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GM quer 'sacrifícios' de funcionários para investir no País

Já em São Bernardo, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC realizará um protesto em frente à fábrica da Ford para cobrar novos investimentos

22 jan 2019 - 05h11
(atualizado às 07h45)
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O presidente da General Motors Mercosul, Carlos Zarlenga, deve explicar nesta terça-feira, 22, aos representantes de trabalhadores das fábricas de São Caetano do Sul e de São José dos Campos, ambas em São Paulo, que tipo de "sacrifícios" espera dos funcionários para evitar suspensão de investimentos ou até mesmo fechamento de unidades no País.

O encontro, marcado para às 11h, na unidade de São José dos Campos, terá a participação de dirigentes dos sindicatos dos metalúrgicos das duas cidades, assim como dos respectivos prefeitos.

Enquanto Zarlenga vai expor o que considera um "momento muito crítico" nas operações locais - que registram prejuízos desde 2016 -, em São Bernardo do Campo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC realizará um protesto em frente à fábrica da Ford para cobrar novos investimentos. A planta atualmente produz apenas o hatch Fiesta (que vendeu apenas 16 mil unidades em 2018), além de caminhões. Os sindicalistas sabem que uma fábrica dificilmente se sustenta com um só produto.

Logo da GM em unidade da empresa em São Caetano do Sul
Logo da GM em unidade da empresa em São Caetano do Sul
Foto: Leonardo Benassatto / Reuters

GM e Ford não quiseram dar declarações ontem. Paulo Cardamone, presidente da consultoria Bright, lembra que os dois grupos passam por forte reestruturação em suas matrizes nos Estados Unidos, com fechamento de fábricas, redução de pessoal e suspensão de produção de vários automóveis.

"Era de se esperar que essas reestruturações chegariam ao Brasil, mas não acredito que nenhuma delas vá deixar o País", afirma Cardamone. "Talvez até possam reduzir o número de fábricas, mas não vão sair num momento em que o mercado está se recuperando, principalmente depois do sufoco que passaram nos últimos anos."

Na sexta-feira, Zarlenga divulgou comunicado aos funcionários afirmando que será preciso aprovar um plano de viabilidade dos negócios na região (Brasil e Argentina) que requer apoio do governo, concessionários, empregados, sindicatos e fornecedores. "Do sucesso deste plano dependem os investimentos da GM e o nosso futuro", diz o documento.

Ele também cita recentes declarações da presidente mundial da GM, Mary Barra, que considerou desafiadora a situação dos mercados sul-americanos e disse serem necessárias "ações" para melhorar o negócio. "Não vamos continuar investindo para perder dinheiro", citou ela.

Contradições

Nota conjunta divulgada ontem pelas centrais CSP-Conlutas, CUT e Força Sindical critica a atitude da GM e alega contradições no documento. "A empresa anunciou lucro global superior a US$ 2,5 bilhões no último trimestre e, além disso, é líder de vendas em nossa região."

Segundo a nota, a companhia quer aproveitar o momento para fazer uma forte reestruturação, com demissões e fechamento de fábricas. "Não é razoável que sejamos nós, trabalhadores e trabalhadoras, que paguemos sempre o pato. Por essa razão, manifestamos total oposição a um eventual encerramento da produção no País e na América Latina". Diz ainda a nota que os trabalhadores já fizeram vários sacrifícios, "mas a empresa sempre quer mais".

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