De Ronaldo a Hamilton, elite do esporte desafia a idade
Cristiano Ronaldo completou 40 anos no mês passado e é o maior artilheiro da primeira divisão do futebol saudita. Lewis Hamilton atingiu a mesma idade em janeiro e está atrás de seu oitavo título na Fórmula 1. LeBron James, também com recentes 40 anos, é o primeiro jogador da NBA a marcar 50.000 pontos combinados.
Eles são exemplos de grandes nomes da crescente quantidade de esportistas modernos que apresentam níveis notáveis de desempenho em uma idade em que, no passado, provavelmente já estariam aposentados.
Especialistas atribuem a crescente longevidade no esporte de elite a uma série de condições em constante evolução: desde uma melhor dieta e bem-estar mental até melhores instalações de recuperação e treinamento.
"Toda uma constelação de fatores... é como jogar gasolina", disse à Reuters o nutricionista canadense Marc Bubbs, autor do livro "Peak" (Pico) sobre a ciência no esporte, referindo-se aos fatores adicionais que impulsionam o máximo.
Em seu campo -- nutrição -- os atletas são muito mais cuidadosos com o que comem, alguns contratam chefs para preparar refeições personalizadas, outros, como Hamilton, adotam dietas com alto teor de fibras e à base de vegetais.
"Eles deveriam estar se lesionando mais, mas não estão", acrescentou Bubbs sobre a melhoria da saúde dos competidores mais velhos.
Nas cinco principais ligas de futebol da Europa, o número de jogadores com mais de 35 anos ultrapassou a marca de 100 pela primeira vez em 2020 e permaneceu assim por todos os anos seguintes, exceto um, de acordo com o banco de dados Transfermarkt. Em contraste, em 1980 havia apenas 12 homens nessa faixa de idade jogando nessas ligas de elite.
No tênis, o trio formado por Novak Djokovic, Rafael Nadal e Roger Federer dominou o esporte em idades que antes eram consideradas precoces.
Aos 37 anos, Djokovic ainda está na ativa e atesta os avanços da ciência da nutrição após mudar para uma dieta sem glúten no meio da carreira.
"De repente, houve um fator X, uma mudança em minha dieta que permitiu que meu corpo tivesse o desempenho que deveria ter", escreveu ele em seu livro "Serve to Win".
O DINHEIRO MOTIVA
Atualmente, o top 100 do tênis masculino da ATP tem mais de 10 jogadores acima dos 30 anos, sendo que cinco deles têm mais de 35 anos, enquanto em 1995 havia seis jogadores com mais de 30 anos.
Também no tênis feminino, 19 das 100 primeiras colocadas no ranking de simples da WTA têm mais de 30 anos, sendo que as mais velhas, Tatjana Maria e Laura Siegemund, têm 37 anos. Em 2001, havia apenas quatro jogadoras com mais de 30 anos entre as 100 melhores, de acordo com o site da WTA.
O dinheiro também tem sido um fator importante, com riquezas cada vez maiores incentivando os atletas a continuarem exercitando seus corpos, além do enorme investimento no esporte.
Veja a NBA nos EUA, onde as equipes gastam somas cada vez maiores em equipamentos de última geração para atrair os melhores jogadores e permitir que tenham o melhor desempenho e uma rápida recuperação.
O Cleveland Cavaliers planeja ter uma nova instalação de treinamento até 2027 como parte de um plano de construção de US$3,5 bilhões.
O Detroit Pistons gastou US$90 milhões em suas instalações de desempenho, incluindo uma unidade de reabilitação: muito longe dos anos 80 e 90, quando o chamado "Bad Boy" Pistons corria em condições mais básicas.
"O ambiente em que você se encontra é uma das coisas mais importantes para fazer com que as pessoas mudem seus comportamentos", acrescentou Bubbs.
Isso permitiu que jogadores, como o maior pontuador de todos os tempos da NBA, James, continuassem a jogar por muito mais tempo do que seus antecessores. O ala dos Lakers cuida muito bem do seu corpo usando, por exemplo, a oxigenoterapia hiperbárica para ajudar na recuperação de lesões e fadiga.
"Nossa mentalidade mudou totalmente... Acho que estamos vendo o efeito Bannister para o envelhecimento", disse Steven Kotler, autor norte-americano sobre desempenho humano, comparando as descobertas atléticas da vida adulta com as barreiras quebradas, como a primeira milha de Roger Bannister em menos de 4 minustos em 1954.
