Petrobras vai investir R$ 33 bi para ampliar produção; megaprojeto prevê mais 38 mil vagas
Iniciativa busca aumentar produção da Refinaria Duque de Caxias e do Complexo de Energias Boaventura; Braskem vai investir R$ 4,3 bi para ampliar produção de polietileno
RIO - A Petrobras informou nesta quinta-feira, 3, que vai investir R$ 29 bilhões em projetos de refino e petroquímica no Rio de Janeiro, que incluem a ampliação da produção da Refinaria Duque de Caxias (Reduc) e do Complexo de Energias Boaventura (ex-Comperj). A companhia confirmou que a Braskem também vai investir R$ 4,3 bilhões (cerca de US$ 800 milhões) na ampliação da sua produção de polietileno. Somados, os investimentos chegam a cerca de R$ 33 bilhões.
"Serão R$ 20 bilhões do valor anterior anunciado em setembro, mais R$ 6 bilhões no BioQAV (bioquerosene de aviação), mais R$ 2,4 bi das manutenções programadas que vão acontecer na Reduc (Refinaria Duque de Caxias) nos próximos anos, e mais R$ 860 milhões (nas térmicas da Reduc). Os outros R$ 4,3 bilhões são da Braskem. São investimentos totais, mas claro que o da Braskem tem a Petrobras também", explicou o diretor executivo de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, William França da Silva.
A estatal tem uma fatia de 47% da Braskem, empresa controlada pela Novonor (ex-Odebrecht), que está tentando vender parte de suas ações. Presente no evento, o CEO da Braskem, Roberto Ramos, evitou falar sobre a possível venda das ações da empresa. "Esse investimento não afeta a geração de caixa e nem os recursos da Petrobras."
A companhia pretende aumentar a produção de diesel S-10 em 76 mil barris por dia (bpd); de querosene de aviação, em mais 20 mil bpd; e a de lubrificantes grupo II, para mais 12 mil bpd.
A presidente da estatal, Magda Chambriard, participou da apresentação dos novos investimentos online. "Vamos garantir mais gás a preços acessíveis e teremos também mais duas térmicas neste megaprojeto que é o complexo Boaventura. É um projeto que envolve a chegada do gás do pré-sal do Rio de Janeiro em mais uma nova rota (Rota 3) para melhorar a efetividade dos processos da Braskem e a melhorar a eficiência da Reduc", disse Magda.
"Estamos falando de mais 38 mil postos de trabalho com esse megaprojeto. Já estamos a pleno emprego e com demanda de profissionais para as operações." A executiva ressaltou ainda a parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) para treinamento de 3.200 pessoas.
"É um grande pacote de investimentos da Petrobras em associação com o governo federal, garantindo ao Rio de Janeiro emprego, renda, treinamento de pessoal e aportes significativos para o programa Autonomia e Renda (voltado prioritariamente para pessoas em condições de vulnerabilidade e exclusão social). É algo que vai agregar muito ICMS ao Estado do Rio", afirmou.
Ela ressaltou que a plataforma P-78 vai antecipar sua operação em um mês, o que vai aumentar a produção da estatal antes do previsto. A unidade será instalada no campo de Búzios, na bacia de Santos, maior aposta da empresa por se tratar do maior reservatório de petróleo do País.
Já a Braskem vai ampliar a produção de polietileno em 230 mil toneladas por ano, usando o gás natural via Rota 3 como matéria-prima.
'Aceleramos investimentos'
A presidente da Petrobras ressaltou que recebeu um pedido há cerca de um ano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que a estatal gerasse valor para o povo brasileiro e impulsionasse o Produto Interno Bruto (PIB).
"Acho que sim, que estamos atendendo as expectativas do presidente Lula, as nossas próprias expectativas e da sociedade", enfatizou, durante entrevista para detalhar os investimentos.
"O complexo de Energia Boaventura em associação com a Braskem também é uma prova disso (de atender as expectativas). Com a Braskem mais efetiva, estamos gerando um ciclo virtuoso na região de Duque de Caxias (RJ) e dando insumos para uma cadeia industrial longa que vem a seguir de nós", complementou.
Ela pontuou que os investimentos foram acelerados dentro do plano estratégico da empresa até 2029 e que a empresa passou a performar dentro do guidance desde outubro do ano passado. "Estamos produzindo petróleo, gás, e tirando vantagem desse petróleo e gás para combustíveis mais eficientes e focando na transição energética 'na veia'."
A Reduc concluiu com sucesso o teste de produção do primeiro combustível de aviação com conteúdo renovável (SAF) por coprocessamento, alcançando até 1,2% de óleo de milho na fabricação do QAV.
A autorização pela ANP já foi emitida e a produção comercial na Reduc terá início nos próximos meses, com capacidade de até 50 mil m³/mês (10 mil bpd).
A Reduc já produz Diesel R5, com 5% de conteúdo renovável, e recebeu a autorização da ANP para iniciar os testes com o novo teor de 7% para produção do Diesel R7. "Essas iniciativas reforçam o compromisso da Petrobras com a descarbonização de seus produtos e a transição energética justa."
Questionada sobre um possível ajuste nos preços praticados, a presidente enfatizou que a Petrobras continua acompanhando as tendências. "Não nos assombramos com variações bruscas. Está tudo dentro do esperado. Nada de ansiedade."