Open Finance vai finalmente entrar no mundo dos investimentos
E isso terá implicações profundas tanto para os clientes quanto para as instituições
O Open Finance brasileiro vai finalmente entrar no mundo dos investimentos, o que terá implicações profundas tanto para os clientes quanto para as instituições. Desde 28 de setembro os clientes terão a prerrogativa de autorizar instituições a acessarem e compartilharem entre si, e outras plataformas, os dados de investimentos.
Essa mudança abarca diversas categorias de ativos, desde a renda fixa, como debêntures, CRI, CRA e CDB, e no futuro até a renda variável, englobando ações, ETFs e BDRs, além dos fundos de investimento clássicos.
O processo de adesão a essa nova realidade será gradual, mas já está claro que ela irá inflamar ainda mais a competição que já impera no mundo das plataformas de investimento, onde bancos tradicionais, corretoras independentes e gestoras travam uma batalha por novos clientes – e carteiras.
Com o compartilhamento de informações, os players do mercado esperam uma série de novos produtos. Algumas opções são tendências mais óbvias do Open Finance, como os Agregadores de Contas, onde seria possível que um cliente visualize todo seu patrimônio em uma única tela, mesmo em instituições diferentes. É a partir disso que uma série de estratégias pode ser adotada pelos competidores.
Como isso funciona
Uma corretora, por exemplo, ao perceber que o cliente possui um produto próximo ao vencimento em outra instituição, poderá oferecer uma alternativa de investimento com características semelhantes. Se identificar que o cliente possui ações de uma determinada empresa custodiadas em outro lugar, poderá disponibilizar conteúdo de pesquisa sobre essas ações, enriquecendo a experiência do usuário.
A riqueza de dados resultante desse compartilhamento também possibilita um entendimento mais profundo do perfil do investidor, permitindo que as instituições ofereçam alternativas mais alinhadas com seus interesses e objetivos. Imagine isso como um algoritmo que aprende as preferências do cliente, de maneira semelhante às sugestões de filmes dos canais de Streaming.
Além disso, será viável oferecer uma oferta mais "holística", onde a instituição, tendo acesso aos dados completos do patrimônio do cliente, poderá sugerir uma readequação da carteira de investimentos para gerenciar melhor os riscos. Resumindo: com mais dados, temos mais insights.
O escopo das informações compartilhadas inclui detalhes como a denominação do produto, sua rentabilidade, quantidade, prazos, saldos em posição do cliente e movimentações financeiras dos últimos 12 meses e dos próximos 12, de acordo com o consentimento do usuário.
Agregador de investimentos
Vale destacar que algumas plataformas de investimento já oferecem um agregador de investimentos, embora isso hoje seja um processo manual. Os resultados demonstram que os usuários que adotam esse serviço têm uma maior recorrência, indicando a utilidade dessa abordagem.
Atualmente, ao fazer uma oferta a um cliente, as instituições precisam fazer suposições sobre seu patrimônio e capacidade de investimento. No entanto, com o influxo de dados resultante dessa nova era, as estratégias poderão ser muito mais precisas, levando em consideração o contexto e as necessidades individuais.
Em resumo, o compartilhamento de dados de investimentos promete uma transformação sísmica no setor financeiro, onde a competição se intensificará e os serviços oferecidos aos clientes se tornarão cada vez mais personalizados e eficazes. O futuro das finanças está à nossa porta, e é brilhante.
(*) Danillo Branco é CEO da Finansystech e Non-Executive Director Latam da Financial Data and Technology Association (FDATA).