A crise político-administrativa-moral pela qual passa o futebol brasileiro é muito mais grave do que parece. Vai refletir diretamente na Seleção
Brasileira dentro do campo. É só pensar um pouco na situação atual de desemprego, que vive o país. Imagine você trabalhando em uma empresa cujo nome sai todos os dias nos jornais, tevês e revistas, falando que seus patrões vão perder o emprego, que são ladrões, desonestos, corruptos.
Claro, você chega para desenvolver o seu trabalho sob tremenda pressão, tendo que apresentar resultados positivos, imediatos, sem saber o que vai
acontecer amanhã. Lógico que os jogadores da Seleção Brasileira não são inocentes, virgens, puros. Ao contrário, são cobras criadas, maliciosos, sabem perfeitamente em que terreno estão pisando, ou jogando. Se quem dirige o futebol brasileiro está desmoralizado, como cobrar responsabilidade, seriedade, vitórias de quem é dirigido?
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira está vivendo de ilusões. No final da semana passada, ele se reuniu com dois dirigentes paulistas e um cartola carioca no Rio de Janeiro. O local escolhido foi um pequeno apartamento, na Barra da Tijuca, ao lado ou perto de um bar. Uma vista panorâmica, até bonita, mas para os moldes do senhor Teixeira, acostumado ao luxo, paga com dinheiro dos outros, o ambiente era mais um “mocó” do que um ambiente familiar. De cara, ele foi dizendo que não ia renunciar de maneira alguma.
Foi-lhe então proposto que aceitasse um colegiado para dirigir a CBF. Encurralado, ele topou. No outro dia, no nono andar do prédio da rua da Alfândega, Teixeira ficou surpreso com a presença de 26 presidentes de Federações que lhe deram apoio.
Sentiu-se o “dono da cocada preta” e nem tocou no assunto do colegiado prometido. À noite, deu-se o episódio da fita gravada e a situação ficou
preta de novo. É uma quadrilha que está se desintegrando. Seria bom resolver logo o assunto. Afinal, o jogo contra a Argentina é no próximo dia 5.
Seria bom que até lá o senhor Teixeira e os dirigentes que arrastaram o
futebol brasileiro para a lama tivessem caído fora, bem longe de Buenos Aires.