6 franquias para quem quer morar e investir fora do Brasil

Muitos brasileiros sonham em morar fora do país e precisam de uma atividade profissional para se manterem no exterior. E existem franqueadoras brasileiras que já operam internacionalmente: segundo o último estudo da Associação Brasileira de Franchising (ABF) sobre a internacionalização de redes, os países com mais brasileiras operando são os Estados Unidos, Portugal, Paraguai, Bolívia, Chile, Colômbia, Uruguai, México, Argentina e Espanha.

Ser um franqueado brasileiro no exterior é o mesmo que no Brasil? Como ficam a questão contratual, o suporte, os treinamentos e outras particularidades da franquia? A advogada especializada em franchising e varejo Thais Kurita, que atua com as mais renomadas franqueadoras brasileiras há mais de 20 anos, explica que quando um brasileiro adquire uma franquia brasileira para a implantar no exterior, seu contrato segue a lei brasileira. 

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“Ele recebe a Circular de Oferta de Franquia (COF) no Brasil e assina seu contrato de franquia também no Brasil. Mas esse contrato terá as diferenças necessárias para que a operação seja realizada no país de destino, conforme as necessidades de suporte, abastecimento e outras particularidades da operação”, informa a especialista.

Kurita, que é sócia do Novoa Prado Maciel Pinheiro Advogados, esclarece que o franqueado precisará ficar atento às regras e legislação local. “Ele deverá contratar um contador e um advogado locais para se adequar às legislações e regras fiscais pertinentes à atividade exercida, já que há mudanças sensíveis de um país para o outro e até de um estado para o outro, dentro do mesmo país”, enfatiza.

Comprar uma franquia é uma forma de minimizar erros e o franqueado deve estar atento à experiência internacional do franqueador. Neander Souza (foto), consultor especializado em formatação e planejamento estratégico de franqueadoras, diz que escolher uma franquia com experiência internacional é uma boa estratégia, pois essas marcas costumam oferecer um suporte mais estruturado para os franqueados. 

“As franqueadoras costumam oferecer um suporte completo, desde a escolha do local até o dia a dia da operação. Isso inclui treinamentos presenciais e online, auxílio em marketing e assessoria para adaptar o modelo de negócio ao mercado local. Em alguns casos, a franqueadora até envia consultores para acompanhar os primeiros meses de operação, garantindo que tudo funcione conforme os padrões da marca. No que diz respeito ao fornecimento de produtos, a estratégia varia de acordo com a franquia e o país. Algumas marcas contam com fornecedores locais homologados, o que reduz custos e simplifica a logística. Outras optam por exportar produtos diretamente do Brasil, o que pode gerar desafios como impostos de importação e prazos de entrega mais longos. Há ainda modelos híbridos, que combinam importação com produção local, oferecendo uma solução mais flexível e adaptável às necessidades do mercado”, comenta.

Como fica o visto

Cada país tem suas próprias exigências em relação ao visto de permanência do investidor e as franqueadoras, a rigor, não se envolvem na legalização do franqueado para sua fixação no país de destino. “O caminho mais comum é o investidor já ter o visto e, então, pensar na franquia como um investimento ou uma forma de ganhar a vida no exterior. Pensar ao contrário, na franquia para obtenção de um visto, é um caminho tortuoso e nada garantido, porque a aquisição, por si só, não significa sucesso”, alerta Kurita.

O que a advogada esclarece é que o franqueado precisa ter um perfil adequado para operar cada tipo de negócio e, mesmo o tendo, fatores externos podem interferir para que a operação não deslanche. “Não podemos nos esquecer de que estamos falando de culturas diferentes e produtos e serviços podem não ser bem-aceitos em outros países. Então, ainda que uma marca seja um grande sucesso no Brasil, ela pode demorar para deslanchar fora. Por isso, pensar numa franquia para obter um visto de permanência ou depender exclusivamente dela para se sustentar no outro país, especialmente no começo da operação, é um erro”, explica.

Neander Souza concorda com ela. “É preciso fazer uma análise cuidadosa do mercado local. Nem toda franquia que faz sucesso no Brasil vai ter o mesmo desempenho no exterior. A cultura, os hábitos de consumo e a concorrência podem ser completamente diferentes e você precisará estar preparado para se adaptar”, pondera.

Unidades próprias no exterior

É justamente por isso que muitas marcas operam o mercado internacional antes de oferecer a franquia a outros investidores. Esse é o caso da Doutor Hérnia, uma rede de clínicas de tratamento não-cirúrgico de hérnia de disco, com 240 clínicas no Brasil. Ao decidir expandir sua marca para os Estados Unidos, os franqueadores, André Pêgas e Laudelino Risso, abriram uma unidade própria na Flórida, que servirá de piloto da rede internacional. 

“Com ela, estamos entendendo nosso público, suas queixas, o que buscam de tratamentos, como preferem ser atendidos, quais protocolos são mais aceitos, que métodos de pagamento preferem e tudo o mais que podem ajudar o franqueado em sua operação. Após esse período inicial, conseguiremos fazer os ajustes que permitirão que o franqueado não precise passar por situações que já enfrentamos”, comentam.

