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Tarifas de Trump podem gerar impacto negativo de US$ 2,7 bi sobre o agro em 2026, estima CNA

Segundo entidade, 45% da pauta agropecuária do Brasil segue com tarifa de 50% dos EUA; pescados, sebo bovino, mel, uvas e etanol são afetados

9 dez 2025 - 15h21
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BRASÍLIA - A manutenção do tarifaço de 50% dos Estados Unidos sobre produtos agropecuários brasileiros pode gerar impacto negativo de US$ 2,7 bilhões na balança comercial em 2026, estima a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O valor é equivalente a 22% das exportações agropecuárias brasileiras aos Estados Unidos, tendo como base o total exportado no ano passado, anteriormente ao tarifaço.

"45% da pauta agropecuária ainda segue com tarifa adicional. Os principais produtos que estão fora da exceção são pescados, sebo bovino, mel, uvas e etanol, os quais permanecem com 50% de tarifa", disse a diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori, em entrevista à imprensa nesta terça-feira, 9, em referência à retirada do tarifaço sobre uma série de produtos brasileiros, anunciada em 20 de novembro pela Casa Branca.

Mori citou a tilápia, que tem 97% das exportações o mercado americano como destino, o que gera um grande impacto para a cadeia. "Em 2024, exportamos para os Estados Unidos US$ 52 milhões, e para o resto do mundo US$ 1,4 milhão em pescados. Isso significa que mais de 97% das exportações de tilápia do Brasil tem o mercado americano como principal destino. Há cooperativas que exportam exclusivamente para os Estados Unidos e que agora estão muito prejudicadas", pontuou.

CNA vê os Estados Unidos mantendo uma política comercial agressiva em 2026
CNA vê os Estados Unidos mantendo uma política comercial agressiva em 2026
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

"Os maiores impactos são para as cadeias que têm uma dependência muito grande do mercado americano e de produtores ou cooperativas que vendem exclusivamente para os Estados Unidos e não são internacionalizadas, porque não conseguem remanejar para outros mercados, caso do mel e dos pescados", acrescentou. Ela lembrou ainda que a investigação dos EUA sobre eventuais práticas desleais cometidas pelo Brasil no âmbito da seção 301 ainda não foi concluída, podendo gerar novas sanções sobre o Brasil.

No acumulado do ano, em virtude do tarifaço, as exportações do agronegócio brasileiro para os Estados Unidos recuaram 4% até novembro. "De janeiro a julho, houve uma alta de 20% em valor exportado para os EUA e depois de agosto a novembro uma redução de 38%. Houve uma antecipação muito grande dos embarques até agosto e isso acabou compensando a redução de exportações para o mercado americano, de agosto até novembro", apontou Mori.

A diretora destacou ainda que houve redirecionamento das exportações do agronegócio para outros países, que ajudaram a minimizar os impactos negativos da redução dos embarques aos Estados Unidos. "A China comprou US$ 148 milhões mais de café verde. A União Europeia também comprou mais café. China e México cresceram na compra de carne bovina. Esse movimento acabou compensando as perdas do setor", observou.

Para 2026, segundo a diretora, o principal movimento a ser acompanhado é o impacto dos acordos negociados pelos Estados Unidos com outros países fornecedores de produtos agropecuários sobre a pauta exportadora brasileira.

A CNA vê os Estados Unidos mantendo uma política comercial agressiva, alinhada à estratégia de estímulo à industrialização e atração de investimentos estrangeiros. Mori afirmou que esses acordos comerciais podem reconfigurar o fluxo global de produtos agropecuários. Esses rearranjos geopolíticos e tarifários devem comprometer as exportações brasileiras e a competitividade do País nos principais destinos compradores.

Mori lembrou que as reduções de tarifas negociadas pelos Estados Unidos estão atreladas a concessões comerciais dos parceiros, com acordos focados em acesso ao mercado, compromisso de investimentos no mercado americano e compromisso de compras de produtos, na sua maioria produtos agropecuários americanos.

"Isso tem muita relevância para nós. Por exemplo, no caso do Japão, ele se comprometeu a ampliar em 75% as compras de arroz dos Estados Unidos. O Reino Unido se comprometeu a comprar US$ 700 milhões de etanol e criou uma cota específica para a carne de bovina americana. A Indonésia, além de eliminar praticamente tarifas de 99% dos produtos americanos que entram no mercado, também fez um compromisso de comprar US$ 4,5 bilhões em produtos americanos, e o Vietnã também fez um compromisso de compra de US$ 2,9 bilhões em produtos agrícolas americanos", exemplificou Mori.

Segundo a diretora, esse movimento afeta o comércio agrícola coo um todo, sendo que o Brasil exporta produtos agropecuários para estes países que firmaram acordo com os EUA.

Estadão
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