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Milton Maluhy assume hoje o Itaú com o desafio de acelerar a transformação digital do banco

Novo presidente, que vai substituir Candido Bracher, chega ao comando da instituição em meio também a uma expectativa de aumento da inadimplência no setor financeiro, por conta da pandemia

2 fev 2021 - 19h51
(atualizado em 2/2/2021 às 12h00)
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O novo presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, assume o posto nesta terça-feira, 2, no lugar de Candido Bracher, e terá como principal missão acelerar a transformação digital do maior banco privado da América Latina, com mais de R$ 2 trilhões em ativos sob administração. Por outro lado, sua gestão também será desafiada sob a ótica da inadimplência, uma vez que tem início em meio à pandemia da covid-19, na qual o Brasil tem uma das piores situações do mundo.

Com 44 anos, o executivo tem a idade a seu favor, na opinião de analistas consultados pelo Estadão/Broadcast. Maluhy é visto como um nome de perfil jovem e, por isso, mais adequado para conduzir o banco em um cenário de disputa acirrada com fintechs e big techs. Além disso, também tem experiência, com 18 anos de casa, tempo que sugere preparo para liderar a instituição no momento em que o País atravessa três crises simultâneas: ambiental, econômica e de saúde, por conta da pandemia.

O executivo já vai estrear sob os olhares atentos de analistas e jornalistas, que acompanharão as teleconferências para comentar os resultados do banco no quarto trimestre e do ano de 2020, divulgados na noite de segunda-feira, 1º. Hoje, ele ainda dividirá o palanque com Candido Bracher, que passa o bastão e assume uma cadeira no Conselho de Administração do banco.

Por ser mais jovem, espera-se também que Maluhy permaneça mais tempo no cargo que seu antecessor. Bracher assumiu o posto quando tinha 57 anos, 13 a mais que o novo presidente, e comandou o Itaú até os 62, idade em que, pelo estatuto do banco, o presidente é obrigado a deixar o cargo. Já Roberto Setubal tinha 40 anos quando assumiu o banco, em 1994, permanecendo por 22 anos, até 2016, quando completou a idade limite. Não há tempo definido de mandato nem renovações periódicas.

Para a analista da Eleven Financial, Renata Cabral, a idade do novo presidente do Itaú é compatível com o foco em transformação digital, não apenas por uma questão de visão de mercado, mas também porque se trata de um trabalho de longo prazo. "A nossa visão é a de que um executivo jovem, de 44 anos, sinaliza uma mudança, de uma visão para o futuro do Itaú. E esperamos que seja um mandato mais longo, algo que uma transformação digital exige, com mudanças que darão retorno no longo prazo", disse.

Assim como todos os bancos, o Itaú foi forçado a antecipar em 2020 seus planos de digitalizar serviços, em razão do isolamento social imposto pela pandemia. Com um número maior de clientes já habituados à digitalização, no chamado "novo normal", é esperado também que Maluhy consiga dar uma maior velocidade ao processo, avalia Cabral.

Em recente relatório ao mercado, o BTG Pactual lembra que transformação cultural, reestruturação de processos internos e maior foco no cliente foram as principais missões definidas para Bracher. Quanto a Maluhy, os analistas Eduardo Rosman e Thomas Peredo chamam a atenção para a importância da transformação digital, que é um desafio e tanto, mas tem de ser feito.

"A transformação digital é muito mais do que apenas ajustar sistemas legados. É uma mudança completa na estrutura, mentalidade e cultura da organização", dizem, em relatório.

Para os analistas do BTG, o Itaú está na direção certa. No ano passado, o banco anunciou a decisão de migrar todos os seus sistemas de TI para solução em nuvem, em ano no qual a pandemia antecipou um processo de digitalização dos serviços. "O Itaú parece estar tomando as decisões corretas para transformar o banco de dentro para fora. Agora, só resta saber se vão (a nova gestão) se sobressair na execução e quando poderemos ver os resultados de forma mais clara", afirmam Rosman e Peredo.

