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Xi Jinping defende retomada com multilateralismo

Em sua participação no Fórum Econômico Mundial, que este ano é realizado online, o presidente da China pediu a cooperação global no enfrentamento à covid-19

25 jan 2021 - 15h53
(atualizado às 16h16)
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O presidente da China, Xi Jinping, apelou a todos os governos em defesa do multilateralismo e da cooperação global para a retomada do crescimento e do enfrentamento final da covid-19. "Apesar dos trilhões de dólares aplicados em pacotes de alívio em todo o mundo, a recuperação global é frágil e as perspectivas permanecem incertas. Precisamos focar nas prioridades de hoje e combinar a resposta à covid com o desenvolvimento econômico", afirmou. A pandemia, enfatizou, está longe de ser superada. A fala desta segunda-feira, 25, no Fórum Econômico Mundial, foi uma atualização do discurso de janeiro de 2017, apresentado poucos dias antes da posse do presidente Donald Trump.

O recém-eleito presidente americano foi amplamente confrontado, naquela ocasião, por uma enfática defesa da globalização, do multilateralismo e do respeito a regras e instituições internacionais. Cada ponto valorizado naquele pronunciamento de Xi Jinping foi o oposto das políticas prometidas pelo candidato republicano, aplaudidas pelo presidente Jair Bolsonaro e por ele imitadas nos anos seguintes. Bolsonaro também seguiu a orientação de Trump votando contra interesses chineses na Organização Mundial do Comércio (OMC), acusando a China de ter produzido e espalhado o novo coronavírus e falando mal da vacina chinesa.

A continuidade entre as duas falas de Xi Jinping, apesar do intervalo de quatro anos, foi ressaltada pelo fundador e presidente do Fórum, Klaus Schwab, ao dar a palavra ao presidente chinês. "Jogo de soma zero ou do tipo 'o vencedor leva tudo' não é a filosofia do povo chinês", disse o presidente chinês. "Devemos manter-nos comprometidos com as leis e as normas internacionais, em vez de buscar cada um a própria supremacia", acrescentou.

A China, disse ele, mantém o compromisso de partilhar suas experiências com outros países, ajudar os menos preparados para responder à pandemia e trabalhar por maior acessibilidade às vacinas contra covid-1 nos países em desenvolvimento.

O presidente chinês defendeu a expansão do trabalho da Organização Mundial da Saúde (OMS), a reforma da Organização Mundia do Comércio, a solução de diferenças por meio de consultas e o cumprimento dos pactos ambientais, citando o Acordo de Paris e a Agenda 2030. É preciso, disse também, abandonar os "preconceitos ideológicos" e respeitar as diferenças entre países. "A diferença, em si, não é causa de alarme. O que faz soar o alarme é arrogância, preconceito e ódio."

O presidente chinês discursou na primeira sessão especial da reunião do Fórum, realizada neste ano por meio virtual. Devem participar figuras importantes da União Europeia, como a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, o presidente francês, Emmanuel Macron, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, dirigentes de entidades multilaterais, como o FMI, políticos, ministros, acadêmicos e empresários de dezenas de países de todos os continentes, incluídos os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e da Colômbia, Ivan Duque.

O presidente Jair Bolsonaro participou em 2019, conseguiu usar apenas dez dos 30 minutos destinados a seu discurso, foi incapaz de responder às perguntas de Klaus Schwab e deixou de comparecer a uma entrevista coletiva marcada oficialmente. Para justificar-se dessa quebra de protocolo, acusou a imprensa de agir de forma antiprofissional. Em 2020, cancelou sua participação no Fórum, alegando, entre outros motivos, problemas de segurança.

O vice-presidente Hamilton Mourão está escalado para representar o Brasil num debate sobre Amazônia e questões ambientais. John Kerry, representante do presidente Joe Biden para assuntos de preservação climática e do meio ambiente, deverá tratar do assunto em outra sessão. Kerry foi senador, candidato à Presidência e secretário de Estado do presidente Barack Obama. O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o governador de São Paulo, João Doria, também devem participar de sessões.

O tema básico do Fórum, em 2021, é como relançar a economia e reorganizar a cooperação global a partir da experiência e dos desafios da crise gerada pela pandemia. A polarização política deve ser parte desse aprendizado. "Torna-se extremamente problemático enfrentar uma cise de saúde pública quando se está no meio de uma divisão no país", disse o Dr. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional dos Estados Unidos para Alergia e Doenças Infecciosas. É difícil, afirmou Fauci, imaginar quanto se prejudica a ação sanitária quando o país se divide e quando "a saúde pública se torna um assunto politicamente carregado", isto é, "quando usar máscara se torna uma declaração política".

Estadão
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