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Hypera faz maior aquisição de sua história e ação dispara

2 mar 2020 - 11h58
(atualizado às 14h34)
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As ações da Hypera Pharma disparavam nesta segunda-feira, após a companhia anunciar a compra de ativos latino-americanos da japonesa Takeda Pharmaceutical por 825 milhões de dólares, maior aquisição da história da farmacêutica brasileira que surgiu em 2001.

9/8/2019.   REUTERS/Yves Herman
9/8/2019. REUTERS/Yves Herman
Foto: Reuters

A compra ocorre após a Hypera anunciar em dezembro a compra das marcas da família de antiespamódicos Buscopan por 1,3 bilhão de reais da europeia Boehringer Ingelheim.

As ações da Hypera saltavam mais de 14% às 14h27, liderando os ganhos do Ibovespa, que mostrava valorização de 2%.

O analista Fred Mendes, do Bradesco BBI, considerou positiva a postura mais agressiva da Hypera, uma vez que empresa até então vinha afirmando estar concentrada apenas em crescimento orgânico. "Embora vejamos o risco de execução, considerando também o negócio da Buscopan, acreditamos que ele seja um pouco reduzido, uma vez que os cinco produtos mais importantes da Takeda representam 80% de sua receita líquida", acrescentou.

Em teleconferência com analistas, o presidente da companhia, Breno Oliveira, afirmou que as integrações de Buscopan e do portfólio de 18 medicamentos de prescrição e isentos de prescrição (OTC) na América Latina da Takeda "são de baixa complexidade...é uma operação bastante fácil de integrar".

A Hypera calcula que as aquisições possam ser integradas à companhia em menos de um ano após aprovações regulatórias.

O portfólio inclui produtos em áreas terapêuticas como cardiologia, endocrinologia, gastrenterologia, sistema respiratório e clínica geral, além de marcas como Neosaldina e Dramin. O conjunto de medicamentos teve receita líquida de cerca de 900 milhões de reais em 2019, segundo a Hypera. A aquisição também permite à Hypera entrar no mercado de diabetes, com a marca protegida por patente Nesina.

Além disso, a Hypera, historicamente concentrada no mercado brasileiro, agoa entra no México com a compra do portfólio da Takeda na região. Segundo Oliveira, apesar do negócio comprado da Takeda no México representar "menos de 3% do faturamento da Hypera", a empresa poderá levar mais produtos do Brasil para o mercado mexicano.

"A plataforma da Takeda do México será uma oportunidade para distribuição de outros produtos por lá", comentou o executivo.

Para fazer frente aos desembolsos exigidos pelas aquisições, o diretor financeiro, Adalmario Ghovatto do Couto, disse que a Hypera já assegurou com bancos linhas de crédito de 3,5 bilhões de reais e que conta com caixa de 2,2 bilhões, registrado no fim de 2019, para financiar as aquisições. Como a Hypera terá que pagar a transação em dólares e a linha de financiamento é em reais, a companhia estuda fazer operações de hedge para se proteger de flutuações cambiais.

Mendes, do Bradesco BBI, avaliou que a Hypera pagou um preço que agrega valor, de 9,4 vezes o Ebitda estimado para 2020 e 6 vezes incluindo as sinergias, enquanto negocia a 13,5 vezes. Executivos da Hypera comentaram que apesar das aquisições, a empresa segue focada em expansão orgânica, mas que não deixará de avaliar eventuais "outras oportunidades".

Segundo os executivos, as aquisições de Buscopan e do portfólio latino da Takeda permitirá a captura de sinergias anuais de 250 milhões a 280 milhões de reais, a partir do primeiro ano da conclusão dos negócios. Oliveira afirmou que a cifra é baseada em gastos menores com marketing no caso das marcas adquiridas, oportunidade de expansão de vendas por meio da base de distribuição da companhia no Brasil e também com lançamentos de novos produtos baseados nos adquiridos.

"Essas marcas aceleram nosso processo de lançamentos", disse o presidente da Hypera, acrescentando que a queda dos gastos de marketing do portfólio adquirido vai ocorrer com o uso da própria agência de publicidade interna da Hypera, que negocia diretamente os espaços publicitários.

O acordo ainda prevê a fabricação e fornecimento em conexão, por meio do qual a Takeda seguirá fornecedo produtos à Hypera. Oliveira explicou que a intenção da empresa é internalizar "em um primeiro momento" algumas etapas da produção.

A Takeda por enquanto continuará responsável pela produção das moléculas e a Hypera pelo empacotamento, mas com a internalização futura da produção, a empresa espera manter os benefícios fiscais concedidos pelo governo de Goiás, onde está o núcleo fabril da companhia. O executivo não deu detalhes sobre os benefícios, mas afirmou que são "um percentual relevante" do total de sinergias inicialmente projetadas.

Com o negócio, a Hypera afirmou que passará a ser a maior empresa farmacêutica do Brasil e líder absoluta em medicamentos vendidos sem necessidade de prescrição médica, conhecidos como OTC, com participação de mercado de aproximadamente 20% nesse segmento. Na sequência estariam os grupos internacionais Sanofi, GlaxoSmithKline, Johnson&Johnson e Reckitt Benckiser, segundo dados citados pela Hypera.

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