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Alerta vermelho! Fórmula E precisa fazer água virar vinho com Gen3 antes que seja tarde

A primeira experiência dos Gen3, na Cidade do México, não trouxe grandes atrativos e ainda confirmou vários problemas da pré-temporada. A rota precisa ser corrigida, antes que seja tarde demais

26 jan 2023 - 05h31
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Era Gen3 estreou pela Fórmula E na Cidade do México, sem grandes destaques
Era Gen3 estreou pela Fórmula E na Cidade do México, sem grandes destaques
Foto: Fórmula E / Grande Prêmio

A Fórmula E, sem dúvida alguma, vive um momento decisivo em sua história. A Era Gen3 — que deveria marcar uma época de sucesso e avanço tecnológico na categoria — começou sob extrema pressão após o descarrilamento dos últimos anos, e a necessidade atual é de corrigir a rota e transformar a categoria novamente em um atrativo de qualidade. No entanto, o novo carro é vital nesse processo, e os primeiros sinais não são bons.

A estreia na Cidade do México passou longe de ser empolgante, isso ficou claro. A questão é que, muito além disso, o fato é que vários problemas da pré-temporada puderam ser vistos novamente no Autódromo Hermanos Rodríguez, ainda que de forma não tão óbvia.

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A lentidão dos novos carros, mesmo que ainda em seu início de desenvolvimento, chama atenção. A adição de uma única chicane na maior reta do circuito já foi suficiente para aumentar em cerca de 5s o tempo de volta em relação ao ano passado, o que chama atenção se considerarmos a grande diferença prometida de potência entre os monopostos e o poder inédito de regeneração de energia no Gen3.

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A estreia da Era Gen3 não empolgou e deixou algumas lições a serem corrigidas
A estreia da Era Gen3 não empolgou e deixou algumas lições a serem corrigidas
Foto: Fórmula E / Grande Prêmio

Os pilotos já precisaram responder sobre a velocidade do carro, claramente abaixo do prometido pela categoria, e a sensação foi de constrangimento: a relação entre a Fórmula E e suas equipes já foi melhor, principalmente depois da aprovação da regra que determina a participação de pilotos novatos em dois treinos livres, e a situação passou longe de melhorar após os primeiros acidentes.

A detecção de uma falha no sistema do novo carro — que impedia os pilotos de frearem em caso de pane — criou uma preocupação latente no grid: como acelerar o carro ao máximo, se em caso de acidente, pode ser que o piloto não consiga diminuir?

Ou seja, logo após a implementação do Gen3, foi necessário corrigir a rota mais uma vez e criar um sistema alternativo de frenagem, que será implantado justamente em Diriyah.

Como se a pilotagem não fosse prejudicada o suficiente por um sistema de frenagem falho, os novos pneus Hankook decididamente não ajudaram. A empresa foi incumbida da tarefa de criar pneus mais duros para 2023, já que a Fórmula E usa os mesmos compostos no seco e na chuva, e cumpriu sua missão com louvor.

Estreante, Hughes foi um dos poucos destaques em uma corrida monótona na Cidade do México
Estreante, Hughes foi um dos poucos destaques em uma corrida monótona na Cidade do México
Foto: Fórmula E / Grande Prêmio

Como resultado, os pneus extremamente duros já deixaram claro na Cidade do México que será impossível manter o nível de aderência em asfaltos quentes, e o eP de Diriyah oferecerá a primeira oportunidade de um teste em condições mais frias — afinal de contas, as corridas serão disputadas no período noturno.

No fim, um verdadeiro somatório de fatores é o que incomoda: um carro naturalmente mais difícil de pilotar por ser mais leve e arisco, a potencialização dessa dificuldade por um sistema que pode falhar a qualquer momento, e para completar, pneus que aumentam ainda mais o grau de periculosidade de cada movimento. Decididamente, não está fácil.

Esses são apenas alguns dos focos de insatisfação, que passam também pela péssima confiabilidade das novas baterias, as quebras na pré-temporada — que impediram algumas equipes de testarem propriamente seus carros —, a incrível dificuldade logística na entrega de novas peças, o atraso na entrega do regulamento esportivo, entre outros aspectos.

Sam Bird já sentiu na pele a falta de confiabilidade do Gen3 e abandonou após cinco voltas na Cidade do México
Sam Bird já sentiu na pele a falta de confiabilidade do Gen3 e abandonou após cinco voltas na Cidade do México
Foto: Fórmula E / Grande Prêmio

Com tudo isso somado, fica evidente: a Fórmula E não terá tempo para desenvolver o Gen3 com calma. A previsão feita por Lucas Di Grassi,de que o novo carro pode ser 5s mais rápido até 2025, não é aceitável. Anunciados com pompa, declarados como os "carros elétricos mais tecnológicos e velozes da história", os novos monopostos precisam urgentemente dizer ao que vieram — sob risco de uma vergonha histórica, comparável apenas ao episódio lamentável de Valência-2021.

A primeira corrida da temporada não foi um desastre, mas não trouxe momentos de emoção e deixou claro que algumas preocupações das equipes eram reais. Em um momento no qual é necessário juntar todas as forças possíveis para se colocar como uma categoria de referência no futuro, a Fórmula E apresentou um modelo muito aquém do prometido, deu razão às críticas e agora precisa correr atrás do prejuízo.

A questão é que, dessa vez, o prejuízo pode ser difícil de recuperar. Os dados foram lançados, o jogo já começou, e será necessário trocar os pneus com o carro em movimento para almejar o sucesso. Não será fácil, mas a Era Gen3 está apenas começando.

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