PUBLICIDADE

5 projetos fracassados de carros da F1

Resolvemos listar 5 carros que tinham uma boa ideia no papel, mas que não cumpriram o planejado nas pistas.

22 abr 2022 - 18h06
(atualizado às 18h07)
Compartilhar
Exibir comentários

Quem não teve uma ideia brilhante, que se provou ótima na teoria mas, que ao ser posta em prática, nao deu certo? Várias vezes, não é mesmo? Na F1, acontece o mesmo. Embora se use muitos cálculos e tecnologia na concepção e construção, não é uma ciencia exata. O carro que, em tese voaria nas pistas, acaba se tornando uma tartaruga...

Listamos alguns deles aqui. Claro que temos vários na história da F1. Mas resolvemos trazer alguns para matar a curiosidade dos fãs...

Mario Andretti testando o ousado Lotus 80, que não deu certo
Mario Andretti testando o ousado Lotus 80, que não deu certo
Foto: UnracedF1/Twitter

Lotus 80

A Lotus foi quem abriu o caminho para o uso do efeito solo e arrebentou com a concorrência em 1978. Mas sabia que teria que estar à frente para não ser passada para trás. Então Colin Chapman se juntou com Peter Wright e se debruçaram no túnel de vento do Imperial College.

Se o modelo 79 já gerava muito apoio aerodinâmico, Chapman e Wright bolaram um chassi estreito, mas com laterais extremamente largas, de modo a gerar o máximo de efeito solo na parte debaixo do carro. O carro gerava tanto apoio que poderia abrir mão dos aerofólios!

Na teoria, tudo certo. O apoio era tanto que o modelo 80 não tinha aerofólio dianteiro e tinha o traseiro somente para atender ao regulamento. Mas quando foi para a pista...foi acometido também pelo...porpoising! Para tentar resolver, a equipe endureceu a suspensão, mas a direção se tornava muito perigosa e o chassi não aguentava as pressões geradas.

Diante disso, o carro ficou em estudos e a Lotus começou 1980 com o modelo 79. Após uma série de modificações, o carro reapareceu no GP da Espanha (4ª da temporada) sendo conduzido somente por Mario Andretti (Reutemann se recusou a pilotá-lo). Após um animador 3º lugar, o ítalo-americano conduziu o carro em Monaco e França, abandonando as duas por problemas de suspensão. E nunca mais o carro foi usado.

Pelo menos, o projeto serviu de base para o Lotus 88 (de chassi duplo) e motivou o desenvolvimento da suspensão ativa...

Emerson Fittipaldi e o F6 na Africa do Sul. Grandes expectativas e resultados ruins
Emerson Fittipaldi e o F6 na Africa do Sul. Grandes expectativas e resultados ruins
Foto: Legendary F1/Twitter

Copersucar Fittipaldi F6

Mais um da safra de fracassos de 1979. Imagine algo hoje em dia como a Williams contratasse o número dois de Adrian Newey para desenhar seu carro (ok, isso já aconteceu, mas infelizmente os contextos eram outros). O dono da equipe chegasse e dissesse: queremos um carro igual ao da Red Bull. E ele respondesse: que tal um carro mais avançado ainda?

Foi o que aconteceu com os Fittipaldi. Em 1977, eles trouxeram Ralph Bellamy, um dos pais do modelo 78 da Lotus e o precursor do uso do efeito solo. A intenção era fazer um carro no estilo do Lotus, mas Bellamy foi ousado e propôs um passo à frente. Então, a equipe resolveu aproveitar o F5 daquele ano e o modificou, gerando o F5A. O carro seguinte seria o de Bellamy.

O projetista veio para o Brasil e trabalhou o ano de 1978 no túnel de vento do CTA e com o apoio da EMBRAER. Em janeiro de 1979, o carro foi apresentado em Interlagos e chamou a atenção pelas linhas retas, o bico fino e as laterais curtas. Sem modéstia, Bellamy declarou: “fiz um carro para o Emerson ser campeão”.

Logo no primeiro teste, a desilusão: Emerson deu poucas voltas e não se sentiu confortável. Bellamy foi confrontado e disse que o brasileiro não estava acostumado com os carros com efeito solo. Levaram o carro para testes na fábrica e descobriram que o chassi tinha pouca rigidez torcional.

Um impasse se fez e a equipe resolveu usar o F5A até acertar o F6. Na estreia na África do Sul, Emerson teve todo o tipo de problemas e chegou em 13º, 4 voltas atrás do vencedor. Ficou claro que não daria para usar aquele carro. Bellamy foi demitido e o Studio Fly, que havia alterado o F5, foi chamado.

Resultado: a Fittipaldi se arrastou com o F5A sem desenvolvimento e o F6 reapareceu na Alemanha, com o nome de F6A e 45kg mais de peso graças aos reforços feitos no chassi. Mas não adiantou. Muitos dizem que este foi o grande pecado dos irmãos Fittipaldi e que significou o início da derrocada do projeto do F1 brasileiro.

Derek Brabham e o Brabham BT55
Derek Brabham e o Brabham BT55
Foto: Legendary F1 / Twitter

Brabham BT55

Gordon Murray tinha uma série de invenções na Brabham. A maioria deu certo. Para 1986, o sul-africano resolveu fazer uma abordagem bem diferente no projeto da equipe.

Aproveitando a mudança da posição do piloto, que deveria ficar com os pés na altura do eixo dianteiro, Murray resolveu abaixar o carro, inclinando mais ainda a posição do piloto, que foi apelidada jocosamente de “cadeira ginecológica” e virou referência até hoje. A intenção era reduzir ao máximo o arrasto e ganhar velocidade. Nascia aí o Brabham “Skate”.

Medindo apenas 82 cm do Santo Antônio até o chão, o carro teve uma série de soluções técnicas diferentes, como inclinar o motor para poder usar o conceito. Só que ideia é uma coisa, efetivo é outra...

Desde o início, o BT55 não cumpriu o que prometia: o carro era lento e difícil de acertar. Elio de Angelis e Riccardo Patrese tiveram muitos problemas e foi em um teste para tentar melhorar o carro em que De Angelis morreu.

O acidente talvez tenha selado o destino da Brabham. Alguns meses depois, Murray se mudava para a McLaren e Bernie Ecclestone não alinhava a equipe para temporada de 88, a vendendo posteriormente para um grupo suíço.

Ferrari F92A: a ousadia não deu frutos...
Ferrari F92A: a ousadia não deu frutos...
Foto: Ferrari/Divulgação

Ferrari F92A

Não poderia faltar os carros italianos aqui. Mas este aqui é um exemplo acabado de como desorganização impacta no projeto de um carro.

A concepção deste carro começa em 1991, ano em que tudo aconteceu na Ferrari: saída de chefe de equipe, demissão de campeão do mundo etc. (e bota etc. nisso). A condução começou com Steve Nichols, que tinha vindo da McLaren em meados de 1989 e havia projetado o modelo 642 daquele ano.

Só que o começo foi muito complicado e havia Jean Claude Migeot, que voltava ao time aquele ano. Aerodinamicista de mão cheia, foi um dos pais da Tyrrell 019 que deu show com Alesi em 1990. O francês também começou a trabalhar neste projeto e resolveu também adotar o bico alto, mas indo mais à frente...

Imola foi uma desgraça e uma daquelas mexidas bruscas foram feitas: Nichols foi demitido e a Migeot foi encomendada uma revisão do 642 e continuar o projeto para 1992. Nascia o 643, que estreou na França e era concebido um conceito extremamente inovador: um carro de fundo duplo.

Isso mesmo! Fundo duplo! Basicamente era uma ideia de criar um efeito solo: A parte mais baixa era plana, cumprindo a regra e havia um segundo, que seria mais curvo e geraria um senhor apoio aerodinâmico. Com isso, um novo motor vinha sendo feito com um novo cambio de 7 marchas.

Em meados de 1991, Luca de Montezemolo voltava ao comando da Ferrari e deu sua aprovação ao projeto. Após a demissão de Prost, Ivan Capelli era confirmado ao lado de Jean Alesi. O F92A foi apresentado em Fiorano em um dia muito cinzento...

Capelli foi o primeiro a pilotar o carro e achou estranho. Como ele mesmo admitiu, ele sentou no 643 e gostou do carro. Mas o F92A era difícil de guiar, o motor não respondia...E ele ficou quieto. Logo depois, Alesi pilotou o carro e disse que era o melhor que já havia guiado. Adivinhem com quem a Ferrari ficou?

Só que a pré-temporada mostrou os problemas. O carro era difícil de acertar, o conceito não funcionou e o motor ficava muito atrás dos Renault e Honda, sendo superado inclusive pelos Ford V8. Foi uma temporada para esquecer e este entrou na lista dos piores carros feitos pela equipe de Maranello.

McLaren MP4/18: talvez o grande erro de Adrian Newey
McLaren MP4/18: talvez o grande erro de Adrian Newey
Foto: unracedf1/Twitter

McLaren MP4/18

Talvez este tenha sido o grande erro de Adrian Newey. Então na McLaren, Newey havia sido a mente por trás dos campeões de 1998 e 1999. A partir de 2000, a Ferrari ganhou a liderança e a McLaren ficou para trás, sendo inclusive superada pela Williams, que contava na época com o forte apoio da BMW.

Disposto a recuperar a liderança após uma escovada acachapante da Ferrari em 2002, Newey trabalhou em um projeto extremamente avançado. O MP4/18 foi concebido para a temporada de 2003 e levou muito tempo e dinheiro da McLaren. O carro era um prior de engenharia: uma frente extremamente fina, uma traseira esguia e um perfil muito ousado. Tudo isso empurrado por um tremendo Mercedes V10

Tinha como dar errado? Sim.

O carro era rápido, mas sofria de sérios problemas de suspensão. Alexander Wurz, um dos pilotos de teste, sofreu um acidente gravíssimo em Paul Ricard. Além disso, o carro falhou duas vezes nos testes de segurança da FIA. A McLaren foi obrigada a usar uma versão revisada do MP4/17 do resto do ano e o MP 4/18 serviu de base para o MP4/19 de 2004.

Parabólica
Compartilhar
Publicidade
Publicidade