Tigre passa a usar energia eólica em acordo de R$ 300 milhões com a Statkraft
A empresa inicia nesta segunda-feira, 14, parceria com companhia especializada em geração e comercialização de energia elétrica que abrangerá 70% das suas operações no País
RIO - Após 83 anos de sua fundação no Brasil, a Tigre, multinacional referência no mercado de tubos e conexões, começará a abastecer suas operações com energia eólica gerada na Bahia. A empresa inicia nesta segunda-feira, 14, parceria com a Statkraft, companhia especializada em geração e comercialização de energia elétrica, que abrangerá 70% das operações da Tigre no País.
O contrato, com vigência de 15 anos e meio, ultrapassa R$ 300 milhões e prevê a entrega anual de mais de 11,5 megawatts (MW) médios, destinados às operações fabris da Tigre na modalidade de autoprodução por equiparação.
A autoprodução por equiparação é uma modalidade de geração de energia na qual o consumidor, em vez de construir sua própria usina, adquire participação em uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) que já possui uma usina geradora, beneficiando-se da energia sem precisar construir e operar sua própria unidade.
Localizado em Uibaí, na Bahia, o Parque Eólico Serra da Mangabeira será responsável pelo fornecimento. O parque - um dos que compõem o Complexo Eólico Ventos de Santa Eugênia, da Statkraft, com capacidade instalada de 519 MW - possui capacidade instalada de 79,8 MW e garantia física de 34,3 MW médios.
De acordo com a vice-presidente Comercial da Statkraft Brasil, Natasha Gaertner, o Brasil é o segundo país em capacidade instalada da empresa no mundo, atrás apenas da Noruega.
"A gente vem investindo de forma relevante no Brasil. A Statkraft é a maior geradora hidráulica da Europa, uma empresa que está muito forte em diversos países e fez um movimento de aumentar o seu foco no Brasil", disse ao Estadão/Broadcast, informando que nos últimos três anos a companhia aumentou em cinco vezes a capacidade instalada no País, atingindo 2.3 gigawatts (GW). "O maior parque que temos construído pela Statkraft fora da Europa é na Bahia. E é esse parque em que a gente irá prover energia para esse nosso novo parceiro Tigre nos próximos 15 anos e meio."
Por que a empresa muda a fonte de energia
Para o diretor executivo de Negócios Latam e Operações Integradas da Tigre, Carlos Teruel, dois fatores levaram a empresa a olhar para essa oportunidade. "Um primeiro fator, sem dúvida nenhuma, foi a parte de sustentabilidade, com baixos ou quase nenhum impacto ambiental", disse. "A outra parte foi econômica, que também nos ajuda bastante em termos de custos, em termos dos nossos produtos e na transformação dos nossos produtos."
Com a mudança de fonte de energia, Teruel prevê economia entre R$ 4 milhões e R$ 6 milhões por ano. A pretensão da companhia é chegar a 100% de energia limpa nos próximos anos.
"Temos uma visão de desenvolvimento de produtos sustentáveis. Então, na parte estratégica era bastante importante esse caminho, e casou com a visão econômica", informou. "Agora teremos uma análise para os próximos 30%, uma análise mais detalhada, até para que a gente possa ter a visão total disso, não só econômica, mas principalmente sustentável do negócio", explicou.
Segundo ele, a decisão pela energia eólica levou em conta a competitividade dessa matriz, que apresenta custo mais atrativo e maior previsibilidade.
Além de gerar benefícios operacionais e econômicos, a iniciativa está alinhada aos compromissos das empresas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), dos quais são signatárias.
Com o acordo, a Tigre espera reduzir em 70% a emissão de gases de efeito estufa relacionados à energia elétrica, reforçando seu papel na agenda climática.