PUBLICIDADE

Governo diz que saída de presidente da Eletrobrás não altera agenda de 'desestatizações'

Wilson Ferreira Júnior, que renunciou ao cargo, continuará no conselho de administração da empresa

25 jan 2021 - 14h34
(atualizado às 14h35)
Compartilhar
Exibir comentários

BRASÍLIA - O presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Júnior, continuará no conselho de administração da empresa mesmo após deixar a direção da companhia, informou em nota o Ministério de Minas e Energia (MME) nesta segunda-feira, 25. O comunicado afirma que o executivo continuará "dando sua contribuição para a melhoria da gestão e governança da empresa". Ele renunciou ao cargo na noite de domingo, 24, alegando motivos pessoais e ficará no posto até 5 de março.

O Ministério da Economia também se manifestou. Em nota, reiterou que a agenda de "desestatizações" vai continuar. "Considerando que ele está à frente da Eletrobrás há quase cinco anos, a pasta é grata pelos serviços prestados e segue com o programa de desestatizações do governo. Em nada, isso interfere."

Ferreira Júnior estava à frente da Eletrobrás desde julho de 2016, quando foi nomeado pelo então presidente Michel Temer. Convidado para tocar uma agenda de redução de custos e de melhoria de gestão, ele é um dos principais defensores da proposta de privatização da estatal.

Wilson Ferreira Júnior renunciou ao cargo de presidente da Eletrobrás.
Wilson Ferreira Júnior renunciou ao cargo de presidente da Eletrobrás.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 7/5/2019 / Estadão

A venda de empresas públicas foi uma das promessas de campanha de Bolsonaro, mas, até agora, ela não avançou e enfrenta resistência no Congresso. Uma proposta foi enviada ao Congresso em novembro de 2019, mas está parada desde então - não há relator nem comissão especial.

Ao comentar a saída do executivo, o MME evitou usar a palavra "privatização" e optou por "capitalização", ou seja, a venda de ações na Bolsa com a consequente redução na participação da União no controle. A pasta informou ainda que a agenda de redução de custos e de aprimoramento da estratégia de sustentabilidade da Eletrobras será mantida.

"O governo federal entende que a capitalização da Eletrobrás é essencial e necessária para a recuperação de sua capacidade de investimento. Com a capitalização, a Eletrobrás se tornará uma corporação brasileira de classe mundial, com capital pulverizado, focada em geração, comercialização e transmissão de energia elétrica, tornando-se uma das maiores empresas de geração renovável do mundo", diz a nota do MME.

O anúncio da renúncia do executivo aconteceu três dias depois de o candidato à presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), sinalizar, em entrevista ao Estadão/Broadcast, que a privatização da Eletrobrás não seria prioridade em sua gestão e que era contra o "entreguismo sem critério". Ele declarou que não se comprometeria com prazos e que é um processo de longo e apurado estudo.

Após as declarações de Pacheco, que tem apoio do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e conta com a simpatia de Bolsonaro na disputa, as ações da companhia despencaram no mercado. O presidente Jair Bolsonaro não falou sobre o tema e os ministros do MME, Bento Albuquerque, e da Economia, Paulo Guedes, também não se pronunciaram.

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade