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ALMANAQUE ESTADÃO: Com um 'ataque de riso', Guarani atropelou o Internacional no Beira-Rio, em 1978

Confronto com o time gaúcho foi uma das partidas que deram confiança aos comandados de Carlos Alberto Silva na conquista do Nacional daquele ano

29 jul 2020 - 10h11
(atualizado às 11h20)
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O Campeonato Brasileiro de 1978 ficou marcado na história do futebol nacional pela conquista do Guarani, primeiro e único time do interior de São Paulo a se sagrar campeão. Em 32 jogos, a equipe de Campinas ganhou 20, empatou oito e perdeu quatro vezes. Careca e Zenon foram os artilheiros, com 13 gols cada.

O jogo que deu confiança aos comandados do técnico Carlos Alberto Silva foi em uma fria e chuvosa tarde de domingo em 2 de julho, no Beira-Rio, em Porto Alegre, diante do Internacional de Falcão, Batista e Caçapava. Uma vitória por 3 a 0 na terceira etapa da competição, que calou a torcida e imprensa gaúcha.

Guarani derrotou o Inter por 3 a 0, pelo Brasileirão de 78
Guarani derrotou o Inter por 3 a 0, pelo Brasileirão de 78
Foto: Reprodução/Youtube / Estadão

Careca, o camisa 9, que, com 17 anos, se destacava pelo oportunismo, técnica e poder de finalização, lembrou que o Guarani chegou a ser menosprezado antes do jogo. "Nós vimos na concentração um programa de esportes na hora do almoço antes da partida com os jornalistas de lá dizendo que o nosso ataque era um ataque de riso, de circo, por causa de Capitão, Careca e Bozó."

E a vingança começou a ser concretizada logo aos quatro minutos de bola rolando, quando Zenon lançou Careca, que, com um toque inteligente, deixou Renato na cara do goleiro Gasperin. Esperto, o meia deu um drible e tocou para o gol vazio. Ainda no primeiro tempo, aos 40 minutos, Bozó fez o segundo, após jogada de todo o setor ofensivo do time campineiro. Os torcedores do Guarani riam muito.

"O Guarani era um time moderno. Atuávamos com marcação no campo todo. Cada um sabia sua função tática e a executava durante os 90 minutos. Tínhamos um preparo físico espetacular, aliado ao talento de vários jogadores", relembrou Careca, que disputou as Copas de 1986 e 1990.

Na segunda etapa, o Guarani resistiu muito bem à pressão do Inter, que foi surpreendido, aos 40 minutos, com um gol antológico do meia Zenon. "Como o Internacional adiantou a marcação, lancei para mim mesmo e fiz um dos gols mais bonitos do ano", relembrou o camisa 10, que três anos mais tarde assinaria contrato com o Corinthians.

"O Guarani tinha uma zaga forte, que marcava muito. Os laterais Mauro e Miranda sabiam apoiar. E o Neneca era um goleiro experiente, grande demais para a época e seguro", lembrou Careca, atacante do São Paulo de 1983 a 1987.

"O Zé Carlos (volante) tinha experiência (ex-Cruzeiro), era o cérebro do time. Toda segunda-feira ele reunia o grupo na casa dele para a gente lavar a roupa suja e planejar as jogadas que seriam executas", contou Careca, que fez dupla histórica com Diego Maradona no Napoli entre os anos de 1987 e 1993. "E do meio para frente, o time era muito veloz, com variação de jogadas, domínio de bola e finalização. Capitão e Bozó pelas extremas. O Renato (Pé Murcho) fazia dupla comigo no ataque e o Zenon era quem armava tudo no meio e batia falta como ninguém."

Depois de derrotar o Inter, o Guarani jogou mais 11 vezes pelo Brasileiro daquele ano, com dez vitórias e um empate, com direito a triunfos históricos sobre o Vasco, no Maracanã, e Palmeiras, no Morumbi.

FICHA TÉCNICA

Internacional 0 x 2 Guarani

INTERNACIONAL - Gasperin, Lúcio, Gardel (Jair), Beliato e Vanderlei; Falcão, Batista e Caçapava; Valdomiro, Bill e Peri (Chico Spina). Técnico: Cláudio Duarte.

GUARANI - Neneca, Mauro, Gomes, Edson e Miranda; Zé Carlos, Renato e Zenon; Capitão (Manguinha), Careca e Bozó (Macedo). Técnico: Carlos Alberto Silva.

Local: José Pinheiro Borda (Beira Rio) - Porto Alegre

Data: 02/07/1978 (Domingo)

Horário: 16h

Árbitro: Arnaldo Cezar Coelho (RJ)

Auxiliares: José Maria Brandão (RJ) e Eduardo Matos (RJ)

Gols: Renato, aos 4, e Bozó, aos 40 minutos do 1º Tempo; Zenon, aos 38 minutos do 2º Tempo

Renda: Cr$ 308.440,00

Público: 10.131 pagantes

Estadão
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