Lula sugere 'revolução pacífica e democrática' dos mais pobres contra privilégios de ricos
Sobre a derrubada da MP alternativa ao IOF, Lula voltou a dizer que oposição não derrotou o governo e, sim, 'o povo brasileiro'
BRASÍLIA E SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sugeriu nesta quinta-feira, 9, que a população pobre e a classe trabalhadora façam uma "revolução pacífica e democrática" para acabar com o que chamou de "privilégios" dos ricos. A declaração do petista se dá um dia após a derrota do governo com a derrubada da Medida Provisória com alternativas de arrecadação à alta do IOF pela Câmara dos Deputados.
"Pobre e trabalhador só tem valor na época das eleições porque todo mundo trata pobre bem porque ele é maioria. Depois que ganha as eleições, o pobre é esquecido mais uma vez. (...) Nós somos a maioria, e se nós somos a maioria e a gente usar a consciência da gente, a gente consegue fazer a maior revolução pacífica e democrática que esse país precisa que seja feita. É preciso acabar com os privilégios desse país para garantir que todos tenham direitos", disse Lula.
Sobre a votação desta quarta-feira, Lula voltou a dizer que a oposição não derrotou o governo e, sim, "o povo brasileiro", questionando alíquotas pagas por "banqueiros, fintechs e bets". "Não é possível que um trabalhador que ganhe R$ 8 ou R$ 9 mil pague 27,5% de imposto de renda e um banqueiro não quer pagar sequer 9%", declarou o petista.
Pela MP, a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) cobrada das fintechs teria a alíquota elevada de 9% para 15%, diminuindo a distância de tributação para os grandes bancos, que pagam 20%. Já as fintechs de grande porte, assim como empresas de capitalização, passariam também a pagar 20%. A faixa de 9% para instituições financeiras deixaria de existir.
Mais cedo, Lula afirmou que, na semana que vem, quer reunir o governo para discutir a tributação das fintechs. "Estou indo para a Bahia, depois vou a São Paulo, depois a Roma. Volto na quarta-feira a Brasília, aí, sim, vou reunir o governo para discutir como vamos propor que o sistema financeiro, sobretudo as fintechs, que hoje tem fintech maior que banco, paguem o imposto devido a esse País", declarou.
Lula participou de uma cerimônia de anúncio de investimentos da Petrobras e voltados para a indústria naval na cidade de Maragogipe (BA). Além do presidente, o encontro reuniu o governador do Estado, Jerônimo Rodrigues (PT), os ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) e Luiz Marinho (Trabalho), a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e o presidente da Caixa, Carlos Vieira.