Script = https://s1.trrsf.com/update-1765224309/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Metade do salário mínimo é comprometida com a cesta básica

16 nov 2012 - 07h55
Compartilhar

O preço dos gêneros alimentícios essenciais tem aumentado com persistência em nove das 17 cidades em que é feita a Pesquisa Nacional da Cesta Básica, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). "Um dos objetivos da pesquisa é medir o poder de compra do salário mínimo em relação à cesta, quanto ele compromete no mínimo por mês só com o gasto de alimentação", afirma Daniela Sândi, economista do DIEESE.

Na década de 1990, o valor da cesta básica equivalia a 1,3 salário mínimo
Na década de 1990, o valor da cesta básica equivalia a 1,3 salário mínimo
Foto: Getty Images

De acordo com a pesquisa em outubro, a cesta básica mais cara está em São Paulo, R$ 311,55, enquanto a com valor mais baixo está em Aracaju, R$ 206,03. Em média, hoje, com um salário mínimo é possível comprar duas cestas básicas, enquanto, na década de 1990, o custo desses alimentos equivalia a 1,3 salário, devido ao arrocho sofrido pelo salário mínimo nas duas décadas anteriores segundo Daniela.

Comparando-se a relação entre o salário mínimo e a cesta básica atual com a mesma relação na década de 1990, no início plano real, houve melhora. Logo, houve aumento do poder de compra. Mas, para a economista, o salário mínimo ainda está aquém das necessidades das famílias brasileiras. Seu cálculo é feito com base no reajuste do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), responsável por avaliar a variação dos preços, somado ao PIB. Já o valor da cesta básica é determinado pelo custo dos 13 produtos que a compõem: carne, leite, feijão, arroz, farinha, tomate, pão francês, café em pó, banana, açúcar, óleo, manteiga e, em algumas regiões, batata.

De acordo com o professor do curso de economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, (FEA-USP), Adriano Biava, o poder de compra varia de acordo com a variação dos preços, tanto os da cesta básica quanto os de outros produtos que se deseja consumir. Conforme o valores baixam, maior o poder de compra, pois a parcela do salário utilizada para adquirir a cesta é menor. "Tem de haver uma adequação do salário ao nível de consumo que se quer propiciar aos trabalhadores, para que não sejam corroídos pela inflação", afirma Biava.

Salário mínimo depende do valor da cesta básica

Desde o início do plano real, o valor da cesta básica subiu 360% enquanto a inflação teve um aumento de 321%. Daniela explica que enquanto o salário mínimo é definido pelo INPC, logo, pela inflação, a alta dos alimentos é causada por diversos fatores como a lei da oferta e da procura, a especulação no mercado internacional - como alguns alimentos são commodities, cotados em bolsas internacionais como a soja, o café e o trigo. Além disso, diversos produtos estão ligados à sazonalidade, ao período de safra e às condições climáticas.

Outros fatores que interferem no valor da cesta nas diferentes regiões são especificidades de cada local - se os produtos são ofertados majoritariamente na feira ou no supermercado, por exemplo. "A própria distribuição desses produtos nos estabelecimentos e a forma como são ofertados garantem uma maior concorrência", diz Daniela.

O aumento do valor dos alimentos, para Daniela, nesse ano, está vinculado com a quebra de safra e com as condições climáticas adversas. A maior demanda, para ela, não foi o fator principal, pois existe a preocupação de aumentar a produção nos últimos anos para suprir a procura. "Há uma melhora do poder de compra, mas não necessariamente isso está pressionando o aumento dos preços", diz. Conforme Daniela, mais de 40 milhões de pessoas têm sua renda referenciada ao salário mínimo. Para deixar a cesta básica mais em conta, diminuindo seu peso com relação ao salário mínimo, segundo Biava, o governo precisaria estimular a produção dos componentes essenciais para o mercado interno.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra