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Ambulantes vão 'sumir' dos trens do Rio durante a Olimpíada

29 jul 2016 - 10h29
(atualizado às 10h44)
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Em meio às transformações por que passa o Rio de Janeiro, por causa da Olimpíada, há também protocolos que vêm sendo cumpridos na cidade com o propósito de vender para o mundo uma imagem distorcida da realidade. Exemplo disso é o que se vê (e o que se deixará de ver) dentro dos trens. Em seus vagões, circulam diariamente uma infinidade de vendedores ambulantes não cadastrados. Durante os Jogos, eles desaparecerão.

O trem é o transporte mais apropriado para quem vai ao Engenhão e ao Complexo de Deodoro e referência para quem quiser ir ao Maracanã. Esses três pontos vão abrigar disputas de várias modalidades e devem atrair centenas de milhares de pessoas entre 5 e 22 de agosto.

Vendedores têm medo de serem identificados,  por causa de eventuais represálias
Vendedores têm medo de serem identificados, por causa de eventuais represálias
Foto: Silvio Barsetti / Especial para Terra

São muitas as famílias que dependem desse trabalho diário nos trens da SuperVia, a concessionária com direito a explorar o transporte ferroviário do Estado. A empresa orienta seus funcionários a combater o comércio clandestino. Isso tem sido mais frequente em algumas das 102 estações administradas pela Supervia. Em outras, não.

A reportagem do Terra fez seis viagens de trem nas últimas semanas, conversou com vendedores e notou que a ação dos seguranças da SuperVia tem se intensificado, mas ainda é parcial. Do grupo que oferece desde cartelas de remédio contra dor e febre até antenas para TV, lanternas, cortador de unha e chumbinho para matar rato, três deles afirmaram que no período olímpico vão ter mesmo de ficar longe das estações.

Vendedores ambulantes já foram avisados para deixar os trens no período olímpico
Vendedores ambulantes já foram avisados para deixar os trens no período olímpico
Foto: Silvio Barsetti / Especial para Terra

“Principalmente nos ramais que levam a Deodoro e passam pelo Maracanã e Engenhão. Vamos ficar sem trabalho”, lamentou J., 55 anos, que vende biscoitos e batata frita. “Já nos passaram o recado. Para não ter problema, o melhor é buscar outro local em agosto.”

Com seu isopor surrado, que ele esconde numa saco plástico, L, 44 anos, vende água e refrigerante nos trens, uma rotina de mais de 11 anos. Ele disse que já foi ‘notificado’ por seguranças “amigos” e não está disposto a correr riscos durante os Jogos. “É tudo pra mostrar um mundo ideal pra ‘gringo’ ver.”

Ambulantes vendem grande quantidade de produtos nos trens, sem autorização
Ambulantes vendem grande quantidade de produtos nos trens, sem autorização
Foto: Silvio Barsetti / Especial para Terra

O Terra entrou em contato coma SuperVia, de quem recebeu o seguinte comunicado sobre o problema.

Ciente de que o trem é um meio de transporte que permite a integração entre as pessoas, a SuperVia investe em campanhas de conscientização com o objetivo de alertar sobre a proibição do comércio ilegal de camelôs e os riscos do consumo de produtos de procedência não conhecida e, por vezes, fora do prazo de validade. De acordo com o artigo 40 do Regulamento de Transporte Ferroviário é “proibida a negociação ou comercialização de produtos e serviços no interior dos trens, nas estações e instalações, exceto aqueles devidamente autorizados pela Administração Ferroviária”.

Com o intuito de coibir a ação de vendedores não regularizados nos trens, a SuperVia realiza periodicamente, com o apoio de policiais militares do Programa Estadual de Integração da Segurança (PROEIS), operações para combate à venda clandestina, em que são cometidos crimes de sonegação fiscal e concorrência desleal, além de veicular campanhas educativas para alertar os passageiros sobre tal proibição. Desde o início do ano, mais de 18.400 ambulantes ilegais foram retirados do sistema ferroviário. Nestes casos, as mercadorias são recolhidas e entregues à Guarda Municipal ao final da operação.

Fonte: Silvio Alves Barsetti
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