CBF usou Seleção para incentivar emancipação da Catalunha
Jamais na história dos confrontos da Seleção houve dois jogos com outra seleção que não estivesse vinculada à Fifa. Na verdade, há apenas uma exceção e ela é recheada de interesses que vão muito além do esporte. Em 2002 e 2004, o Brasil fez dois amistosos no Camp Nou com a Catalunha, jogos que à época desagradaram à federação espanhola e à Fifa.
Isso fazia parte de uma estratégia do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, de incentivar a luta política pela emancipação da Catalunha. O dirigente já era próximo de Sandro Rosell, então executivo da Nike e muito influente em Barcelona. Anos mais tarde, Sandro foi presidente do principal clube catalão e, hoje, está preso por corrupção, resultado de uma investigação que levou a Justiça da Espanha a pedir também a prisão de Teixeira.
Em ambos os jogos, Teixeira teve recepção digna de chefe de Estado e foi homenageado pelo governo local com honrarias. Para os locais, ter a mais badalada seleção de futebol atuando contra a Catalunha era motivo de orgulho e isso ficou evidente pela festa que marcou os dois jogos. O Brasil esteve representado nas duas partidas com força máxima.
Num encontro após os dois amistosos, Rosell agradeceu a Teixeira pela escolha da Catalunha e disse que os jogos tinham impulsionado o sentimento nacionalista na Catalunha. Esse relato foi feito pelo próprio Teixeira, em conversa com alguns repórteres, ainda em Barcelona. Num restaurante da cidade, já de madrugada, em 2004, o dirigente chegou a ensaiar algumas frases em catalão e reforçou sua torcida pelo separatismo.
De 2000 até hoje, a equipe disputou as duas partidas com a Catalunha e nenhum amistoso com a Espanha.
Outro exemplo do empenho de Teixeira em agradar aos naturais daquela região tinha sido dado em 1999, quando o Brasil enfrentou o próprio Barcelona, no Camp Nou, num dos raros momentos em que a Seleção se dispôs a enfrentar um clube de futebol.
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