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Negócio com gigante americana divide pré-candidatos

Alckmin, Dias, Amoêdo e Rocha são favoráveis ao acordo, enquanto Boulos e Manoela D'Avila criticaram associação

5 jul 2018 - 23h54
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A compra de 80% da divisão de jatos comerciais da Embraer pela americana Boeing dividiu os pré-candidatos à Presidência. Enquanto os candidatos de esquerda criticaram a venda da empresa brasileira, presidenciáveis de centro-direita defenderam a negociação como forma de fortalecer a companhia, desde que preservada a soberania do País no setor de Defesa.

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e o senador Alvaro Dias (Podemos) são favoráveis ao negócio, mas ressaltaram que é fundamental a preservação da soberania do País no setor militar. "Poucas empresas e poucos países produzem aviões desse porte e com essa tecnologia. Mas é um mercado difícil de se enfrentar, e a fusão vai fortalecer as duas companhias. Importante é que o interesse estratégico brasileiro seja preservado", afirmou Alckmin.

"A Embraer é um patrimônio nacional. Do ponto de vista econômico, a negociação é favorável. Defendo a competitividade. O que me preocupa, devido à pouca transparência dada ao negócio pelo governo, é questão da soberania", diz Dias.

O mesmo ponto é defendido por João Amoêdo, do Novo: "O acordo é positivo para a empresa e para o Brasil, pois permite a maior integração do País na economia global e respeita a liberdade econômica e concorrencial."

O ex-ministro da Fazenda do governo Michel Temer, Henrique Meirelles (MDB), disse que é necessário preservar os interesses do País. "O acordo definitivo terá de atender aos interesses nacionais estratégicos para que seja aprovado pelo governo", afirmou Meirelles.

O presidenciável do PRB, Flávio Rocha, comemorou o acordo. Questionado sobre a possibilidade de perda de soberania com o negócio, Rocha disse que o "argumento ultranacionalista" está desgastado. "Foi um momento que uma empresa se viu diante de fatores extremamente favorecidos", disse.

Críticas. Já entre os candidatos ligados à esquerda, o descontentamento com o negócio ficou evidente. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado a 12 anos e 1 mês de prisão, disse, através do ex-presidente do PT Rui Falcão, que o visitou na prisão, que estava indignado com "a fusão mal explicada da Embraer".

No Twitter, Manuela D'Ávila (PCdoB), disse que a separação da divisão de aviação civil da militar "é péssima para o Brasil". "Nenhuma nação importante do mundo permite que seus interesses estratégicos, as garantias de sua soberania, sejam subordinados a interesses comerciais de meia dúzia de acionistas."

Para Guilherme Boulos (PSOL), a compra "compromete os programas militares e a fabricação de aviões comerciais e jatos executivos. São milhares de empregos e fábricas eliminados numa só canetada."

Procurados, o deputado Jair Bolsonaro (PSL), a ex-senadora Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) não se pronunciaram até o fechamento desta edição. Antes da conclusão do negócio, Ciro havia afirmado que poderia desfazer do negócio. "A Embraer, eu vou tomar de volta", disse em entrevista ao jornal Valor Econômico em março.

Estadão
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