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Publicitário investiu no 'novo petróleo' e já faturou R$ 40 milhões

Fabricio Penafiel é idealizador da Bem Bolado, empresa que vende seda, piteira e dichavadores em todo o País

18 set 2024 - 05h01
(atualizado às 11h22)
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Fabricio Penafiel sempre foi militante pela liberação da maconha
Fabricio Penafiel sempre foi militante pela liberação da maconha
Foto: Divulgação

"O novo petróleo". É assim que Fabricio Penafiel, 49, descreve a maconha e todo o mercado em ascensão relacionado à planta. Dono da Bem Bolado, o empresário ainda vai além, inserindo o Brasil em uma posição de protagonista nessa corrida pelos frutos da erva. "O Brasil é a bola da vez do mundo canábico", afirma.

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O que o leva a tal conclusão, entre outras coisas, é a realização da segunda ExpoCannabis Brasil 2024, no mês de novembro, em São Paulo. O evento, para o empresário, coloca o País na rota dos principais eventos canábicos do mundo.

Hoje, a sensação que Fabricio tem é que a maconha nunca esteve tão na moda. O cenário é bem diferente daquele de 12 anos atrás, quando tirou a Bem Bolado do papel. O mercado da maconha era praticamente inexplorado no Brasil, e Fabricio penou para que acreditassem em sua ideia de negócio.

Agora, tendo faturado R$ 40 milhões em 2023 e com previsão de aumentar esse número em 20% no final deste ano, ele sonha com o momento em que sua marca se tornará a maior do mundo no segmento. Quando chegar lá, será uma honra para ele enquanto empresário, maconheiro e militante pela liberação da maconha.

O início da Bem Bolado

Para muitos empresários, a virada de chave ocorre na dificuldade. Com Fabricio não foi diferente. Ele dá especial relevância ao pedido de divórcio feito por sua então esposa como um dos motivos que o fez repensar toda sua trajetória.

"Minha vida caiu, porque era uma coisa muito simbiótica: com dois filhos, casado, casa, papagaio, gato, pacote completo. E fiquei sem chão", conta.

Em busca de se entender melhor, Fabricio decidiu fazer o Caminho de Santiago de Compostela, uma rota de caminhada que dura cerca de 30 dias, na Espanha. O período foi suficiente para compreender que não gostava mais da rotina.

Ele trabalhava há 28 anos com publicidade, sendo que durante 14 deles foi dono de uma grande agência. A questão não era nem o trabalho em si, mas a sensação de que sua empresa nunca andaria com os próprios pés, estando sempre atrelada a ele.

"Eu não aguentava mais fazer serviço. O serviço é aquela coisa que depende de você. E aí eu entendi que o grande lance é o produto. O produto é como ter um filho: uma hora ele dá trabalho, dá um super trabalho, um trabalho de louco, mas uma hora ele fala: 'Pai, vou embora'. E vai. É o caso da Bem Bolado hoje. Se eu fosse embora, não ia mudar nada. Já tem vida própria", sintetiza Fabricio.

O passo seguinte era entender que queria trabalhar com maconha, e esse foi um pouco mais fácil. Fabricio vem de uma família que nunca teve tabus relacionados à planta. Basicamente, todo mundo fumava e militava a favor de sua liberação.

"O que poderia ser uma extensão de mim? Uma continuidade do meu ser? Aí, veio a maconha", relembra.

Hoje, a Bem Bolado produz cerca de 70 produtos voltados para o consumo da erva. São, segundo Fabricio, "bens de consumo de primeira necessidade" para quem é usuário. Mas a marca começou com bem menos diversidade e até mesmo precisando "educar" a comunidade.

Os primeiros produtos a serem desenvolvidos pela empresa foram seda e piteira, este último sem produção no Brasil.

"A Smoke já tinha piteira. Mesmo assim, não existia a piteira da Smoke vendendo no Brasil, porque não existia a cultura de usar a piteira aqui", afirma Fabricio.

Para maconheiros, mas não é bem assim

Lançar produtos voltados para algo ilegal no País não é tão fácil quanto parece. No início da marca, foi preciso ir pela tangente. As primeiras vendas de seda foram feitas de porta em porta por Fabricio e seus três sócios. Eles iam até padarias, mercearias e mercados, apresentando o produto para ser vendido no caixa.

"Quando a gente entrava numa padaria, a gente falava com o dono que estávamos vendendo seda. O cara falava: 'Vocês são malucos. Eu não quero maconheiro aqui na minha padaria. Aqui é gente de família. O que os clientes vão pensar?'", lembra Fabricio.

Para driblar a questão, surgiu a ideia de colocar na embalagem do segundo lote a descrição: "Para enrolar tabaco".

"Entraram dois, três comércios. Um cara estava vendendo ali, contou para outro e foi. A gente fez também uma coisa muito legal, chamada 'Amigo Marketing'. A gente tem uma rede muito grande de amigos, e pedimos para todo mundo parar em tudo que é padaria, tudo que é lugar, e pedir Bem Bolado", relembra, sobre o começo da fama.

Atualmente, Fabricio já não sabe dizer ao certo em quantas cidades brasileiras é vendido Bem Bolado. Ele estima, sem modéstia, que sejam todas. "Eu preciso estar na esquina da casa de todo mundo", afirma.

A marca também já tem presença global, e está em países como Uruguai, Chile, Portugal, Estados Unidos e Canadá.

O sucesso fez com que, no segundo semestre de 2023, a empresa se estabelecesse como Grupo Bem Bolado Brasil. Além da Bem Bolado, voltada para sedas, dichavadores e piteiras, surgem a Original, focada em tabaco; a Weed Wear, de vestuário e acessórios feitos com cânhamo; e a GTI Isqueiros.

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Fonte: Redação Terra
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