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'Caso Pérez' é fruto de frouxidão da FIA e da falta de preocupação dos pilotos

Um caso positivo de coronavírus entre os pilotos era questão de tempo. Com uma FIA sem pulso firme e os envolvidos sem se importar, a temporada inteira foi colocada em risco por conta de Sergio Pérez

31 jul 2020 - 04h01
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Sergio Pérez está fora do GP da Inglaterra
Sergio Pérez está fora do GP da Inglaterra
Foto: Racing Point / Grande Prêmio

Prestes a realizar a quarta corrida do Mundial de 2020, a Fórmula 1 se deparou com a inédita situação de um caso positivo de piloto para Covid-19. Sergio Pérez, da Racing Point, vai ficar de fora do GP da Inglaterra, que acontece neste fim de semana, e corre grande risco de perder o GP do Aniversário de 70 anos, que ocorre na mesma praça, na semana que vem.

Apesar de desenhar os famosos protocolos de segurança e promover os constantes testes, a F1 flertou em diversos momentos com o perigo. Valtteri Bottas e Charles Leclerc, por exemplo, não permaneceram na Áustria após a prova de abertura da temporada, arriscaram-se e retornaram para suas respectivas residências em Mônaco. A atitude da FIA, que prometeu rigor, foi uma advertência aos pilotos e às equipes que representam.

As punições brandas mostram que a entidade não mostrou pulso firme em relação ao quão sério são estes protocolos e do perigo que ambos os pilotos mostraram ao furar a proposta de bolha da Fórmula 1. Se fossem suspensos de corridas, entenderiam a gravidade. A FIA passaria uma mensagem clara.

A falta da conscientização, atrelada à sensação de que fazer testes antes das corridas garantiriam imunidade, resultou no primeiro caso positivo de um piloto. Depois do GP da Estíria, o paradeiro de Pérez foi exposto nas redes sociais pela mulher, Carola Martinez.

Pérez posa ao lado da esposa na Itália. Publicação foi deletada
Pérez posa ao lado da esposa na Itália. Publicação foi deletada
Foto: Reprodução/Instagram @carolamtz1 / Grande Prêmio
Pérez e a mulher em Guadalajara
Pérez e a mulher em Guadalajara
Foto: Reprodução/Instagram @carolamtz1 / Grande Prêmio

Pérez esteve na paradisíaca Porto Cervo, na ilha da Sardenha, no sul da Itália, e depois viajou para Guadalajara, sua cidade natal. O México é o sexto país com mais casos no mundo, ultrapassando a barreira de 45 mil mortes.

Assim que o vírus foi confirmado, Carola correu para apagar as publicações em seu Instagram para tentar eliminar as evidências.

Sabe-se que o dinheiro de premiação é um fator muito importante para o andamento das equipes. A Racing Point, que aparenta ser a segunda ou terceira força da Fórmula 1 no momento, põe em xeque a chance de conquistar até mesmo um pódio em Silverstone pelo descuido de Pérez. Apesar de o substituto ser Nico Hülkenberg, sentar no cockpit do RP20 será uma missão difícil. E desperdiçar esta oportunidade de resultados pode custar caro ao time no Mundial de Construtores.

Sergio Pérez
Sergio Pérez
Foto: Racing Point / Grande Prêmio

É claro que é impossível montar uma bolha da F1 no estilo NBA. Não dá para fazer um campeonato em uma pista só, mas isso não significa que os cuidados que se tem na preparação para um fim de semana de corrida devem ser rasgados e ignorados nos dias seguintes.

Quando os pilotos viajam desta forma e furam o isolamento, não só colocam uma temporada inteira a perder e arriscam as finanças e os empregos de muitos envolvidos, mas também põem em risco a saúde de quem está perto. E se Pérez estivesse em um avião com seus colegas de grid?

A F1 não pode suportar uma nova pausa como a de 2020. Da mesma forma, a FIA não tem de tratar o episódio de Pérez como um acidente ou um deslize; é seu trabalho, no fim das contas, que acaba contra a parede.

Dois pilotos deram uma escapada no meio de duas corridas desobedecendo o protocolo. Outro, agora, surge contaminado. Milhares de exames não serão suficientes para mascarar a ignorância de quem coloca tudo a perder por egoísmo. Quem costuma acelerar precisa de um freio.

Grande Prêmio
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