Investidores ignoram ruídos políticos e mantêm foco em ativos dolarizados nos EUA
Conflitos geopolíticos, juros altos e volatilidade não afastam brasileiros da Flórida
Investidores brasileiros seguem focados em ativos dolarizados na Flórida, apesar da instabilidade global, devido à valorização imobiliária, proteção cambial e planejamento estratégico de longo prazo.
O cenário internacional vem sendo marcado nas últimas semanas por conflitos armados, instabilidade política e juros elevados, o que tem feito os investidores brasileiros seguirem apostando na dolarização do patrimônio com foco especialmente na Flórida. Para esse perfil, que já atua com planejamento estruturado e visão de longo prazo, os ruídos do curto prazo não são fator de retração, mas sim de ajuste estratégico.
“O investidor que nos acompanha não é ingênuo. Ele entende que estamos vivendo um momento de instabilidade global e juros altos, mas sabe também que esses ciclos sempre existiram”, afirma Leandro Sobrinho, cofundador da Davila Finance, empresa especializada na incorporação de investimentos na região central da Flórida. “Nosso papel não é ignorar os riscos, mas sim tratá-los com pragmatismo e preparar os nossos ativos para atravessar esses ciclos com segurança.”
Segundo dados do U.S. Bureau of Economic Analysis, o Produto Interno Bruto (PIB) da Flórida cresce puxado por consumo interno, turismo e migração doméstica. Paralelamente, o relatório anual da National Association of Realtors apontou valorização média entre 8% e 12% nas principais cidades do estado, como Orlando e Tampa. A Flórida também concentrou, em 2022, 23% das compras de imóveis por estrangeiros nos Estados Unidos, demonstrando a atratividade da região mesmo diante de um ambiente externo pressionado.
“É um erro olhar apenas o lado cheio do copo. Nós não acreditamos no discurso de que tudo está bem. Mas também não alimentamos o pânico. O investidor sabe que os ativos imobiliários de longo prazo, quando dolarizados e bem estruturados, continuam sendo uma das melhores formas de preservar capital em tempos de incerteza”, destaca Sobrinho.
Com mais de 800 unidades entregues e em desenvolvimento, um portfólio que ultrapassa US$ 400 milhões em Valor Geral de Vendas (VGV), a Davila Finance opera com uma lógica distinta das operações especulativas.
“O que estamos entregando em 2025 já está praticamente vendido. A nossa estratégia mira os anos de 2027 a 2030, buscando retorno sustentável e diluindo riscos ao longo do tempo”, explica o executivo.
Esse posicionamento conservador, porém, não significa paralisia. Pelo contrário, a empresa tem expandido sua atuação com projetos em regiões valorizadas e com potencial de revitalização, como Winter Garden e Oakland, apostando em uma combinação de arquitetura moderna, localização estratégica e equilíbrio entre residências e espaços comerciais.
Além da proteção cambial, o fator geopolítico tem reforçado o movimento de internacionalização de patrimônio. Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que o interesse por dolarização de ativos cresceu 27% entre 2022 e 2024, em resposta à instabilidade do cenário fiscal brasileiro e às incertezas nas eleições norte-americanas.
“O investidor experiente já entendeu que o cenário ideal não existe. O que existe é a questão do preparo. Nosso papel é manter a calma, fazer a leitura correta dos ciclos e evitar decisões impulsivas baseadas em manchetes. O momento não é de alarde, é de inteligência estratégica”, afirma Sobrinho.
Embora o setor ainda lide com os efeitos de uma política monetária restritiva, com a taxa básica de juros norte-americana atualmente entre 4,25% e 4,50%, segundo o Federal Reserve, o mercado de aluguel residencial segue aquecido. A combinação de oferta limitada, devido à desaceleração na construção de imóveis multifamiliares, e uma demanda consistente, especialmente em regiões turísticas e urbanas, mantém o setor atrativo. Esse cenário favorece investidores com foco em renda passiva de médio a longo prazo, diante da valorização dos aluguéis e da elevada ocupação.“Declarações políticas ou variações de curto prazo fazem barulho, mas não mudam os fundamentos. A Flórida continua sendo um mercado resiliente, com liquidez, segurança jurídica e valorização contínua. Quem está bem posicionado, com estrutura e planejamento, vai continuar colhendo bons resultados”, conclui o empresário.