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Weg começa a produzir baterias para veículos elétricos

Multinacional brasileira começa a fornecer 'packs' para veículos pesados; mercado de carregadores atrai mais investimentos no País, como o da startup Power2Go, focada em condomínios

21 abr 2022 - 05h08
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Disposta a ser protagonista da mobilidade elétrica no País, em especial no fornecimento de componentes e carregadores, a multinacional brasileira Weg iniciou neste ano a produção de packs de baterias.

Os primeiros veículos a receberem o equipamento são dez ônibus elétricos que vão circular pela cidade de Sorocaba (SP). O grupo fabrica também motores elétricos e carregadores.

O pack envolve vários módulos de baterias, células de íons de lítio e tubos de refrigeração, entre outros itens. A produção nacional é inédita, afirma Manfred Peter Johann, diretor superintendente da Weg Automação. Inicialmente serão apenas para caminhões, ônibus e embarcações.

Para os automóveis, a empresa pretende atender demandas quando houver produção local de veículos de passageiros. Segundo Johann, as células são importadas por não ter fabricação local, mas vários outros itens são nacionais.

A Weg já fornece o power train (trem de força formado por motor e acionamento eletrônico) para o caminhão e-Delivey da Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) e para ônibus da Marcopolo.

Também será a fornecedora desse tipo de propulsão para embarcações náuticas, em projeto em parceira com a startup Espadarte Group, especializada em tecnologias e soluções para barcos.

O primeiro barco, chamado de Hybdor, usará sistema híbrido plug-in e sua produção terá início em janeiro de 2023 na fábrica da Espadarte no Paraná.

Outra das vertentes de atuação da Weg ligadas à mobilidade elétrica é a de carregadores elétricos residenciais, semi públicos (para shoppings e estacionamentos) e públicos (rodovias e postos de combustíveis).

"Além de desenvolver as estações de recarga, criamos todo um ecossistema de software como aplicativo para usuários que mostra onde estão as estações de recarga, quais estão livres para uso e possibilidade de agendamento de recarga", informa Johaan.

Outro aplicativo é para operadores de estações de recarga que indica quais equipamentos estão sendo usados, o valor da carga e a forma de pagamento. Hoje a maioria dos postos públicos ainda não cobra pela energia.

Acordo com montadoras

A Weg tem parcerias com as montadoras Renault e Stellantis (Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën) para fornecimento de carregadores para as concessionárias dessas marcas e para clientes.

Um exemplo é o utilitário-esportivo Kwid E-Tech, apresentado pela Renault na semana passada como o elétrico mais barato do Brasil. Custa R$ 143 mil e tem autonomia de até 300 km.

A Renault informa que suas 293 revendas terão pontos de recarga. A marca também vende no País o Zoe elétrico e ainda este ano devem chegar Kangoo e Master nessa configuração. Todos são importados, mas o presidente da companhia, Ricardo Gondo, não descarta a produção local do Kwid E-Tech no futuro.

O Brasil tinha, até fevereiro (último dado disponível), 1.250 postos de recarga elétrica pública e semi pública instalados e vários Estados, e um número que vai além desse de pontos como em concessionárias de veículos.

As instalações vêm aumentando entre empresas de energia, redes de estacionamento e montadoras. Recentemente a Great Wall Motors (GWA) informou que vai criar uma rede com 100 pontos de recarga até 2023 no Estado de São Paulo, onde se concentra quase 40% da frota de cerca de 80 mil veículos elétricos que circulam pelo País.

De acordo com a empresa o abastecimento será gratuito para carros eletrificados de qualquer marca. A fabricante chinesa recém-chegada ao País já avisou que primeiro vai importar e depois produzir carros elétricos e híbridos em sua fábrica em Iracemápolis (SP), adquirida da Mercedes Benz.

A GWA pretende criar uma rede de parceiros, fornecedores e startups para ajudar a desenvolver um ecossistema de eletrificação no Brasil.

Energia solar para baterias

Outra parceria recente da Weg é com a BMW e a Energy Source no desenvolvimento de um sistema inédito para recarga rápida e veículos com energia captada por painéis solares. O excedente de geração é armazenado em baterias elétricas em segunda vida (quando deixam de ser usadas nos automóveis).

Segundo Johann, o sistema está em testes na fábrica da BMW em Araquari (SC). "Outro produto importante que desenvolvemos é o WMobi Smart, sistema de carregamento inteligente voltado principalmente a prédios mais antigos para controle automático da demanda", informa. O dispositivo libera a energia de acordo com a disponibilidade na rede para não sobrecarregar o sistema.

O executivo não revela os investimentos específicos para projetos ligados à eletrificação. Informa apenas que estão inseridos no programa geral da companhia, de 2,7% da receita operacional líquida. A projeção de investimentos neste ano é de R$ 1 bilhão.

Embora o mercado de elétrificados ainda seja pequeno no País - a frota atual é de 87 mil veículos, a maioria híbridos que não são carregados na tomada -, Johann vê os investimentos gerais em infraestrutura e o aumento de lançamentos de carros eletrificados como uma preocupação cada vez maior das empresas com a questão da sustentabilidade e da descarbonização. "O carro elétrico é uma solução excelente para a despoluição ambiental."

Há duas semanas o Congresso Nacional criou uma frente parlamentar para discutir uma legislação sobre o tema e orientar a população sobre a transição energética. O objetivo é promover a criação de uma indústria de carros elétricos no Brasil. A frente é composta por 190 deputados e 10 senadores, e coordenada pelo deputado Marcelo Matos (PSD-RJ).

Power2Go tem solução completa para recarga em condomínios

Criada para atuar exclusivamente no nicho de condomínios e locadoras, a Power2Go é uma das poucas - se não a única - no País a oferecer uma solução completa para recarga de veículos elétricos, do carregador (de desenvolvimento e produção próprias) à instalação, medição de energia, otimização de carga e manutenção.

Criada por seis engenheiros há 2,5 anos, a startup instalou até agora mais de 250 carregadores em nove Estados e no Distrito Federal, e prevê chegar a mil até o fim do ano. Outro diferencial é que a empresa só opera com assinaturas, modalidade similar ao da TV a cabo.

"Para que pagar de R$ 15 mil a R$ 20 mil para ter um carregador sem nenhum serviço associado e ter um risco de colapso da instalação elétrica do prédio?", questiona Carlos Olimpio Freitas, diretor comercial da Power2Go.

Na assinatura, diz ele, o cliente paga um aluguel fixo mensal a partir de R$ 300 por ponto de recarga, valor que inclui o carregador, instalação, medição de energia, otimização de carga e manutenção.

A startup 100% brasileira recebeu aporte inicial dos sócios e já fez duas rodadas de captação de investimento, "ambas com sucesso", afirma Freitas, sem revelar valores.

Freitas lembra que a Anfavea (associação das montadoras) prevê 2,3 milhões de carros elétricos para o Brasil em 2030, mercado que vai exigir ampla estrutura de carregamento. Ele acredita que o mercado pode atingir esse patamar antes da data prevista.

Estadão
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