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Para Itamaraty, boicote ao agronegócio segue em pauta

Diplomatas acreditam que a chegada das chuvas no Centro-Oeste e Norte eliminará as queimadas e o assunto deve dar certa trégua

7 out 2019 - 04h11
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O Ministério das Relações Exteriores relatou à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) que persiste a possibilidade de boicote aos produtos do agronegócio brasileiro por questões ambientais. Diplomatas acreditam que a chegada das chuvas no Centro-Oeste e Norte eliminará as queimadas e o assunto deve dar certa trégua. No entanto, se o desmatamento avançar, o que já está sinalizado, o veto aos produtos voltará à pauta. Para o Itamaraty, são três possíveis fontes de pressão: Organizações Não Governamentais (ONGs); empresas, principalmente no varejo europeu, e, no setor público, especialmente parlamentos da União Europeia e dos Estados Unidos. O MRE relatou também à FPA a preocupação com o fato de causas ambientais serem utilizadas de forma ilegítima e destacou esforços realizados lá fora para contestá-las, com envio de informações pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura.

Vento a favor. Num cenário em que o crédito rural caminha para a era dos juros livres, o Bradesco investe para conquistar mais espaço, conta à coluna Octavio de Lazari, presidente do banco. De dois anos para cá, o Bradesco instalou 25 regionais em Estados de forte economia agropecuária, com equipes especializadas em atender o produtor rural. Com uma carteira de R$ 30 bilhões para financiar o campo, Lazari diz que o volume de empréstimos já cresceu 12% da safra passada para esta, que se iniciou em 1º de julho. "Temos estimativa de crescimento ainda maior até o fim do ano", comentou, em evento recente na capital.

Ajustes. Para avançar mais, Lazari diz que o maior obstáculo aos bancos privados é não ter um produto exclusivo que o Banco do Brasil tem: os recursos da poupança rural. "Por isso, nosso funding do crédito agrícola é menor", diz. "Mas temos feito várias tratativas com o Banco Central, a fim de que ele libere os (depósitos) compulsórios para que possamos aplicar mais no crédito rural."

A vez dos porquinhos. O Brasil tenta conseguir a habilitação, pela China, de mais frigoríficos para exportação de carne suína. Na recente liberação de 25 unidades pelo país asiático, apenas uma era de suínos. Uma fonte diz à coluna que os chineses queriam primeiro completar as autorizações para outras proteínas animais, em negociação há mais tempo, para depois tratar dos porcos. Além disso, houve unidades com problemas no preenchimento de questionários. Conforme a fonte, algumas unidades estão em fase final de análise na China, e a habilitação deve sair até o fim do ano.

Preliminares. Países do Mercosul estão negociando a divisão da cota de 180 mil toneladas para a carne de frango no acordo entre o bloco e a União Europeia. Na feira Anuga, que ocorre esta semana na Alemanha, representantes de empresas e associações sul-americanas terão reuniões para discutir os parâmetros usados para definir a porcentagem à qual cada país terá direito. A intenção é começar as conversas pelo setor privado e, só mais à frente, envolver governos, conta uma fonte. Todos esperam que a maior cota seja do Brasil e, depois, Argentina.

Pão nosso... A queda no consumo de pão francês preocupa a indústria de panificação. Em 2018, as vendas da principal fonte de receita das padarias caíram 4,6%, para R$ 20,4 bilhões. "Queremos mobilizar padarias para melhorar ainda mais a qualidade, pois sabemos que as pessoas andam quarteirões para comer um bom pãozinho", diz Giovani Mendonça, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip). Cerca de 1,7 milhão de toneladas de pão francês são produzidas por ano.

...de cada dia. Para puxar o consumo, a Abip vai lançar nesta semana a campanha "Cada um tem um jeito de comer pão francês. Qual é o seu?" Peças publicitárias serão espalhadas no varejo e em locais públicos, e haverá inserções na rede nacional de rádio e TV e em redes sociais, mostrando as várias formas de se comer pãozinho. O dia "D" da campanha será 16 de outubro, dia mundial do pão.

Mistura fina. Representantes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) aproveitarão o Global Ethanol Summit, de 13 a 15 de outubro, em Washington (EUA), para reuniões com produtores, refinadores, compradores e negociadores do etanol e de combustíveis no mercado internacional. A ideia é criar uma agenda de negócios internacional e atuar com norte-americanos para incentivar produtores de derivados de petróleo a adotarem a mistura do etanol à gasolina.

Fora. A B3 não deve criar um sistema de negociação dos Créditos de Descarbonização (CBIOs) dentro das regras do RenovaBio. Segundo a Bolsa brasileira, não há clareza sobre a dinâmica de negociação dos títulos - previstos para serem emitidos por produtores de biocombustíveis e adquiridos por distribuidoras e emissores de gases causadores de efeito estufa - e nem sobre os possíveis investidores.

Dentro. A avaliação é que a posição da B3 abre caminho para outros agentes estruturarem plataformas de negociações dos CBIOs, previstos para serem comercializados a partir de janeiro. A Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia, a IHS Markit e até a Bolsa de Nova York já demonstraram interesse. Este mercado deve movimentar US$ 7 bilhões em 10 anos no Brasil. /COLABORARAM AUGUSTO DECKER, ISADORA DUARTE e TÂNIA RABELLO

Estadão
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