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Presidente da Azul diz que 'não desistiu 100%' de oferta pela Latam

John Rodgerson afirmou que o plano apresentado pela Latam deve gerar questionamentos e que credores ainda estão assimilando a proposta e fazendo as contas

30 nov 2021 - 08h12
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O presidente da empresa aérea Azul, John Rodgerson, disse que o plano apresentado pela Latam a credores, no âmbito do Chapter 11 nos Estados Unidos, deve gerar questionamentos e que a nova variante da covid-19 coloca um ingrediente adicional de incerteza para a sua aprovação. "Falei com credores, que ainda estão assimilando o plano e fazendo as contas. Eles vão entender que não é um plano justo, por isso não posso dizer que desistimos 100%. Essa novela ainda vai ter muitos capítulos", disse o executivo ao Estadão/Broadcast nesta segunda-feira, 29.

Em sua avaliação, o plano apresentado pela Latam privilegia os acionistas e, pela lei de falência dos Estados Unidos, os credores devem vir em primeiro lugar. "Há uma diferença em relação à lei chilena. Nossa proposta foi baseada na lei norte-americana. Ao conceder algumas preferências para o acionista, credores vão brigar na Justiça, isso é natural, vai demorar para se resolver." Ele acrescentou que a rival poderia ter protocolado o plano antes, mas fez "no último minuto". "É preciso entender o que está nas entrelinhas, ainda vai ter muita discussão".

O plano da Latam, divulgado na noite da sexta-feira, propõe a injeção de US$ 8,19 bilhões ao grupo por meio de uma combinação de capital novo, títulos conversíveis e dívida. A Azul confirmou nesta segunda-feira ter apresentado, confidencialmente, no último dia 11 de novembro, uma proposta não vinculante de combinação de negócios junto a alguns credores da Latam, conforme antecipou o Estadão/Broadcast. A proposta incluía a prospecção de aproximadamente US$ 5 bilhões de financiamento em ações garantido por alguns membros do grupo ad hoc de credores da Latam, composto por várias instituições financeiras.

"O principal ponto é que a maior parte das operações da Latam é no segmento internacional, que ainda vai sofrer um pouco. Por que aumentaríamos a oferta? Temos responsabilidade com nossos acionistas, o plano deles fica caro no sentido da nova variante", acrescenta Rodgerson.

O executivo observa ainda que a proposta da Azul proporcionaria um crescimento significativo da malha aérea, com expansão no número de destinos e maior conveniência, produtos e serviços, o que resultaria em sinergias estimadas em mais de US$ 4 bilhões em valor de mercado incremental acima do plano independente da Latam.

"Muitos pensaram que nós faríamos uma oferta maior, mas sabemos o valor do negócio, não vamos desistir do que acreditamos. Ao entrarmos no jogo, o preço subiu, mas temos que ver se há votos (suficientes) para confirmar o plano", esclarece. "Estamos tranquilos nessa posição, não vamos fazer negócio a qualquer preço, acreditamos que nosso plano tem grande retorno para todo mundo, os envolvidos terão habilidade para comparar."

Para Rodgerson, alguns credores vão perceber que a Azul traz uma solução para o problema. "Não vou ficar insistindo, vou esperar alguém bater à minha porta, eu acho que alguns credores vão bater à minha porta."

Procurada, a Latam informou por meio de nota que o plano apresentado pela empresa "é justo e considera os interesses de todas as partes interessadas, de acordo com as legislações chilena e norte-americana, e pode ser confirmado no processo do Capítulo 11."

Estadão
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