Greve atinge plataformas da Petrobras no pré-sal, dizem sindicatos; empresa não vê impacto
A greve dos petroleiros da Petrobras registrou adesão em todas as plataformas próprias da companhia nas bacias de Santos e Campos, que congregam quase toda a produção de petróleo do Brasil, afirmaram nesta quinta-feira sindicatos, citando inclusive unidades do pré-sal, enquanto pessoas da empresa afirmam que a produção não está sendo afetada.
Em meio ao movimento grevista, a unidade P-40, em Campos, precisou ser paralisada após registrar um vazamento de gás nesta quinta-feira, afirmou o Sindipetro NF, que destacou que a plataforma estava sendo operada por equipes de contingência antes de parar.
A Petrobras, que operou mais de 90% da produção de petróleo e gás do Brasil em outubro, tem afirmado que vem atuando com suas equipes de contingência, desde segunda-feira, quando começou a greve, para evitar impactos do movimento na produção e no refino de petróleo. A empresa não comentou sobre o vazamento na P-40.
Uma fonte da Petrobras afirmou que houve troca de turno nas principais plataformas no final da última semana, o que daria mais tempo para a empresa negociar, já que os trabalhadores ficam embarcados por 14 dias. A pessoa, que pediu para não ser identificada, reiterou posição da companhia de que as equipes de contingência são acionadas quando necessário para evitar impactos nas refinarias e demais unidades.
"Não tem esse cenário de greve bombando, isso é igual a passeata: um lado diz que tem 50 mil e outro diz que tem mil no ato. Trocou o turno entre domingo e segunda, então esses embarcados têm mais 10 a 12 dias para trabalhar, e nas refinarias está indo tudo bem com as equipes de contingência. Não tem parada nenhuma", disse a fonte.
Uma outra fonte da empresa ressaltou que os grevistas, pela lei, precisam manter um contingente mínimo nas unidades, o que também garante as operações.
Mas o secretário-geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Adaedson Costa, citou que as unidades da Bacia de Santos P-66, P-67, P-68, P-69, P-70 e P-71 estão entre as que aderiram à greve no principal polo produtor do pré-sal, além das plataformas próprias que operam em Búzios, o maior campo produtor do Brasil.
Costa disse à Reuters que a FNP, que tem quatro sindicatos filiados, está avaliando se há eventuais impactos na produção em Santos. Ele também explicou que as plataformas afretadas que atuam no pré-sal operam com mão de obra terceirizada, por isso não participam da greve.
Já na Bacia de Campos, todas as 28 plataformas próprias da Petrobras aderiram à greve, segundo informações da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que representa 13 sindicatos, nesta quinta-feira.
A P-40, que registrou o vazamento de gás no campo de Marlim Sul, era operada por equipe de contingência da Petrobras, disse em nota o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (SindipetroNF).
"A plataforma permanece parada, com todos os trabalhadores em local seguro, aguardando a dispersão do gás. Até o momento, não há informações de vítimas", disse o Sindipetro-NF, na nota.
Procurada, a Petrobras confirmou em nota a parada de produção da unidade por segurança, devido ao vazamento de gás, que foi "imediatamente controlado de forma segura pela equipe a bordo da plataforma".
Acrescentou ainda que a produção das demais plataformas da Bacia de Campos segue "normalmente".
"A forte e crescente adesão à greve demonstra a disposição da categoria em lutar pela retomada dos direitos, pela valorização dos trabalhadores e por uma Petrobras forte, pública e a serviço do povo brasileiro", disse o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, em nota.
A FUP destacou ainda que, com a entrada da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e do Terminal de Suape na quarta-feira, ambos em Pernambuco, todas as nove refinarias das bases da FUP no país seguem no movimento.
Na terça-feira, houve adesão da refinaria no Ceará (Lubnor) e o corte de rendição na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul
Desde segunda-feira o movimento já atingia as refinarias Regap (Betim/MG), Reduc (Duque de Caxias/RJ), Replan (Paulínia/SP), Recap (Mauá/SP), Revap (São José dos Campos/SP) e Repar (Araucária/PR).
Há ainda adesão em diversas outras unidades na base da FUP, como em quatro termelétricas, duas usinas de biodiesel, além de campos de produção terrestre, unidades de tratamento e compressão de gás, dentre outros pontos.
O movimento, segundo a FUP, é motivado pela ausência de avanços nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e por uma falta de respostas da Petrobras a reivindicações históricas da categoria, como o fim dos equacionamentos dos déficits da Petros (PEDs) e a recomposição de direitos.
O coordenador-geral do Sindipetro-NF e diretor da FUP, Sérgio Borges, afirmou que a categoria está pronta para uma greve longa: "Esta greve é por tempo indeterminado e os trabalhadores estão mostrando disposição de pelo menos passar Natal e Ano Novo em greve".