Lindbergh chama de 'provocação infantil' nomeação de relator de projeto que derruba IOF
Líder do PT na Câmara afirma que deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), indicado como relator, é 'bolsonarista histriônico'; derrubada de decreto significará contingenciamento de R$ 12 bilhões a mais, diz
BRASÍLIA - O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), criticou nesta quarta-feira, 25, a indicação do deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) como relator do projeto para derrubar o decreto com mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Segundo ele, a indicação é "provocação infantil".
"A nomeação do coronel Chrisóstomo como relator significa que não há espaço nenhum para qualquer tipo de diálogo. É um grave erro. Foi uma provocação infantil", disse o petista a jornalistas.
Lindbergh chamou o relator de "bolsonarista histriônico" e reafirmou que foi pego de surpresa quando o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), convocou para esta quarta a votação do projeto.
O petista afirmou ainda que a decisão de pautar o projeto parece uma forma de marcar posição contra o governo. "A nomeação do Coronel Chrisóstomo (PL-RO) caiu muito mal no nosso meio. Não existe espaço de diálogo nenhum. É como se quisessem marcar posição contra o governo. Dessa forma, é muito ruim", declarou.
Lindbergh afirmou que a derrubada teria a intenção de prejudicar o governo Lula e que "não é correto antecipar o calendário eleitoral". "2026 tem que ser tratado em 2026. Há alguns setores tentando inviabilizar o governo Lula, porque cortes serão grandes", disse.
"O que será que aconteceu para uma reunião ser chamada às 23h35?", questionou. "Fomos pegos de surpresa por um tweet às 11 da noite. É preciso previsibilidade."
Segundo ele, a Câmara está esvaziada e a votação seria por sessão virtual, por conta das festas juninas que afastam os deputados de Brasília. "Os deputados não estão aqui para analisar um tema dessa importância", declarou.
O petista disse ainda acreditar que o anúncio de incluir na pauta indica a intenção de derrubar o decreto. "Se Hugo Motta anunciou, é porque quer votar derrubada do IOF", falou.
Ele afirmou que pediu a Hugo Motta uma reunião para debater a votação do projeto que derruba o decreto do IOF, mas disse que o pedido não foi aceito. "Tinha falado com ele (Motta) ontem (terça-feira). Pedi e o presidente disse que não", declarou.
Questionado se o governo adotaria a estratégia de derrubar o projeto no Senado, Lindbergh afirmou que Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), mantêm uma boa relação e costumam conversar sobre os temas.
Contingenciamento
O líder do PT na Câmara afirmou que a derrubada do decreto causará um contingenciamento maior e afetará programas sociais. "A derrubada do decreto significará automaticamente um contingenciamento imediato de R$ 12 bilhões a mais. Onde vamos cortar? Da educação, da saúde, de programa social, do Minha Casa, Minha Vida", afirmou.
O petista disse que temas econômicos precisam ser tratados com maturidade e defendeu o aumento da taxação de bets e fintechs. Para ele, há setores que "não querem contribuir com nada".
"As bets não querem pagar impostos, as fintechs não aceitam aumentar, bancos não aceitam Juros sobre Capital Próprio. Na hora de falar de corte de benefício tributário, tudo que é setor se movimenta. Infelizmente, a opção desta Casa é tirar dos mais pobres", falou.