Lisa Leslie se prepara para vida pós-basquete
Quando Lisa Leslie era adolescente, no subúrbio de Compton, Los Angeles, ela imaginava que estava destinada a se tornar especial. Desde os sete anos de idade, treinava seu autógrafo, em papeis que deixava espalhados por todo canto da casa.
"Minha mãe costumava me perguntar por que eu vivia assinando o meu nome", conta Leslie, que já tinha chegado ao 1,83 metro quando estava na sexta série. "E eu respondia que era porque planejava dar muitos autógrafos. Eu sempre dizia a ela que seria famosa".
Lisa chegou à altura de 1,96 metro e parou de crescer, mas seu talento continuou a se estender. E ela de fato se tornou famosa.
No final de sua 12ª e última temporada como pivô do Los Angeles Sparks, Leslie, uma das jogadoras selecionadas para a formação da WNBA, em 1997, planeja se aposentar aos 37 anos de idade, como uma das cestinhas e líderes em rebote da liga. Ela terá a satisfação de saber que seu talento em quadra, estilo e popularidade contribuíram fortemente para o desenvolvimento de uma liga profissional de basquete feminino na qual as jovens com sonhos ambiciosos no esporte podem encontrar espaço para jogar.
"Não acredito que exista uma atleta em quadra hoje, nesta ou em qualquer outra liga, em todo o país, que não tenha uma dívida de gratidão para com Lisa Leslie, ou que não a considere como uma figura lendária no basquete feminino", disse Donna Orender, presidente da WNBA, no jogo das estrelas da liga, um mês atrás. "Ela sempre foi uma das atletas mais competitivas, ferozmente competitiva".
Sue Bird, armadora do Seattle Storm e convocada para o jogo das estrelas, considera que Leslie é a atleta-símbolo de seu esporte.
"Quando você caminha pelo aeroporto em companhia dela, é impossível", diz Bord. "As pessoas olham para ela e veem o basquete feminino personificado. Veem a NBA".
Mas o mundo de Leslie se expandiu bem além dos limites da quadra. Ela se casou com Michael Lockwood e, em junho de 2007, teve sua primeira filha, Lauren. Por isso, ela ficou de fora da temporada daquele ano. Leslie também se vê como mãe das duas filhas adolescentes de um casamento anterior de Lockwood. Ela decidiu parar de jogar no final dessa temporada porque considera difícil equilibrar as responsabilidades de atleta, esposa e mãe.
Ao falar da vida em companhia de sua filha de dois anos, a voz de Leslie se enche de alegria.
"Adoro ser mãe", diz Leslie, cuja mãe, Christine, trabalhou como motorista de caminhão para sustentar a família, que além de Lisa incluía duas outras irmãs. "Creio que a melhor parte disso surja a cada manhã, quando entro em seu quarto, a vejo sorrir, sorrio para ela e ela diz que está feliz. Ela é tão espera. Adoro ensinar coisas a ela. Ela já sabe o abecedário, e contar até 50".
"E, no que tange ao esporte, nossa, quando ela apanha uma bola não quer largar ¿pode ser de basquete, futebol ou especialmente tênis", diz.
Depois de marcar 101 pontos no primeiro tempo de uma partida disputada quando ainda estava na última série do segundo grau, em 1990, e depois se tornar a estrela da equipe de basquete da Universidade do Sul da Califórnia, Leslie jogou por uma temporada na Itália e em seguida ajudou os Estados Unidos a garantir o ouro na Olimpíada de Atlanta, em 1996.
"Eu imaginava que aquela tivesse sido minha despedida do basquete", conta Leslie. Em agosto daquele ano, ela se mudou para Nova York, onde sua beleza exótica lhe havia valido um contrato com a agência de modelos Wilhelmina. Ela começou a trabalhar em desfiles e a posar para anúncios de revista.
Mas o basquete voltou a bater em sua porta quando a WNBA, criada como afiliada da NBA, deu início aos seus torneios, com oito equipes, na temporada 1997. Leslie diz que a qualidade da operação a convenceu a voltar às quadras.