IBC-Br: 'prévia do PIB' aponta queda de 0,1% na atividade econômica em junho
Resultado veio abaixo do esperado pelo mercado e foi puxado principalmente pelo setor agropecuário
BRASÍLIA E SÃO PAULO - O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou uma queda de 0,1% em junho, na comparação com o mês anterior, informou o BC nesta segunda-feira, 18. O resultado ficou abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que apontava uma alta de 0,05%.
No trimestre móvel encerrado em junho, o IBC-Br cresceu 0,3% e, no acumulado em 12 meses, o indicador ficou em 3,9%. É uma desaceleração frente ao mesmo período até maio, quando a alta era de 4,04%. O índice do Banco Central é considerado como uma prévia do PIB.
Segundo o economista Rodolfo Margato, da XP, a leitura do IBC-Br mostra que a maioria dos setores, em particular os mais sensíveis ao ciclo econômico, desacelerou nos últimos meses, em linha com o objetivo da política monetária contracionista do Banco Central.
"A maior parte dos setores perdeu fôlego recentemente", disse ele, mencionando o segmento agropecuário - que recuou 3,1% no segundo trimestre em relação ao anterior, após um salto de 7,6% no primeiro trimestre. "Ainda assim, o setor primário continua a exercer importante contribuição para o crescimento da atividade doméstica no curto prazo - avançou 5% na comparação anual em junho e 16,4% no acumulado do ano", disse Margato.
O economista mencionou também o segmento de serviços, que foi o destaque positivo ao avançar pelo nono trimestre consecutivo, subindo 0,7% no segundo trimestre.
Segundo ele, em 2025 o PIB deve aumentar 2,2%, com o aperto nas condições de crédito, negativo para a atividade, sendo contrabalançado pelo crescimento da renda. "O mercado de trabalho segue robusto, com a taxa de desemprego renovando mínimas históricas e os salários reais avançando de forma consistente.
Para André Valério, economista sênior do Inter, a queda do IBC-Br em junho está atrelada ao recuo de 2,3% da agropecuária. "De todo modo, vemos um desempenho tímido das outras atividades", acrescenta.
Com os dados de atividade do segundo trimestre consolidados, o Inter estima um crescimento de 0,4% para o PIB do segundo trimestre. "Esperamos que a atividade continue perdendo força ao longo do segundo semestre", afirma Valério.
Ainda assim, o economista prevê crescimento de 2% para o PIB em 2025, influenciado positivamente pelo forte crescimento do primeiro trimestre. / Célia Froufe, Gustavo Nicoletta e Anna Scabello