Temporada de balanços: como avaliar resultados para investir
Especialista explica os indicadores fundamentalistas para o investidor que quer avaliar os resultados das empresas para investir
Iniciada em 26 de janeiro, vai até o final deste mês a temporada de balanços referente ao último trimestre de 2022 ― quando as empresas de capital aberto divulgam seus resultados financeiros do período. Essa época movimenta o mercado, pois é quando os investidores podem fazer avaliações que vão impactar suas decisões de investimento, utilizando a análise fundamentalista.
“Quando estou falando de ações, de indicadores fundamentalistas, eu preciso destacar 4 fatores que são imprescindíveis na curadoria da entrada dos papéis”, explica o educador financeiro Ricardo Aragon, sócio-fundador e diretor de produtos e estratégia da Matriz Capital.
Entenda abaixo quais são esses fatores, de acordo com o especialista:
Eficiência
O primeiro ponto a se avaliar é se a empresa é eficiente naquilo que ela se propõe a fazer. O que é uma empresa eficiente? Em primeiro lugar, o grande objetivo das empresas, geração de lucro líquido.
Ainda sobre o lucro líquido, Aragon explica que não são todos os setores ou todas as empresas que alcançam esse indicador - o cenário macro atual é desafiador e adverso para muitos setores, principalmente os mais sensíveis como varejo e construção civil.
Além disso, não basta que o lucro líquido seja positivo, é preciso avaliar se o lucro líquido está alinhado com as expectativas de mercado: “Por exemplo, se a empresa tem lucro de 50, mas a expectativa de mercado era de um lucro de 60, no dia seguinte as ações podem amanhecer caindo”, exemplificou.
E por fim, é interessante avaliar se o lucro está em linha com o de outras empresas do mesmo setor.
Já a margem líquida é outro fator importante no quesito eficiência, pois representa a capacidade da empresa de transformar a receita líquida em lucro líquido.
“A margem líquida é relativa, ela muda de setor para setor. Por exemplo, no setor de transmissão de energia a margem líquida reportada costuma ser extremamente significativa quando comparada, por exemplo, ao setor de varejo, principalmente em linha branca - as margens são bem menores. Então a diferença é discrepante e eu preciso avaliar conhecendo a realidade dos segmentos nos quais elas estão contidas”, disse Aragon.
Crescimento
Uma forma de medir o crescimento é o Crescimento Composto Anual, ou no inglês chamado CAGR - Compound Annual Growth Rate. A taxa percentual se refere à razão entre o saldo final e o saldo inicial considerando o fator tempo.
O investidor não precisa saber fazer esse cálculo, há sites que já apresentam esses valores já calculados, então o mais importante é que o investidor interessado em fazer sua própria análise consiga entender o significado desses valores.
Valuation
“Ao contrário do que muitos investidores pensam, às vezes uma ação que vale R$3 ou R$2 na bolsa, não está barata, mas está cara”, comentou Ricardo Aragon.
Uma das formas de medir o valuation ― valor de uma empresa ― é por meio da fórmula chamada PL, preço sobre o lucro. O especialista recomenda um PL de até 5 como ideal. Um outro indicador é o PVP, Preço sobre Valor Patrimonial da Ação - já para esse indicador o resultado ideal é até 3.
Além do valuation, o investidor pode considerar também o pagamento de dividendos de uma empresa, mas esse fator não deve ser avaliado sozinho.
Saúde financeira
Aqui o investidor vai avaliar como está o caixa da empresa. “A gente gosta de trabalhar com o endividamento no máximo na casa do 1, que é o endividamento no máximo 100% do patrimônio líquido”, disse Aragon.
Esse é um parâmetro geral, mas alguns setores requerem um endividamento maior, como o setor de energia: “Então é preciso analisar empresa por empresa nesse sentido”, concluiu o especialista.