Inadimplência

Nos holofotes do mercado, também está a inadimplência, que deve começar a subir ao longo deste ano depois da série de prorrogações de pagamentos de dívidas que os bancos brasileiros concederam a pessoas físicas e jurídicas como um fôlego para enfrentarem a crise gerada pela covid-19. O reforço em provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, deve ajudar a amortizar o impacto no setor.

Em relação ao novo presidente do Itaú, a lente de analistas também considera o fato de Maluhy ter enfrentado uma crise de inadimplência no chileno CorpBanca, onde atuou como CEO entre os anos de 2016 e 2019. Internamente, o trabalho do executivo foi bem visto, dizem fontes, mas, fora, há quem questione os resultados obtidos. O próprio Itaú demonstrou insatisfação com o negócio. Vale lembrar que os sócios, a família Saieh, são considerados de trato difícil.

"Sabíamos que os primeiros anos, em termos de resultados, iam ser mais difíceis por todos esses ajustes que estão sendo feitos", disse Maluhy, ao Estadão/Broadcast, no início de 2018, ao comentar os desafios da sua gestão à frente do CorpBanca.

Considerado um executivo 'prata da casa', ele deixou o comando do banco chileno em janeiro de 2019, quando retornou ao Brasil e assumiu o cargo de vice-presidente de Controle de Riscos e Finanças do Itaú. Antes, passou pela Redecard (atual Rede) e ainda pelo banco de atacado, o Itaú BBA.

Nova cara

Nos bastidores do banco, a gestão de Maluhy é bastante comentada. A percepção é a de que o Itaú já começa a ter a cara da futura administração.

Dentre as decisões que Maluhy já teve de tomar desde que foi escolhido, a principal delas foi a escolha de um novo comitê executivo, anunciado no mês passado e antecipado pelo Broadcast.

A mudança ocorreu por conta da saída dos diretores gerais de varejo e atacado, Marcio Schettini e Caio David, respectivamente, após serem preteridos na escolha do sucessor de Bracher. Ambos ajudaram no processo de transição, que também termina hoje.

Na nova versão, a alta cúpula do Itaú ganhou um novo formato e o número de integrantes dobrou, totalizando 12 representantes. Os cargos de diretores gerais e vice-presidentes caíram por terra. No lugar, os escolhidos passam a responder por diferentes áreas do banco, que foram distribuídas de maneira mais segmentada, desconcentrando o poder de decisão e partilhando as responsabilidades entre os executivos.

Questionado sobre quais os desafios que o seu sucessor enfrentará, Bracher não quis comentar sobre o assunto. Procurado, o Itaú também não se manifestou. Informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que mais informações serão prestadas nesta terça-feira, nas teleconferências sobre os resultados.

Balanço

Primeiro grande banco a publicar os resultados do quarto trimestre do ano passado, o Itaú Unibanco registrou lucro líquido recorrente de R$ 5,4 bilhões, queda de 26,1% em relação ao último trimestre de 2019. Impactado pelo reforço nas despesas reservadas para cobrir calotes em um ano marcado pela pandemia, o resultado consolidado do banco em 2020 foi de R$ 18,5 bilhões, recuo de 34,6% em relação ao ano anterior.

O maior banco da América Latina apresentou, contudo, aumento de 7% do lucro no quarto trimestre em comparação aos três meses anteriores, já como reflexo da reabertura gradual da economia, que permitiu uma redução dos gastos com provisões e expansão da carteira de crédito para pessoa física. "Fomos capazes de responder aos desafios extraordinários trazidos pela pandemia, sem comprometer nosso foco em satisfação de clientes, transformação digital e eficiência", avaliou o atual presidente do Itaú e futuro membro do Conselho do banco, Candido Bracher.

A carteira de crédito total alcançou R$ 869,5 bilhões ao fim de dezembro, alta de 2,7% em relação ao trimestre anterior e de 20,3% em comparação a igual período de 2019. Para pessoa física, foram R$ 255,6 bilhões, aumento de 7,5% em relação aos três meses anteriores e de 6,6% em comparação a igual trimestre de 2019.

A rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) experimentou o segundo trimestre seguido de alta, ainda como reflexo da diminuição das provisões. Passou de 15,7% no terceiro para 16,1% no quarto trimestre. Mas ainda está abaixo dos níveis anteriores à pandemia.

Estadão
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