Empresários contam pela 1ª vez detalhes sobre caso VaideBet no Corinthians: 'Ninguém faz nada de graça'
Toninho e Sandro são testemunhas da investigação que apura o desvio de dinheiro de um contrato entre a empresa de apostas e o clube
Empresários revelaram ao Fantástico detalhes sobre o desvio de dinheiro no contrato entre VaideBet e Corinthians, enquanto envolvidos negam irregularidades e o clube se diz vítima de fraude.
Os empresários Toninho Duetos e Sandro dos Santos Ribeiro, testemunhas da investigação que apura o desvio de dinheiro de um contrato entre a VaideBet e o Corinthians, contaram pela primeira vez detalhes do caso.
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O que aconteceu?
Em janeiro de 2024, o Corinthians fechou um patrocínio de 360 milhões com a VaideBet. O contrato foi rompido em junho do mesmo ano.
Nesse contrato, uma empresa de marketing receberia R$ 25 milhões de comissão. De acordo com a polícia, no entanto, essa empresa não participou da negociação e, quando foram transferidos R$ 1,4 milhão, iniciaram as denúncias. O dinheiro tinha ido para várias contas, sendo algumas delas de laranjas.
No último mês, a polícia indiciou quatro pessoas nesse caso por lavagem de dinheiro. Uma delas é Augusto Melo, que foi afastado da presidência do Corinthians. A VaideBet não é investigada.
O que os empresários contaram?
"O Andrezinho, que é um dos donos da VaideBet, ligou perguntando se eu tinha um contato no Corinthians, porque todo mundo sabe que eu tenho contato com muita gente", disse Toninho à TV Globo.
Depois, Sandro contou que Toninho falou com ele: "Olha, aciona aquele amigo seu do Corinthians. O André tem interesse em patrocinar um clube de futebol, que é o nosso trabalho, né? Intermediações, vendas. Vamos intermediar o patrocínio entre VaideBet e Corinthians. E aí eu marquei essa reunião em São Paulo".
Nessa reunião, de acordo com os empresários, havia cinco pessoas: Sandro, Toninho, o diretor administrativo do Corinthians, Marcelo Mariano, Augusto Melo e André Rocha, da VaideBet.
Toninho disse que o contrato seria feito pela sua empresa: "Contrato de quem estava fazendo intermediação, na qual ia ganhar a comissão de 7%, que é o de praxe."
Eles afirmaram que teve um momento que só ficaram na sala da reunião Augusto Melo e o Marcelo Mariano. Na sequência, Augusto foi embora e a reunião continuou com Marcelo.
"Aí já mudou totalmente o contexto, eu questionei: 'tá, a comissão agora, como que vai funcionar? Vai colocar no contrato? Nós vamos fazer um outro contrato à parte? Como que vai funcionar?'. Quando eu fiz essa pergunta, ele me respondeu, olha, essa comissão ela tem que passar por empresa já cadastrada no Corinthians", relatou Sandro. "Achei estranho, questionei, fiquei nervoso."
Para a polícia e o Ministério Público, essa outra empresa foi usada apenas para lavar e desviar o dinheiro da comissão.
Conforme os empresários, até hoje, eles não receberam nenhum valor. "Não existiria Corinthians e VaideBet se a gente não tivesse feito esse encontro", disse Sandro. "Sabia que teria comissão porque ninguém faz nada de graça", acrescentou Toninho.
O que dizem os envolvidos?
À TV Globo, Augusto Melo afirmou que nunca conversou com os empresários sobre comissão. "É um absurdo, nunca existiu, nunca sentei com eles para conversar sobre comissão de 7%. Depois de quase um ano cobrando a situação, por que não vieram até a gente para poder reclamar?", questionou.
O advogado de Marcelo Mariano confirmou que o cliente esteve na reunião, mas que, em nenhum momento, foi tratado de comissão com Toninho e Sandro. "Nada é devido a esses senhores."
Por meio de nota, o Corinthians afirmou que é vítima de uma fraude e que, se for acionado a arcar com qualquer prejuízo, irá se defender em todas as esferas cabíveis.