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NBA obriga times a terem força máxima em todos os jogos da temporada

Liga americana justifica que os fãs compram ingressos para ver os principais atletas atuando e agora multa quem poupar nos 82 jogos

29 nov 2019 - 11h11
(atualizado às 11h11)
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Poupar ou não poupar atletas durante os 82 jogos da temporada regular da NBA para tê-los 'inteiros' nos playoffs? O que antes era apenas uma questão de ordem técnica já não é mais uma possibilidade. A partir desta temporada, os times devem ter sempre a força máxima disponível em quadra sob o risco de serem multados.

Quem comanda a maior competição de basquete do mundo justifica que os fãs compram ingressos para ver os principais atletas atuando e ficam frustrados quando seus ídolos não jogam mesmo saudáveis. Outro fator que pesou para que normas fossem criadas, foi a pressão das emissoras de TV. Walt Disney (ESPN e ABC) e Time Warner (TNT), que fecharam um contrato de 24 bilhões de dólares (R$ 100 milhões) para transmitir os jogos das temporadas 2016/2017 até 2025/2026 e ficavam reféns de partidas esvaziadas em horário nobre.

As regras que impedem os 'descanso' dos jogadores passaram por aprovação envolvendo os donos das 30 franquias em 2017 e vem dividindo opiniões nos Estados Unidos. O atual técnico do Orlando Magic, Steve Clifford, disse ao New York Daily News que Michael Jordan, dono do Charlotte Hornets, sempre foi claro ao falar com seus jogadores sobre o assunto: 'Você é pago para jogar 82 jogos.'

Curiosamente, essa também era a mentalidade de Jordan quando ele atuava. Em sua apresentação para a temporada 2001/2002, quando voltava de sua segunda aposentadoria para defender o Washington Wizards, Jordan foi perguntado sobre sua forma física e respondeu: "Quero jogar sempre, pois posso fazer os 82 jogos da fase regular."

O discurso de jogar o máximo de partidas também é reforçado pelo melhor jogador da atualidade, LeBron James. "Se estou lesionado, não jogo. Se não, estarei na partida. Esse sempre foi meu lema", disse o astro do Los Angeles Lakers à ESPN dos EUA.

A quem faça críticas mais pesadas sobre o tema. "Eu acho que isso é besteira. É uma desgraça para a NBA. Os torcedores merecem mais. Não poderia me importar menos com treinadores pedindo que seus atletas descansem ou não. Jogar é uma escolha do jogador e, se ele opta por não entrar em quadra estando bem fisicamente, desrespeita o jogo", disse o armador Patrick Beverley, hoje no Los Angeles Clippers, na época da votação sobre as novas determinações.

Deixar atletas no banco de reservas, principalmente nos back-to-backs (jogos em noites seguidas) é uma prática antiga para o San Antonio Spurs. Antes mesmo de existir um pena estabelecida, a franquia texana foi multada em US$ 250 mil (cerca de R$ 534 mil, na época) pelo antigo comissário da NBA, David Stern.

A decisão do dirigente foi tomada depois que o técnico Gregg Popovich não usou quatro de seus principais jogadores (Tony Parker, Manu Ginobili, Tim Duncan e Danny Green) em 2012, no único jogo da equipe na Flórida contra o Miami Heat do então Big three (LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh) pela temporada regular.

Dono de cinco títulos desde quando assumiu os Spurs como treinador em 1996 e atual comandante da seleção dos Estados Unidos, o técnico Gregg Popovich é reconhecido como um dos que mais administra minutos de seus comandados. Essa prática é apontada, por exemplo, para explicar a longeva carreira de 19 temporadas que Tim Duncan teve na NBA em alto nível, mesmo com problemas crônicos no joelho.

"A NBA precisa entender que a ciência do que fazemos está muito mais sofisticada em comparação ao passado. Definitivamente, nós adicionamos anos às carreiras dos jogadores. Então, é uma troca: você quer ver esse astro por um jogo ou por mais três anos atuando na liga? E quer vê-lo agora ou nos playoffs?", argumentou o técnico, em entrevista ao jornal San Antonio Express-News.

Quem também defende o load management (gerenciamento de carga), termo criado para explicar o controle feito pelas equipes no controle de minutos jogados por atletas e a carga de treinos proposta, é o ala Kevin Durant. "A verdade sobre isso é que isso (críticas) só ocorrem sobre alguns jogadores da liga. Ninguém se importa se o décimo terceiro jogador do banco de reservas está descansando. Eles só se preocupam com LeBron James, Stephen Curry, James Harden, Russell Westbrook, etc. É tudo sobre esses jogadores. Então vocês querem fazer regras novas apenas para eles?"

SEM BURLAR O SISTEMA

A NBA decidiu multar o Los Angeles Clippers em US$ 50 mil por comentários do técnico Doc Rivers sobre Kawhi Leonard. Mesmo após a franquia apresentar documentos explicando que seria necessário tirar o atleta de um jogo por causa de uma lesão no joelho, o treinador deu a entender que o melhor jogador das finais entre o campeão Toronto Raptors e o Golden State Warriors tinha condições de atuar.

"Ele se sente ótimo. Mas ele se sente ótimo por causa do que estamos fazendo, você sabe. Nós apenas vamos continuar fazendo isso. Não há preocupação aqui. Mas queremos ter certeza. Acho que Kawhi fez uma declaração de que nunca se sentiu melhor. É nosso trabalho garantir que ele continue assim. Isso é importante."

Estadão
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