Dropshipping ainda vale a pena em 2025? Veja prós e contras do modelo
Modelo segue atraindo empreendedores pelo baixo custo inicial, mas enfrenta concorrência acirrada e prazos de entrega longos.
O dropshipping, modelo de comércio eletrônico em que o lojista não mantém estoque próprio e depende de fornecedores para entregar o produto diretamente ao cliente, continua atraindo empreendedores brasileiros em 2025.
A promessa de iniciar um negócio digital com baixo investimento inicial segue sedutora, mas especialistas alertam: o que antes parecia um atalho para enriquecer rapidamente hoje exige gestão profissional, planejamento estratégico e diferenciação de mercado.
Como funciona o modelo
No dropshipping, o vendedor não armazena produtos em estoque. Ele anuncia itens em plataformas digitais — como Mercado Livre, Shopee, Amazon ou até pelo próprio site — e só realiza a compra junto ao fornecedor após a venda confirmada pelo cliente. Esse fornecedor, muitas vezes localizado fora do Brasil, cuida de todo o processo de separação, embalagem e envio da mercadoria.
“O dropshipping é um método que muitos empreendedores em início de carreira no ramo de vendas buscam para otimizar seus negócios, já que não é necessário manter estoque”, explica o especialista em vendas Wellington Melo. Segundo ele, isso reduz barreiras de entrada e possibilita que vendedores testem nichos variados com pouco risco.
Vantagens: flexibilidade e baixo custo
Para quem está começando, a principal vantagem é o baixo investimento inicial. Não há necessidade de comprar grandes quantidades de mercadoria antecipadamente nem de arcar com custos de armazenagem.
A economista Enivalda Alves da Silva Pina, coordenadora do curso de Administração da Faculdade Santa Marcelina, ressalta que o modelo ainda oferece flexibilidade geográfica. “O dropshipping permite que o empreendedor atue de qualquer lugar, bastando um computador ou celular e acesso à internet. Isso abre portas para quem busca renda extra ou deseja iniciar um negócio sem grandes compromissos financeiros”, afirma.
Além disso, a possibilidade de testar nichos de mercado sem assumir riscos elevados é vista como um atrativo. Produtos de moda, eletrônicos e acessórios para celular são alguns dos segmentos mais populares.
Desafios: concorrência e custos crescentes
Se em 2018 e 2019 o modelo ganhou fama como caminho rápido para lucrar na internet, em 2025 o cenário é diferente. O crescimento acelerado atraiu milhares de novos vendedores, aumentando a concorrência global.
“As margens de lucro estão cada vez mais apertadas e os custos com marketing digital subiram muito. Hoje, não basta apenas abrir uma loja online. É necessário investir em diferenciação, em nichos bem definidos e em fornecedores confiáveis”, avalia Enivalda Pina.
A pressão por entregas rápidas também tornou o modelo mais complexo. Consumidores habituados ao padrão de grandes marketplaces esperam prazos curtos e informações de rastreamento detalhadas. No dropshipping internacional, no entanto, os prazos podem chegar a semanas, o que gera frustração e alto índice de reclamações.
O impacto da taxação de importados
Outro desafio é a nova política tributária sobre produtos importados adquiridos em plataformas internacionais. Desde 2023, o governo brasileiro intensificou a fiscalização e a cobrança de impostos, o que elevou o preço final de muitos produtos vendidos via dropshipping.
Ainda assim, segundo Wellington Melo, a prática segue em alta entre consumidores em busca de preços mais baixos. “Um exemplo clássico são as camisas de times de futebol importadas da Tailândia. Mesmo com a taxação e o risco de retenção na alfândega, esses produtos continuam saindo por um valor bem abaixo do de peças oficiais, que podem ultrapassar os R$ 400”, diz.
Consumidor mais exigente
Em paralelo, o perfil do consumidor também mudou. Hoje, ele está mais atento à qualidade, à procedência e à sustentabilidade. Isso significa que lojas que não oferecem transparência correm o risco de perder credibilidade rapidamente.
“O dropshipping deixou de ser uma alternativa ‘fácil e rápida’. Agora, exige visão empresarial profissional e estratégias de longo prazo. Sem planejamento logístico, tecnologia de automação e marketing eficiente, a chance de fracasso é alta”, reforça Enivalda.
Vale ou não vale a pena?
Apesar das dificuldades, o dropshipping não está descartado. Especialistas concordam que ainda pode ser um modelo lucrativo, mas somente para quem leva o negócio a sério.
“Hoje funciona para quem investe em gestão profissional, conhece bem o público e sabe se posicionar em nichos específicos”, resume Enivalda Pina. Já para quem busca apenas uma solução rápida de renda, sem dedicação ou estratégia, o risco de desistência precoce é grande.
Wellington Melo destaca que o mercado segue aquecido, mas com novas regras do jogo: “O empreendedor que deseja entrar precisa entender que não basta abrir uma loja online. É preciso construir marca, criar confiança com o cliente e garantir que o fornecedor entregue o que promete”, conclui.