Corintianos admitem futebol 'vergonhoso' em Guayaquil, mas confiam em vaga na Libertadores
Time paulista foi derrotado por 3 a 0 e precisa reverter desvantagem em Itaquera para ir à fase de grupos
Os jogadores do Corinthians não esconderam que a apresentação em Guayaquil foi vexatória. A derrota por 3 a 0 para o Barcelona deixa a equipe em situação bastante delicada por vaga na fase de grupos da Copa Libertadores. Apesar de admitirem que a partida realizada foi "vergonhosa" e dos pedidos de "desculpas" à torcida, tentaram se amparar na força das arquibancadas na Neo Química Arena para manterem um fio de esperança por reviravolta na série.
Um dos jogadores mais identificados com o clube, mesmo não tendo jogado muito ultimamente por causa de uma grave lesão, o volante Maycon não escondeu sua indignação na saída do campo no Equador.
"Difícil falar porque é uma coisa que já estamos vivenciando esse ano (alternar boas apresentações com partidas bem ruins) e não pode se repetir, em nenhum jogo pode, ainda mais em um eliminatório de Libertadores que a gente lutou tanto estar aqui e fazer isso. Me sinto envergonhado", afirmou o volante à Globo.
O técnico Ramón Díaz escalou a equipe com três zagueiros pela primeira vez na temporada para evitar sofrer gols e a estratégia dava certo até os acréscimos do primeiro tempo, quando João Pedro Tchoca cometeu um pênalti infantil por chegar atrasado na marcação. Apesar de nada criar, o clube se defendia. Com a volta ao esquema antigo e em desvantagem, os dois gols sofridos facilmente na segunda etapa complicou a situação dos paulistas.
"Brigamos tanto para chegar e não saiu nada como planejamos. A vergonha é o pior sentimento que um jogador tem, é pedir desculpa ao torcedor, trabalhar firme, temos uma semifinal e o jogo de volta, e vamos lutar por essa classificação ainda", garantiu Maycon, uma das trocas no segundo tempo, apostando na força das arquibancadas daqui uma semana.
"Eles vão estar lá, vão apoiar a gente. É trabalhar para melhorar. É uma vergonha que pode ser trabalhada. No futebol existem situações reversíveis e essa é uma, mas temos de trabalhar. Não vamos pensar na quarta e sim no sábado, não repetir os jogos de baixo rendimento, pois a gente sabe que a cobrança é alta e no Corinthians tem de dar resposta imediata", frisou, já pensando no Santos por vaga na final do Paulistão.
O goleiro Hugo Souza também evitou caça às bruxas e tentou adotar um discurso de otimismo. "É difícil falar (sobre a apresentação e o resultado). Agora é esfriar a cabeça, colocar no lugar, para em casa fazer o que a gente sabe melhor, que é jogar futebol, ter a bola e agredir o adversário para fazer os gols que precisa para buscar a classificação", disse.
O goleiro aproveitou para se agarrar na mística corintiana por crença em reviravolta. Devolver um triunfo por três gols leva a decisão a pênaltis. Menos que isso, é eliminação. "Para essa camisa nada é impossível. É um resultado complicado, mas o time vai trabalhar e lutar até o final para em casa fazer os gols que precisa."
Desgaste físico
Já Ramón Díaz reconheceu a superioridade do Barcelona, mas apontou também o desgaste físico como um problema enfrentado pelo time alvinegro.
"Nunca me arrependo do que faço. Aqui, principalmente, na Libertadores, é completamente diferente do que jogamos no Brasil. Eles foram muito superiores em todos os sentidos, muito mais do que o tático. Fizeram grande jogo. Nos superaram, não há desculpa além do tático, que podemos acertar. Eles não tiveram situação no primeiro tempo, salvo o pênalti, o time estava bem. Não são desculpas, mas viemos de desgaste de três dias. Nos superaram em todos os sentidos. Há que aceitar quando o adversário se supera em todos os sentidos", disse o treinador agentino em entrevista coletiva.
Apesar do péssimo resultado, Díaz não perdeu o otimismo por uma classificação para a fase de grupos. "O que fica é que não vamos perder a esperança neste momento. A equipe conseguiu a classificação depois de tantos anos, e realmente nos superaram em todos os sentidos. Felicitações a eles, fizeram grande jogo. Temos que aceitar. O tático me parece que tivemos bem no primeiro tempo, mas não fomos pulsantes no ataque como somos."
O técnico admitiu uma má produção da equipe, mas não considerou o fato de jogar com três zagueiros como um motivo para a derrota.
"Foi a primeira vez que jogamos com três zagueiros no ano. Equipe pode te superar em dinâmica, em ritmo. Taticamente sabíamos dos dois extremos, tratamos de pressionar. Quando te supera é assim. Não há forma. Nós precisamos jogar, temos uma semifinal no Paulistão e vamos enfrentar as situações. Com muito orgulho do grupo, mas os adversários jogam também. Trataremos de acomodar o time animicamente, fisicamente, mas o futebol é assim. Tem que aceitar quando te superam. Jogamos com Garro, Yuri e Memphis, os três que fizeram gols em todos os campeonatos, mas hoje estiveram bem defensivamente, não pudemos gerar jogo. Somos responsáveis pelo que passou, o time não jogou bem."
O Corinthians vai precisar de uma vitória por quatro gols na semana que vem na Neo Química Arena. Um triunfo por três gols sobre o Barcelona de Guayaquil levará a decisão para os pênaltis. Antes o time enfrenta o Santos, domingo, em Itaquera, pela semifinal do Paulistão.