Cafeterias criam estratégias para driblar a alta do preço do café
Franquia Mr. Black Café Gourmet tem orientado os franqueados em relação ao desperdício na hora de moer os grãos
O preço do café atingiu sua maior cotação em 28 anos, devido à queda na produção e o aumento da demanda, impactando o mercado internacional e exportações em Minas Gerais.
O café está presente diariamente na mesa de milhares de brasileiros, porém, nos últimos meses, o preço está mais “amargo”, já que atingiu sua maior cotação em 28 anos, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).
O café tradicional, que é um dos mais consumidos no país, encerrou 2024 em R$ 48,90, um aumento significativo de 39% comparado ao ano anterior, segundo a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). A disparada do preço ocorreu no segundo semestre de 2024. Atualmente, o valor já subiu para cerca de R$ 50,00 por quilo, e a expectativa é que novos reajustes ocorram ainda em 2025, tendo em vista a demanda alta, enquanto a oferta deve recuar nos dois principais produtores mundiais, Brasil e Vietnã.
Especialistas explicam que o reflexo está na quebra de safra, que acontece quando a produção é menor que a esperada, sendo que o clima foi o maior vilão e influenciou a alta do preço. Inclusive, desde 2021, as safras de café têm sido impactadas por problemas ligados ao clima, gerando prejuízo de colheitas menores e pressão sobre os preços diante do aumento da demanda global.
O aumento do consumo de café no mercado internacional e a alta do dólar frente ao real também gerou impacto. Os produtores brasileiros passaram a exportar mais, reduzindo a oferta no país.
Somente em Minas Gerais, maior produtor de café no Brasil, a valorização do café contribuiu para um nível recorde de exportações do agronegócio, quase R$ 10 bilhões em 2024, sendo que 46% desse valor veio para a venda do café para países como China, Estados Unidos e Alemanha, entre outros destinos.
Cafeterias buscam alternativas
Cristian Soares Figueiredo, CEO da rede de franquias Mr. Black Café Gourmet, conta que o café teve dois aumentos em pouco mais de seis meses. “Para se ter uma ideia, a xícara pequena passou de R$ 7,90 para R$ 9,50. O café que comprávamos na base de R$ 60,00 o quilo, hoje já está sendo pago em média R$ 110,00 o quilo, levando em conta que cada cafeteria consome em média cerca de 50 a 60 quilos por mês, o que impacta no nosso custo é cerca de R$ 2 mil a R$ 2.500 por mês”, afirma o empresário.
Para não ter tanto desperdício, o CEO conta que a franquia vem adotando algumas estratégias. “O café vem em grãos até a loja, e moemos ele na hora para fazer o café para o cliente. Porém, se o moedor estiver desregulado, podemos estar usando mais ou menos café do que deveria, impactando no rendimento do grão e no aroma e sabor na xícara”, revela.
Para isso, a Mr. Black tem investido em treinamento e suporte aos franqueados, reforçando a importância da regulagem no dia a dia. Até porque, a alta dos grãos ainda é esperada para este ano.
Mesmo com a alta da bebida, que é a segunda mais favorita dos brasileiros (só perde para a água), o consumo dificilmente diminui. Tanto que a Associação calcula que o consumo per capita de café em 2024 seja de 1.430 xícaras por pessoa. Afinal, o cafezinho é bom em qualquer momento do dia. A estimativa da Abic é de que os preços do café devem continuar variáveis até a próxima safra, em 2026, quando pode haver estabilidade.
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