Dirigente do Corinthians não garante permanência no clube em 2026
Pressão interna cresce por mudanças no departamento de futebol do Timão
O futuro de Fabinho Soldado no comando executivo do futebol do Corinthians permanece indefinido para 2026.
Em contraste com declarações anteriores, nas quais destacava sintonia total com o presidente Osmar Stabile, o dirigente adotou um tom mais cauteloso e afirmou que somente ao fim da atual temporada decidirá, em conjunto com a diretoria, se seguirá no clube em 2026.
— Pedir um pouco de tranquilidade e paz para que a gente trabalhe. Faltam quatro jogos no Campeonato Brasileiro e os compromissos da Copa do Brasil. Eu já tive duas conversas com o presidente. Existem situações em que, enquanto eu tiver autonomia para trabalhar, não tenho o que dizer. Mas te confesso que está sendo muito chato a gente escutar coisas que não têm a ver com o nosso trabalho, colocações que vocês mesmo falam para mim, não sei de onde vêm. Vamos deixar terminar o ano tranquilo e, depois, a gente senta na mesa para conversar e tomar a melhor decisão para o Corinthians — disse o dirigente após o clássico.
Nos bastidores do clube, cresce a pressão sobre Osmar Stabile para promover mudanças no departamento de futebol. Parte do conselho tem cobrado a saída de Fabinho, alvo de fortes questionamentos internos, movimento que ganhou força nas últimas semanas. Embora Stabile mantenha discurso de apoio ao dirigente — remanescente da gestão de Augusto Melo — o futuro do executivo em 2026 permanece incerto.
Durante conversa recente com a imprensa, Fabinho ressaltou seus esforços em um ano marcado por limitações severas. O Corinthians conseguiu apenas duas novas peças para o elenco e se viu impedido de avançar em outras negociações por causa da delicada situação financeira e do transfer ban que vigora desde agosto.
— Críticas fazem parte do meu trabalho e a gente reconhece as críticas construtivas. Temos algumas dificuldades, e você precisa de tempo para poder ir melhorando os departamentos para que o processo ganhe corpo e o Corinthians possa ganhar com isso — pontuou.
Fabinho destacou que o cenário do Corinthians mudou significativamente de uma temporada para outra. Ele lembrou que, após a equipe passar 2024 ameaçada pela zona de rebaixamento no Brasileirão, o clube abriu o ano seguinte com a conquista do Campeonato Paulista e alcançou a fase semifinal da Copa do Brasil. Para reforçar sua atuação nos bastidores, o dirigente mencionou ainda iniciativas voltadas ao fortalecimento da estrutura interna, como a implantação de um espaço dedicado ao acompanhamento psicológico dos jogadores e a modernização do departamento médico.
— Entendo que o que nós temos em 2025 está longe do tamanho do Corinthians, mas é um clube que passa por tanta dificuldade, não preciso enumerá-las aqui. O que a gente faz é enfrentar adversidades, com muito trabalho, criatividade e entrega. A gente está melhorando muito a estrutura do clube, com muita dificuldade e criatividade. Se isso não é evolução — finalizou.
Crise política nos bastidores do clube
Desde que assumiu o comando do clube após o impeachment do antigo presidente, Stabile convive com cobranças constantes para promover a saída de Fabinho do cargo de executivo de futebol. Mesmo diante do desconforto de diferentes correntes políticas, o dirigente tem resistido à ideia de demitir o profissional e segue adiando a escolha de um novo diretor estatutário — função que permanece desocupada.
Fabinho responde sozinho pelo departamento desde maio de 2024, quando Rubens Gomes, o Rubão, deixou a diretoria após um desentendimento com Augusto. Desde então, todas as decisões passaram a ser centralizadas no executivo, ampliando sua visibilidade — e também as críticas.
Insatisfação entre conselheiros
Nos bastidores, conselheiros corintianos reclamam que Fabinho recebe uma remuneração considerada elevada e acumula atribuições que, na visão deles, deveriam ser distribuídas a dirigentes do clube e não concentradas em um funcionário contratado do mercado. Em qualquer momento de turbulência no futebol, esse grupo volta a pressionar pela saída do executivo.
Episódios que alimentaram críticas
A contestação ao trabalho de Fabinho aumentou após episódios como a negociação de Kauê Furquim com o Bahia, a ausência de reforços antes da imposição do transfer ban e faltas de Memphis Depay e José Martínez em alguns treinamentos. A formação do elenco — considerada cara e pouco equilibrada — também é alvo frequente de questionamentos, especialmente após a última janela, quando apenas o atacante Vitinho foi incorporado antes do bloqueio para registro de novos atletas.
Apoio do elenco e futuro indefinido
Apesar da resistência interna, Fabinho conta com o respaldo do vestiário. Os jogadores têm se manifestado publicamente em defesa de sua permanência, tornando-se uma espécie de avalistas de sua continuidade. Com esse cenário, eventuais mudanças na área de futebol só devem ocorrer a partir de 2026, sem impacto imediato nas disputas da Copa do Brasil.