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No interior, agronegócio e serviços aquecem emprego formal

Cidades dependentes de grandes projetos sofrem com a perda de emprego; 5 entre as 10 que mais fecharam vagas são do Nordeste

26 jan 2020 - 05h11
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O mercado de trabalho, que ainda se recupera timidamente, reage de diferentes formas pelo interior do País. Enquanto as cidades ligadas ao agronegócio e à mineração viram o emprego voltar, nas mais dependentes de grandes projetos de infraestrutura e de setores em situação crítica, como a indústria naval, a crise não passou.

Pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado na última semana pelo Ministério da Economia, o Brasil gerou 644 mil vagas com carteira em 2019.

Enquanto quatro regiões se dividem entre as maiores geradoras de emprego, o Nordeste tem cinco das dez cidades que mais perderam vagas.

As duas maiores cidades brasileiras tiveram destinos opostos em 2019. Enquanto o saldo de empregos formais (a diferença entre postos abertos e fechados) foi positivo em 80,8 mil vagas em São Paulo, o Rio de Janeiro encerrou o ano com saldo negativo de 6,6 mil postos. A capital paulista foi beneficiada por resultados melhores na construção civil, intensiva em mão de obra, mas os cariocas sofrem com a falta de investimentos.

Fora das capitais, Barueri (SP) foi um dos destaques positivos de 2019. A cidade ficou na sexta posição entre as que mais geraram postos: foram 7,5 mil a mais, sobretudo pela atração de prestadoras de serviços que se mudaram de cidades da região.

Já a pequena Parauapebas, no sudoeste do Pará, também está entre as dez campeãs do emprego formal, com 5,7 mil novos postos. A região foi beneficiada por um novo projeto da Vale, de uma planta de beneficiamento de cobre. Este ano, devem ser empregadas 3 mil pessoas.

Ano ruim

Longe dali, a pernambucana Ipojuca, na região metropolitana do Recife, teve um 2019 difícil. No ano passado, o estaleiro Atlântico Sul praticamente suspendeu as atividades e não tem encomendas de novos navios prevista. A estimativa é que só o setor de material de transporte tenha fechado 2.284 vagas e aberto só 20.

Estaleiro Atlântico Sul, em Ipojuca (PE)
Estaleiro Atlântico Sul, em Ipojuca (PE)
Foto: Divulgação / Estadão

O eletricista Marcilio José Elias, de 35 anos, é um dos que sentiram a queda do emprego na cidade. Ele, que ganhava R$ 1.500 por mês, hoje sobrevive de bicos e lamenta a falta de emprego fixo. "Não consigo enxergar uma melhora. Aqui, nós temos o Complexo de Suape com fábricas instaladas, mas não há políticas públicas para que as pessoas tenham capacitação."

Segundo o governo de Pernambuco, foram tomadas medidas para amortecer a perda de empregos na região, que devem surtir efeito no médio prazo. "Ao todo, 120 empresas foram atraídas ao Estado e há expectativa de gerar ao menos 22 mil empregos nos próximos anos."

Já no Rio Grande do Sul, Candiota sofreu após a conclusão das obras da usina termoelétrica Pampa Sul. No ano passado, foram fechadas 2,4 mil vagas, o pior desempenho entre todos os municípios do sul do País. De acordo com a prefeitura, muitos trabalhadores ocupavam postos temporários.

Vitória do Xingu (PA) também sentiu o crescimento acelerado, com a abertura de vagas temporárias. A cidade dobrou de tamanho na última década com as obras da Hidrelétrica de Belo Monte. Após idas e vindas, a última das 18 turbinas foi ligada em novembro. Com o fim da obra, a cidade perdeu 1,9 mil postos. Segundo a Norte Energia, a usina conta com 2 mil trabalhadores./ COLABOROU VINÍCIUS BRITO, ESPECIAL PARA O ESTADO

Estadão
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