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PEC da Transição pesa de novo nos ativos, mas exterior ameno apara Bolsa e beneficia real

Bolsa teve queda moderada de 0,18%, aos 108.841,15 pontos; dólar também encerrou em queda, cotado a R$ 5,3744

23 nov 2022 - 18h59
(atualizado em 24/11/2022 às 11h36)
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O Ibovespa emendou nesta quarta-feira, 23, a segunda perda diária, ainda descolado do sentimento positivo no exterior, com a expectativa para apresentação, nos próximos dias, da PEC da Transição, em que a sinalização de integrantes da equipe volta a ser de que o montante de recursos fora do teto deve ficar mesmo em torno de R$ 175 bilhões. Em dia muito negativo para o petróleo, a leve variação de Petrobras (ações ordinárias +0,04%, preferenciais +0,47%), assim como a alta de Vale (ordinárias +0,99%), contribuiu para moderar as perdas do Ibovespa na sessão. No fechamento, a referência da B3 mostrava leve baixa de 0,18%, aos 108.841,15 pontos, enquanto em Nova York os ganhos do dia chegaram a 0,99% (Nasdaq), neutros à ata, sem surpresas, do Federal Reserve.

A sinalização da equipe de transição é de que a PEC deve ser apresentada dentro de 24h a 48h, com tramitação que deve ser iniciada na semana que vem, de forma a que se alcance o prazo de 15 de dezembro para deliberação final sobre a matéria. A demora para definir o texto tem pressionado em especial os juros futuros, que voltaram a mostrar inclinação na ponta longa nesta quarta-feira. "Estamos vivendo o oposto ao que se vê no exterior no momento: colocando prêmio de risco aqui enquanto se retira prêmio por lá. Não fosse o desempenho positivo de ações do setor de commodities no ano, em especial Petrobras (ordinárias +42,10%, preferenciais +39,03% em 2022), o Ibovespa estaria em nível pior", diz Rodrigo Natali, estrategista-chefe da Inv.

B3, a Bolsa de Valores de São Paulo
B3, a Bolsa de Valores de São Paulo
Foto: Daniel Teixeira/Estadão / Estadão

Para o estrategista, mesmo que, na conta final, o volume de recursos fora do teto fique nos R$ 175 bilhões, a forma de comunicação da equipe de transição será essencial para ancorar as expectativas do mercado, e precisará trazer um "compromisso com o fiscal que vá além do fio do bigode".

"Os juros longos têm subido bem no Brasil, voltando a precificar alta para o ano que vem, com a curva sofrendo bastante com a indefinição sobre a PEC. Há uma escalada bastante forte em relação ao que se via antes da eleição", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

O mercado tomou nota com atenção da fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento da gestora BlackRock, no qual indicou haver muita incerteza com relação ao fiscal, e que é importante no médio e longo prazo ter inflação ancorada. Ele reafirmou que observa uma melhora qualitativa, embora incipiente, na inflação ao consumidor ao Brasil, e reforçou que a autoridade monetária vai perseverar para que alcance a convergência à meta.

"Estamos tentando passar mensagem de que vamos persistir para trazer a inflação para a meta. Inflação alta distorce preços na economia e atrapalha investimentos. Inflação sob controle é ganho social", disse Campos Neto.

Câmbio

A instabilidade deu o tom aos negócios no mercado doméstico de câmbio, em meio à expectativa pelo texto final PEC da Transição. As atenções se voltam, sobretudo, para os debates em torno do valor e do prazo dos recursos que vão permanecer fora da regra teto de gastos, o chamado 'waiver' fiscal.

Com muitas trocas de sinal e oscilação de cerca de sete centavos entre mínima (R$ 5,3462) e máxima (R$ 5,4123), o dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,3744, em baixa de 0,10%.

No exterior, a moeda americana trabalhou em baixa firme ao longo de todo o dia, tendência que não foi alterada pela divulgação da ata do mais recente encontro do Federal Reserve, às 16h. Termômetro do desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY caiu mais de 1% e chegou a flertar com o rompimento do patamar de 106,000 pontos.

Estadão
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