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Stroll mostra desprezo à própria história da F1 ao dizer que não espera nada de Vettel

Lance Stroll e Sebastian Vettel formam uma dupla de opostos no grid da Fórmula 1. De um lado, um jovem que busca sair da cola do pai e mostrar o talento que possui. Do outro, um experiente campeão em busca do retorno às glórias. Um pode aprender com o outro, por isso respeito vai ser fundamental na Aston Martin

23 jan 2021 - 04h31
(atualizado às 07h10)
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Lance Stroll vai pilotar ao lado de Sebastian Vettel em 2021
Lance Stroll vai pilotar ao lado de Sebastian Vettel em 2021
Foto: Racing Point / Grande Prêmio

Lance Stroll e Sebastian Vettel serão companheiros de equipe nesta temporada da Fórmula 1, correndo pela Aston Martin. Os dois representam lados opostos do grid atual da categoria e vivem momentos distintos. Juventude e experiência lado a lado em um time que busca se consolidar no pelotão da frente.

Em entrevista recente à publicação francesa AutoHebdo, Lance Stroll deu uma boa alfinetada em Vettel e minimizou a chegada do ex-Ferrari. "Ele é experiente e sabe o que uma equipe precisa para ter sucesso. Pessoalmente, não espero nada especial dele", afirmou.

Mais do que experiente, Sebastian Vettel é um campeão. O alemão estreou na F1 em 2007, substituindo Robert Kubica, da BMW-Sauber, no GP dos Estados Unidos. De 2009 a 2014, Vettel correu pela Red Bull. Em uma união desacreditada, fez história ao conquistar quatro títulos consecutivos — entre 2010 e 2013 — e escrever seu nome entre os maiores da história da Fórmula 1. Mais do que isso, evoluiu dentro das pistas até tornar-se um competidor letal para os rivais.

Sebastian Vettel passou seis temporadas na Ferrari antes de seguir para a Aston Martin (Foto: Ferrari Media)

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Temido e respeitado, foi para a Ferrari em 2015, venceu 14 GPs corridas (o terceiro maior vencedor da história da Scuderia), mas errou muito e se viu no meio de uma bagunça institucionalizada. Não é possível culpar apenas Vettel pela ausência de títulos na Ferrari. Em 2017 e 2018, Seb teve boas chances, mas sucumbiu diante de erros individuais e de um irreparável Lewis Hamilton e de uma Mercedes à beira da perfeição.

A temporada 2020 foi a última e a mais melancólica do alemão na escuderia italiana, com apenas 33 pontos, um único pódio e a 13ª colocação na tabela final com um SF1000 que pouco correspondia. No fim, o fiasco de Vettel foi causado pela Ferrari no último ano, apesar do esforço para ter melhores resultados.

Stroll, por outro lado, é jovem. Com 22 anos, encaminha-se para a quinta temporada na F1. Depois de penar dois anos na Williams, foi para a Racing Point, onde se consolidou como piloto do pelotão intermediário. Em 2020, com o melhor carro criado pelo time, subiu ao pódio em Monza e Sakhir, além da histórica pole no GP da Turquia. Mesmo assim, foi apenas o 11º colocado no campeonato, com 75 pontos, bem distante de Sergio Pérez, que foi o quarto, com 125.

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Mesmo com desempenho inferior, o canadense manteve a vaga para 2021. O piloto é herdeiro de Lawrence Stroll, co-proprietário da Racing Point e acionista da Aston Martin. O empresário costurou a volta da clássica marca britânica para o grid da Fórmula 1 após seis décadas e ainda assegurou o posto do filho por mais algum tempo no grid. Por isso, Lance corre contra a fama de ser piloto pagante e sofre a cada erro por conta desse detalhe.

Mas ao bradar que não espera "nada especial" de Vettel, Stroll vai além de uma declaração que visa não dar maior peso ao seu companheiro de equipe e cruza a linha para o desrespeito.

Desmerecer um tetracampeão mundial, por mais que viva fase ruim, é criar uma revisionismo histórico para diminuir aqueles que já alcançaram o topo uma ou mais vezes. Vale ressaltar que antes de bater, o canadense tentou acariciar o novo companheiro, dizendo que "é experiente e sabe o que uma equipe precisa para ter sucesso". Mesmo assim, a declaração que mais chamou a atenção foi também a que mais pegou mal.

No grid atual da Fórmula 1 — recheado de bons talentos, vale dizer — poucos podem apontar o dedo para Vettel e minimizar o trabalho do alemão. E, quem pode, geralmente respeita e evita o ato. Para falar em grandeza, Lewis sempre reconhecei o tamanho que o alemão representa para o esporte.

Quando ficou sem vaga na Ferrari, Sebastian teve seu nome ligado a praticamente todas as equipes do grid e, por mais que muitos boatos tenham sido criados, não é possível descartar que quase toda a Fórmula 1 olhou atentamente para o tetracampeão desempregado em busca de mais um ano na categoria.

Vettel, mesmo longe das vitória e da boa fase, segue respeitado na F1 (Foto: Ferrari)

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Porque os grandes, mesmo nos momentos mais difíceis, continuam sendo talentosos e respeitados. Ainda há uma certa aura sobre eles que emana e os destaca. É só lembrar de Alain Prost, por exemplo. Após um ano ruim na Ferrari em 1991, saiu pela porta dos fundos da escuderia, ficou um ano parado e voltou em 1993 para conquistar o quarto título mundial na poderosa Williams. Michael Schumacher não brilhou na Mercedes entre 2010 e 2012, é verdade, mas ninguém dispensaria os serviços do heptacampeão se fossem oferecidos.

Stroll tem muito a aprender com Vettel durante o tempo que vai ter ao seu lado na Aston Martin. O alemão tem a chance de se reencontrar na carreira, em uma equipe emergente que busca tornar-se elite. O jovem canadense precisa provar que é um piloto merecedor de estar no grid da F1, não apenas pelo dinheiro do chefe e pai Lawrence. Mas a primeira lição de Sebastian talvez seja humildade e respeito, uma coisa que pode mudar a carreira de ambos na temporada que se aproxima.

Afinal, é sempre bom lembrar que estamos falando de um tetracampeão mundial, com 258 GPs, 53 vitória e 57 poles de um lado, e um jovem com uma pole position e três pódios na carreira. Há uma diferença gigantesca de conquistas e de currículo para que um possa diminuir os feitos do outro. Vettel chega à Aston Martin com o desejo de reparar os anos ruins na Ferrari e ser especial para uma equipe em busca de glórias. É a hora de observar, Lance.

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