O mesmo acontece com a Dr. Shape, varejista de suplementos alimentares e artigos esportivos. Ao criarem uma parceria com brasileiras que abriram a primeira unidade-piloto em Portugal, os franqueadores entenderam dificuldades que eram, até então, inimagináveis. “Não sabíamos que precisaríamos repensar o layout da loja porque não há material igual ao do Brasil disponível na Europa – nem mão de obra para a realização da obra de fachada, por exemplo. Até entendíamos que seria necessária uma adaptação de produtos comercializados, mas outros detalhes surgiram durante a implantação e nos primeiros meses de operação”, lembra Felipe Kalaes, sócio-franqueador.

Presença do franqueado na operação no exterior

Em relação ao franqueado operar sua franquia no exterior, Neander Souza é categórico: a franquia tem mais chances de sucesso quando o franqueado está presente na operação. “É ele quem garante que a qualidade do atendimento, a experiência do cliente e os padrões da marca sejam mantidos. Por mais que você confie na sua equipe, é fundamental que você, como franqueado, entenda profundamente como o negócio funciona naquele novo mercado. Isso inclui conhecer os processos, identificar possíveis gargalos e garantir que tudo esteja alinhado com as expectativas da franqueadora. Além disso, estar presente no início ajuda a criar uma conexão com a equipe e os clientes, o que pode fazer toda a diferença no sucesso da unidade”, aconselha.

Existem franquias em diversos setores que já operam fora do Brasil e oferecem a oportunidade de brasileiros se tornarem franqueados internacionais. Aqui, selecionamos seis marcas em expansão:

1) Doutor Hérnia – Rede de clínicas especializadas no tratamento de coluna vertebral e não-cirúrgico de hérnia de disco, com 250 unidades franqueadas pelo Brasil, chegou aos Estados Unidos em 2024, abrindo uma franqueadora para cuidar de seus assuntos internacionais, a Doctor Hernia. A primeira unidade estadunidense já está em operação, na Flórida, e é a piloto da marca, onde serão testados conceitos para o novo mercado e na qual acontecerão os treinamentos dos futuros franqueados locais. A marca também está implantando duas unidades no Paraguai, sendo uma delas com um de seus multifranqueados no Brasil, e está prospectando investidores também para Portugal e Chile.

O franqueado não precisa ser um fisioterapeuta para atuar na franquia, podendo ser gestor da unidade e atuar como captador comercial, inclusive à distância. Mais da metade da rede é multifranqueada, gerindo suas unidades com apoio de equipe bem treinada. Tem metodologia exclusiva, com uso de equipamentos que permitem a padronização do tratamento de reabilitação do paciente.

Investimento inicial: Estados Unidos: 143 mil dólares, com taxa de franquia, equipamentos e instalações.

Portugal e outros países da Europa: estimado em 75 mil dólares

Paraguai e Chile: 50 mil dólares

2) Dr. Shape – A Dr. Shape é uma rede com 70 lojas de suplementos alimentares e artigos esportivos no Brasil e uma em Portugal, com 23 anos de mercado. A loja de Portugal foi inaugurada em 2024, em parceria com duas brasileiras que já moram na Europa há bastante tempo, e é a unidade-piloto da marca, que tem interesse em continuar se expandindo naquele país e em outros da região.

Investimento inicial: a partir de 100 mil euros, com estoque inicial e instalações.

3) Face Doctor – Com mais de 150 unidades em 24 estados do Brasil, a Face Doctor é a maior rede de franquias premium especializada em rejuvenescimento facial e corporal do país, uma empresa que faz sucesso pela sua excelência em procedimentos faciais e corporais. O plano de expansão da marca se inicia em Portugal, onde tem uma clínica. Entretanto, posteriormente, a ideia é ter foco no continente europeu.

Investimento inicial: 50 mil euros

4) Sóbrancelhas - rede de estética facial com operação de serviços e produtos de bem estar, beleza e cuidados, tem 200 unidades no Brasil e mais de 40 operações na Argentina, Bolívia, Portugal e nos Estados Unidos, todos países abertos a novos franqueados. Cada país exige um investimento diferente.

Investimento inicial – Portugal: 50 mil Euros

Argentina: 31 mil dólares

EUA: 60 mil dólares

5) Stuqui Projetos - Destinada a engenheiros e arquitetos, a Stuqui Projetos é uma rede que trabalha com projetos e entrega de contratos fechados para os seus franqueados. A marca tem 331 unidades franqueadas no Brasil e acaba de lançar a oportunidade de abertura de franquias para Portugal, onde ainda não tem unidades em operação.

Investimento inicial: 18.800 euros

6) Freshy Clean - A Freshy Clean é uma rede de franquias de limpeza com foco de expansão em Portugal, onde tem nove unidades franqueadas. Na prática, o franqueado realiza a gestão da equipe de limpeza. Não é necessário que o franqueado faça o comercial da sua unidade, pois a franqueadora já entrega contratos aos seus franqueados. Com renda recorrente, a marca foca em brasileiros que desejam empreender no mercado português.

Investimento inicial:  9.768 euros

(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.