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Sem chuva no campo: 'Estou meio arisco para esta safra', diz agricultor do Paraná

Plano de Marco Bruschi Neto é de começar o plantio da soja até o dia 30, mas não há previsão de precipitações na região

27 set 2021 - 23h45
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SÃO PAULO - O produtor Marco Bruschi Neto, de 77 anos, está assustado com o clima. Ele está pronto para plantar 350 hectares de soja nos municípios de Maringá, Floresta e Ângulo, no norte do Paraná, mas falta chover. O seu plano era começar a plantar antes do final deste mês, mas até o dia 30 não há previsão de chuva para a sua região.

Na semana passada, o calor foi intenso na região. Chegou a 40 graus num dia e, no dia seguinte, as temperaturas caíram. "A soja não suporta essa variação de temperatura", diz. Resultado: seus vizinhos de Floresta que haviam começado a plantar tiveram de parar para evitar perdas.

"Estou meio arisco para esta safra", resume Bruschi Neto. Pela primeira vez neste ano, o produtor fez seguro rural para os 350 hectares de soja por causa do risco climático. Normalmente, ele optava pelo seguro só para o milho safrinha. E foi exatamente o seguro que o salvou este ano, isto é, cobriu o prejuízo provocado pela estiagem. Ele perdeu 23 mil sacos de milho por causa da seca e da geada. "Não ganhei dinheiro, mas também não tirei do bolso."

Seguro entra no cálculo dos custos

Fazer seguro para soja é mais um item que ele acrescentou aos custos que estão pressionados para a próxima safra. Pelo seguro da soja, desembolsa, em média, R$ 300 por hectare. A esses custo extra somam-se outros: pelo fertilizante, por exemplo, pagou, em média, 40% a mais do que na safra passada E, no caso de formulações específicas, como o cloreto de potássio, o preço dobrou, e não há produto no mercado, reclama.

Bruschi Neto diz que a sua sorte foi ter feito as compras de insumos antecipadamente. Mesmo assim, vai ter um aumento de custos, em média de 30%. "Se fosse comprar agora, estava morto." O preço do glifosato, um herbicida muito usado nas lavouras, cujos ingredientes são importados e sofrem a influência do câmbio, aumentou 100% em relação ao ano passado. Bruschi pagou R$ 29 o litro no primeiro semestre e hoje o produto custa R$ 42, diz. No ano passado, o litro saía por cerca de R$ 20.

O preço do óleo diesel é outro fator que está onerando os custos. "O diesel nunca pesou tanto como agora", afirma o produtor. No seu caso, ele diz que consegue economizar porque optou pelo plantio direto, que usa menos máquinas para cultivar a terra. No entanto, tem de gastar mais com produtos químicos que também estão em alta.

Apesar do risco climático e do custo de produção mais elevado, Bruschi Neto está animado com a próxima safra. Ele acredita que os preços da soja vão se manter em níveis elevados e vai dar para ganhar dinheiro, mesmo com um custo maior. Mas, se os custos continuarem subindo, a situação vai se complicar. "Mas essa preocupação é mais para safra 22/23."

Estadão
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