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Governo quer elevar preço mínimo do cigarro para compensar parte da desoneração da folha

Estima-se que a iniciativa possa gerar até R$ 4 bilhões aos cofres do governo; desde 2017 Brasil não aumenta o preço mínimo do cigarro, que está em R$ 5

27 mai 2024 - 17h18
(atualizado às 17h21)
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BRASÍLIA - O governo federal quer elevar o preço mínimo do cigarro para compensar parte da desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia e dos municípios mantida em 2024, segundo apurou o Estadão/Broadcast.

A proposta deve ser editada por decreto e pode ser incluída na medida provisória (MP) que vai conter todas as alternativas para compensação da política salarial. Pessoas a par da proposta estimam que a iniciativa pode gerar de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões aos cofres, mas os números ainda podem passar por revisão.

Um estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca) publicado no ano passado aponta que, desde 2017, o Brasil não aumenta o preço mínimo do cigarro, resultando numa redução sustentada da média real do valor de um maço de 20 cigarros fabricado por empresas legalmente registradas no País. Em 2016, foi publicado o último decreto sobre o tema, quando o preço mínimo passou a ser de R$ 5.

Já a lei 12.546, de 2011, criou uma política de preços mínimos para os cigarros, com vigência a partir de maio de 2012, quando esse piso passou a ser de R$ 3, aumentando R$ 0,50 anualmente até atingir R$ 4,50 em 2015. O preço mínimo é válido em todo o território nacional e qualquer cigarro vendido abaixo deste valor será ilegal, diz o site do Inca.

Além de arrecadatória, iniciativa de aumento do preço mínimo do cigarro também tem apelo pela agenda de saúde pública
Além de arrecadatória, iniciativa de aumento do preço mínimo do cigarro também tem apelo pela agenda de saúde pública
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

A Receita Federal calcula que serão necessários R$ 25,8 bilhões para restituir a perda arrecadatória com a prorrogação da desoneração — R$ 15,8 bilhões se referem à renúncia fiscal com o benefício concedido aos 17 setores da economia, e os outros R$ 10 bilhões à mudança na tributação das prefeituras. Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que será editada uma MP, contendo mais de uma medida de compensação.

A desoneração da folha de pagamentos é um benefício fiscal que substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% incidente sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Ela resulta em redução da carga tributária da contribuição previdenciária devida por milhares de empresas que empregam mais de 9 milhões de pessoas.

Neste mês, Haddad e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciaram um acordo para manter a desoneração neste ano e aplicar a reoneração gradualmente a partir de 2025.

As hipóteses de compensação da manutenção da desoneração neste ano já circulam no Congresso. Outra alternativa avaliada por parlamentares é o aumento do Cofins-Importação, que já consta do projeto que prorroga a desoneração de autoria do senador Efraim Filho (União-PB), relatado pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

Pelo texto, até 31 de dezembro de 2024, as alíquotas da Cofins-Importação ficam acrescidas de 1 ponto porcentual na hipótese de importação dos bens classificados na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (Tipi). Em 2025, essa alíquota teria um aumento de 8% (oito décimos por cento); em 2026, de 0,6%; e em 2027, de 0,4%.

No entanto, advogados tributaristas consultados pela reportagem explicam que, para entrar em vigor, essa medida deverá cumprir o período da noventena — prazo de 90 dias até que a elevação da alíquota de um tributo tenha validade. Na prática, com essa proposta, o governo só poderia prever a compensação a partir de setembro.

Saúde e fiscal

Além de arrecadatória, a iniciativa de aumento do preço mínimo do cigarro também tem apelo pela agenda de saúde pública. O Inca aponta, por exemplo, que o aumento dos impostos e preços deste produto é a medida mais efetiva, especialmente entre jovens e populações de camadas mais pobres, para reduzir o consumo.

"Estudos indicam que um aumento de preços na ordem de 10% é capaz de reduzir o consumo de produtos derivados do tabaco em cerca de 8% em países de baixa e média renda, como o Brasil (World Bank, 1999; Jha,P et al, 1998)", diz o site do Inca, que reconhece que o aumento dos impostos também amplia a arrecadação dos governos, "que arcam com os ônus econômicos e sociais decorrentes do tabagismo".

Um artigo publicado em 2022 pela Universidade Católica de Brasília também concluiu que o preço mínimo em R$ 5 está desatualizado e que, por isso, seu efeito para reduzir o consumo ao tornar os cigarros legais mais caros perdeu sua eficácia. O documento pontua ainda que os aumentos regulares no preço mínimo do cigarro são necessários para atingir objetivos de saúde pública e política fiscal.

Estadão
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