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Concordar com a exigência da vacina 'não foi tão difícil' para árbitros de basquete nos EUA

Decisão surgiu após uma tumultuada temporada, quando eles perderam jogos porque estiveram em contato com alguém que havia testado positivo

16 set 2021 - 20h11
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No final do mês passado, a NBA enviou um pequeno comunicado à imprensa anunciando um acordo com o sindicato que representa a liga dos árbitros para ordenar que tomassem as vacinas contra a covid-19. O acordo estipulou que todos os árbitros devem estar completamente vacinados para trabalharem nos jogos, incluindo "as doses recomendadas de reforço."

Caso contrário, dizia o comunicado, os árbitros não poderiam trabalhar. O anúncio surgiu após uma tumultuada temporada da NBA na qual diversos árbitros perderam jogos porque estiveram em contato com alguém que havia testado positivo, algumas vezes obrigando a liga a chamar funcionários da G-League para substituí-los.

O acordo foi notável em uma época na qual os sindicatos de vários setores dividiram-se sobre concordar ou não com a exigência da vacina para seus membros. Alguns sindicatos, como a American Nurses Association, apoiaram a exigência por preocupação com a saúde de seus membros, enquanto outros, majoritariamente sindicatos policiais, opuseram-se dizendo que ela infringia o direito de seus membros de tomarem decisões sobre sua própria saúde.

O tema tornou-se altamente politizado, assim como muitas restrições acerca do coronavírus. Há muito tempo, a vacinação obrigatória é comum em escolas e faculdades e rotineira para viagens entre países.

A Associação Nacional de Árbitros de Basquete representa 145 membros que trabalham nos jogos da NBA, WNBA e G-League, além de 50 aposentados. Seu acordo destaca-se no mundo dos esportes e mesmo em seu próprio esporte: Nenhuma exigência desse tipo existe para os jogadores da NBA, criando uma situação potencialmente embaraçosa na qual alguns funcionários da liga são obrigados a tomar a vacina e outros não. (A liga, contudo, orientou jogadores do Brooklyn Nets, New York Nicks e Golden State Warriors a vacinarem-se completamente para jogar em casa, já que as regras locais estipulam que apenas indivíduos vacinados podem entrar nas arenas)

Dos 73 árbitros da NBA no sindicato - cinco dos quais são mulheres - 36% têm no mínimo 45 anos de idade.

O sindicato dos jogadores da NBA não respondeu a um pedido para que comentasse sua posição sobre a exigência das vacinas. Em junho, a WNBA anunciou que 99% de seus jogadores estavam completamente vacinados. Um porta-voz da NBA disse que o número era de aproximadamente 85% para jogadores da liga.

A NFL e a MLB não possuem o mesmo acordo com seus árbitros ou jogadores, diferentemente do acordo da NBA com seus árbitros. A NHL não obriga seus jogadores ou árbitros a se vacinarem, mas um porta-voz da liga disse na segunda-feira que todos seus árbitros tinham sido vacinados para a próxima temporada. Um porta-voz da MLB disse que a liga recomenda fortemente a vacinação para todos os juízes e agora está considerando "ajustes" à luz da recente aprovação da vacina da Pfizer pela Food and Drug Administration, mas não disse se isso significaria uma exigência. Em março, o chefe do sindicato dos jogadores da MLB, Tony Clark, disse que o grupo que ele lidera era contra a exigência.

Marc Davis, presidente do sindicato dos árbitros de basquete e também árbitro por mais de duas décadas, disse em uma entrevista que o acordo nasceu de uma forte relação com a NBA e que os árbitros eram amplamente a favor da exigência.

Essa conversa foi editada e resumida por questões de extensão e clareza.

O senhor pode me dizer como surgiu a exigência de vacinação?

Quando você tem um ambiente colaborativo entre administradores e trabalhadores, acho que está constantemente tentando resolver os problemas, e há um diálogo constante nos dois sentidos. Se tivesse que dizer quem apresentou a ideia, acho que veio da própria relação e das conversas frequentes. Quero dizer, claramente isso é algo muito consistente com nossas duas missões, que são fornecer proteção e segurança aos membros e suas famílias. É comum dizer que as vacinas são provavelmente uma das três invenções mais importantes na história da humanidade. Não é tão difícil começar uma conversa e resolver um assunto quando o acesso a essa vacina inovadora nos permite continuar trabalhando, fazendo nossos negócios, e trabalhando colaborativamente.

Qual o valor da exigência para o sindicato dos árbitros se os jogadores não concordarem com ela?

Em primeiro lugar, somos um grupo independente e acho que os jogadores vão fazer algum acordo. Eles também estão discutindo seus problemas. Podem ter problemas diferentes dos nossos ou apenas um ritmo diferente. Não posso falar com eles, mas tenho certeza que vão resolver seus problemas também. A vantagem da exigência é que nossos funcionários estão voando comercialmente. Estão voltando para suas famílias. Estamos engajados nos negócios do basquete. Estamos em ambientes de intimidade com nossos jogadores. Reconhecemos a importância da vacina. Acho que isso vai funcionar em todos os níveis entre todas as ligas.

Houve alguma resistência significativa entre os membros do sindicato afetados pela medida?

De uma perspectiva numérica, eu diria que não. Mas suas vozes foram ouvidas. Consideramos suas preocupações. Lidamos com esses problemas. Uma preocupação central era a aprovação da FDA. E lidamos com isso, uma das coisas que negociamos foi que ninguém seria obrigado antes da aprovação da FDA. Então foi uma abordagem de bom senso. Você sabe, obviamente, fizemos o acordo no momento em que surgiu a aprovação da FDA.

Com o entendimento de que os jogadores são seus colegas de trabalho, houve resistência nas linhas do tipo 'Por que devemos concordar com a exigência se os jogadores não concordaram com nenhuma'?

Não, porque sabemos que quando começamos nossas conversas eles também começaram as deles. Nós apenas chegamos a um acordo antes. Fizemos no nosso ritmo. Não estávamos preocupados com a decisão de outro grupo.

Você acredita que o sindicato dos jogadores deveria concordar com uma exigência da mesma forma que vocês?

Não é minha posição como executivo de nosso sindicato ou membro de outro sindicato discutir ou mesmo articular sobre o que acho que os outros deveriam ou não fazer. Eu acho que eles vão fazer o que for do melhor interesse para eles. Sabemos o que é melhor para nós. /TRADUÇÃO DE LÍVIA BUELONI GONÇALVES

Estadão
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