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Presidente do BC vê espaço para cortar Selic no 2º semestre

17 mai 2016 - 14h11
(atualizado às 14h11)
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Nome de Ilan Goldfajn foi bem recebido e já estava precificado, sem mexer com humor dos agentes no dia da indicação oficial
Nome de Ilan Goldfajn foi bem recebido e já estava precificado, sem mexer com humor dos agentes no dia da indicação oficial
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil / O Financista

A aguardada indicação do economista-chefe do Itaú Ilan Goldfajn para a presidência do BC (Banco Central) foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, nesta terça-feira (17). A indicação agrada ao mercado, mas já estava precificada, sem conseguir barrar a queda do Ibovespa na segunda sessão da semana.

O ingresso de Ilan no BC deve dar folego à desgastada relação entre o presidente da autoridade monetária e o mercado financeiro. Devido às muitas idas e vindas de política monetária e suspeitas de intervenções do Executivo, o atual presidente do BC, Alexandre Tombini, perdeu credibilidade nos últimos anos.

Enquanto liderava o departamento de economia do Itaú, Goldfajn apontava que haveria espaço para corte da taxa básica de juros já no segundo semestre deste ano caso o ajuste fiscal e a redução da inflação se confirmassem.

“Se confirmada uma melhora no balanço de riscos - que inclui cenário fiscal, inflação e ambiente externo - , o Copom deve se sentir mais confortável para iniciar um ciclo de afrouxamento monetário no segundo semestre”, escreveu em relatório divulgado após a publicação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) em 5 de maio.

Agentes do mercado relutam em classificá-lo como "dovish" (mais tolerante com inflação e focado em atividade), ou seja, inclinado a uma política monetária mais frouxa. "Ele é bastante equilibrado e suas argumentações são muito bem embasadas", disse um economista próximo a ele, acrescentando que não era possível enquadrar Goldfajn como "dovish" ou "hawkish" (menos tolerante com inflação e focado no nível geral de preços).

Segundo a fonte, após anos à frente da equipe econômica do Itaú, reunindo-se com clientes empresariais de diversos setores e portes, Goldfajn passou a ter mais contato com a economia real. "Acho que essa experiência com a economia real é algo que ele vai trazer para a análise", acrescentou.

No Itaú, Goldfajn vinha destacando que o quadro recessivo no Brasil e o enfraquecimento do dólar sobre o real desde o início do ano estavam entre os fatores que deveriam contribuir para gradual redução das expectativas de inflação, abrindo espaço para o início do ciclo de corte de juros no "segundo semestre, a partir de julho".

Jorge Simino, diretor de investimentos da Fundação Cesp - fundo de pensão com mais de R$ 20 bilhões sob administração -, também destaca a maior sensibilidade de Goldfajn ao comportamento da economia real. “Ele tem essa sensibilidade, que que é transmitida pelos canais do banco, de que a economia pode estar recuando 8%, e fica mais sensível ao lado real da economia”, observa Simino. “Não é questão de modelo econométrico, mas de sentar com os diretores do banco e saber como está se comportando cada área da economia.”

Antes de ingressar no maior banco privado do país, Goldfajn sócio-fundador e gestor da Ciano Investimentos e também ajudou a fundar a Ciano Consultoria. Anteriormente, foi sócio da Gávea Investimentos.

Goldfajn exerceu o cargo de diretor de Política Econômica do BC entre 2000 e 2003, quando Arminio Fraga era presidente da autoridade monetária. O economista também tem passagem pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), onde trabalhou entre 1996 e 1999.

O economista é formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem mestrado pela PUC-Rio – onde também atuou como professor - e doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology. Um dos orientadores de seu PhD foi Stanley Fischer, vice-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Os dois continuam amigos e ainda se falam com alguma frequência.

(Com Reuters)

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