrar na base, vai detectando se adapta a esses novos estímulos. O Zé Lucas se encaixa neste caso, de ter uma capacidade cognitiva de suportar vários tipos de pressão ", aponta Enrico Ambrogini, diretor geral de futebol do Sport Recife.
Grupo do Brasil na Copa do Mundo Sub-20
A seleção brasileira masculina de futebol sub-20 não terá vida fácil na próxima Copa do Mundo da categoria. Na quinta-feira, foram definidos os grupos que vão compor o torneio que será disputado no Chile entre os dias 27 de setembro e 19 de outubro.
O Brasil, treinado por Ramon Menezes, terá de encarar as seleções do México, Marrocos e Espanha no Grupo C. A seleção já enfrentou mexicanos e espanhóis em decisões olímpicas recentes, em 2012 e 2021, respectivamente. Já os marroquinos têm evoluído em todas as categorias e formado atletas de bom nível.
O México foi adversário do time sub-20 em dois amistosos realizados em setembro de 2024, em São Januário. O Brasil ganhou o primeiro por 2 a 1 e o segundo por 3 a 2. Vitor Roque, hoje no Palmeiras, foi destaque do segundo duelo ao marcar dois dos gols.
Na disputa da última Copa do Mundo Sub-20, a seleção brasileira caiu nas quartas de final. Depois de passar pela Tunísia nas oitavas, o Brasil não conseguiu superar Israel e perdeu por 3 a 2.
A Copa do Mundo Sub-20 conta com a participação de 24 seleções, divididas em seis grupos de quatro times. Os dois melhores garantem classificação às oitavas, da mesma forma que os quatro melhores terceiros colocados.
Confira os grupos sorteados da Copa do Mundo Sub-20
- Grupo A - Chile, Nova Zelândia, Japão e Egito
- Grupo B - Coreia do Sul, Ucrânia, Paraguai e Panamá
- Grupo C - Brasil, México, Marrocos e Espanha
- Grupo D - Itália, Austrália, Cuba e Argentina
- Grupo E - EUA, Nova Caledônia, França e África do Sul
- Grupo F - Colômbia, Arábia Saudita, Noruega e Nigéria