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Pressionado, Bolsonaro defende reforma da Previdência

Presidente usa as redes sociais para dizer que reforma vai combater os privilégios

7 mar 2019 - 17h56
(atualizado às 22h47)
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BRASÍLIA - Pressionado a ter um posicionamento mais firme em relação à reforma da Previdência, o presidente Jair Bolsonaro saiu nesta quinta-feira, 7, a campo em defesa da proposta e da inclusão dos militares nas mudanças nas regras de aposentadoria.

A cobrança para que Bolsonaro assuma o papel de protagonista da reforma aumentou depois que ele publicou na sua conta do Twitter um vídeo com imagens pornográficas gravadas durante o carnaval. A publicação do vídeo, que gerou críticas até mesmo entre aliados, foi logo interpretada como um desvio de foco grave do presidente na defesa do reforma, considerada a principal proposta do seu governo e fundamental para deslanchar a economia que marcha ainda de forma lenta.

A resposta de Bolsonaro veio também pelas redes sociais. No final do dia, ele fez uma live (transmissão de vídeo no Facebook), ao lado do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e do porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, para mostrar que a reforma desenhada por sua equipe combate a privilégios e é necessária. Ele foi aconselhado por auxiliares próximos a voltar suas baterias para agenda econômica.

"Sabemos que ela desagrada a algumas pessoas, sim, mas vamos combater os privilégios e vamos colocar o Brasil no rumo do crescimento", afirmou. O presidente disse esperar que o texto não seja muito desidratado para que atinja o seu objetivo e "sobrem recursos para nós investirmos em emprego, segurança, saúde, educação".

Desde que a proposta foi enviada ao Congresso, Bolsonaro pouco tinha feito mensagens de apoio à proposta. Os deputados defensores mais aguerridos da reforma chegaram a reclamar com ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, da pouca dedicação do presidente nas redes, quando se esperara que ele seria o "garoto propaganda" da reforma. O ruído em torno do vídeo no carnaval só aumentou o descontentamento da base.

Pouco antes da live, o presidente já havia se manifestado em seu perfil no Twitter sobre a aprovação da reforma da Previdência, dizendo que ela segue os padrões mundiais e combaterá os privilégios. "Foi pensando na importância disso que nosso time econômico elaborou um modelo de previdência que segue os padrões mundiais, que combate privilégios como aposentadoria especial para políticos, que cobra menos dos mais pobres, e que incluirá todos, inclusive militares. Seguimos!" Depois dos tuítes, a Bolsa voltou a oscilar em terreno positivo e fechou em alta de 0,13%.

Os tuítes foram seguidos de um trecho do pronunciamento feito no último dia 20, quando o presidente entregou ao Congresso o projeto. Como mostrou o Estado, das 515 mensagens publicadas pelo presidente desde 1º de janeiro até terça-feira passada, apenas em cinco deles, a reforma da Previdência foi assunto, o equivalente a menos de 1% das postagens.

Militares

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o desconforto do presidente em relação à reforma continua relacionado aos militares. Ele busca costurar uma saída para incluir no projeto de lei regras para aumentar a remuneração dos militares. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e integrantes da área econômica avaliam que não é uma boa estratégia enviar o PL junto com o aumento salarial. O presidente quer esperar até o dia 20 de março para enviar o projeto e ter mais tempo até lá para negociar uma saída para o impasse.

No Rio, o presidente, durante cerimônia dos 211 anos do Corpo de Fuzileiros Navais, disse que os militares serão incluídos, mas não deu detalhes. Ele tem conversado sobre o tema com deputados para medir a temperatura do Congresso.

"O PL dos militares precisa chegar ao Congresso. Só isso", disse o deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE), que descartou impacto do ruído dos vídeo na reforma. Outro ponto de desgaste tem sido a escolha do relatoria, disputada pelos aliados.

Para o deputado Paulo Ganime (Novo-RJ), que vai cuidar da reforma no partido, o presidente precisa se engajar mais na reforma, não bastando apenas um dia de manifestação nas redes sociais. "Ele tem que fazer lives todos os dias para explicar a proposta", disse Ganime.

O cientista político Murillo Aragão, da Arko Advice, avaliou que as negociações vão começar mesmo na próxima terça-feira. Segundo ele, o governo está 100% comprometido com a reforma, mas precisará melhorar a comunicação e a articulação. /COLABORARAM MARCELO OSAKABE, PAULA DIAS E DENISE LUNA

Estadão
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