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Expansão é baixa, mas de qualidade, diz chefe do BC

De acordo com Roberto Campos Neto, que representa o Brasil na reunião do FMI, setor privado lidera a recuperação do País

19 out 2019 - 04h11
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WASHINGTON - O setor privado lidera a recuperação no Brasil e a expansão econômica deve mais que dobrar em 2020, afirma o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, na declaração preparada para a reunião, prevista para hoje, do comitê político do Fundo Monetário Internacional (FMI). "A alta qualidade do crescimento na recuperação é mais importante que a taxa de crescimento", disse o economista. Neste ano a economia brasileira deve crescer menos que 1%, segundo as projeções mais conhecidas.

Campos Neto vai representar o País na sessão do Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC), substituindo o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, ocupado com "prioridades internas" em Brasília. O representante brasileiro falará em nome, também, de outros dez países do mesmo grupo. Formado por 24 ministros, o IMFC representa os 189 membros do Fundo na formulação de orientações.

Na projeção divulgada em setembro pelo BC, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) deveria apenas dobrar, passando de 0,9% neste ano para 1,8% no próximo. Esse avanço seria ainda condicionado, segundo os autores do estudo, a avanços no programa de ajustes e reformas.

Nos novos cálculos do FMI, a taxa prevista mais que dobra, de fato - de 0,9% para 2%. A melhora, no entanto, é menor que a prevista no cenário anterior, publicado em julho. Nesse quadro, o avanço esperado para 2020 chegava a 2,4%. Só a reforma da Previdência, ainda sem aprovação, é levada em conta nas contas do Fundo. Por isso a estimativa para 2024 ainda aponta uma expansão de apenas 2,3%, no limite do potencial de crescimento do País.

Sem discutir a "alta qualidade do crescimento", mas apenas o ritmo da atividade, os economistas do FMI preveem desemprego de 11,8% no Brasil, no fim deste ano, e de 10,8% no próximo. Isso deve corresponder a cerca de 12 milhões de pessoas nos meses finais de 2019 e algo próximo de 11 milhões em 2020. Não há referência ao custo social do baixo dinamismo econômico, na declaração preparada pelo presidente do BC.

Setores

A "alta qualidade" da expansão econômica está associada, segundo ele, à substituição progressiva do setor público pelo privado nas funções de crédito e de investimento. A alocação de recursos, argumenta, será feita com maior eficiência pelo mercado.

No próprio mercado, no entanto, as expectativas quanto aos ganhos de produtividade são modestas, a julgar pelas projeções semanais do boletim Focus, produzido pelo BC. Pela mediana dessas projeções, o PIB crescerá cerca de 2,5% ao ano até 2022 e a indústria continuará com baixo dinamismo.

Ao tratar da economia global o presidente do BC acompanha, de modo geral, as avaliações apresentadas durante a semana pelos técnicos do FMI. A desaceleração é relativamente disseminada e aprofundou-se neste ano. Apesar disso, poderá haver uma recuperação modesta em 2020, puxada pelos emergentes.

Também concordando com os economistas do Fundo, ele aponta a urgência de uma redução das tensões comerciais e a modernização do sistema internacional de comércio, Também defende o uso de incentivos fiscais nos países onde haja alguma folga nas contas públicas.

Em países individuais, acrescenta, as políticas devem refletir as circunstâncias domésticas e devem ser dirigidas, quando necessário, para tornar sustentável a dívida pública e elevar o potencial de crescimento. A recomendação se aplica obviamente ao Brasil e a outros países com as contas governamentais em mau estado.

Estadão
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