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Ex-catador de latinhas que quebrou seis vezes constrói império na reciclagem

Geraldo Rufino se tornou o maior reciclador de caminhões e ônibus da América Latina e conta sobre jornada de sucesso

17 abr 2023 - 05h00
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Geraldo Rufino é fundador e presidente da JR Diesel
Geraldo Rufino é fundador e presidente da JR Diesel
Foto: Divulgação

O empresário Geraldo Rufino é fundador e presidente da JR Diesel, maior recicladora de ônibus e caminhões da América Latina. Hoje, ele dá palestras sobre empreendedorismo e é autor de dois livros, sempre ressaltando o poder da positividade em sua vida.

Mesmo tendo quebrado seis vezes ao longo da vida profissional, ele conta que jamais pensou em desistir. Hoje, a empresa cresce 30% ao ano graças a uma história de muito trabalho e dedicação.

Foi com 8 anos de idade que Geraldo Rufino, hoje com 64, entendeu o que era o empreendedorismo. A 'virada de chave', como ele diz, aconteceu quando ele, ainda garoto, ganhou dinheiro pela primeira vez ensacando carvão, suficiente para colocar o café da manhã na mesa de casa, quando ainda morava com o pai, Aristides, e os irmãos na favela do Sapé, na zona Oeste de São Paulo.

Geraldo havia acabado de perder a mãe, dona Geralda, mas foi com os ensinamentos dela que, desde então, ele tem trabalhado com o objetivo de retribuir ao próximo.

Foi também com a mãe, que era analfabeta, que Geraldo diz ter aprendido a ter autoconfiança suficiente para acreditar que poderia ser o que quisesse desde que trabalhasse para aquilo. "A minha mãe era uma mentora, coach, que não sabia ler nem escrever, mas era um grande ser humano. Trago comigo até hoje nos meus valores", conta.

"As pessoas às vezes me perguntam se a virada chave aconteceu no primeiro milhão ou no meu primeiro carro alemão. Não. A minha virada de chave aconteceu com 8 anos, quando eu percebi que eu poderia ser importante para outra pessoa", explica.

Foi se espelhando nos pais que Geraldo reuniu forças para seguir em frente até, aos 11 anos de idade, tornar-se catador de latinhas. Ainda pré-adolescente, ele quebrou pela primeira vez, e viria a perder todo seu dinheiro mais cinco vezes ao decorrer da vida, em diversas tentativas de empreendedorismo. Mesmo assim, Geraldo conseguiu se reerguer até se tornar o maior reciclador de caminhões e ônibus da América Latina.

Recomeços

"As pessoas dizem, 'Ah, mas você quebrou seis vezes'. Não, eu nunca fali, eu nunca fracassei. Eu fiquei seis vezes sem dinheiro, mas eu ganhava de novo, porque ninguém desaprende a andar de bicicleta", relata.

Na adolescência, Geraldo também foi feirante, vendendo limões, e foi então que aprendeu a força de um sorriso na hora das vendas.

Após dois anos trabalhando na feira, veio a necessidade de ajudar o pai com o dinheiro. "Usei meu recurso para proteger uma pessoa que precisava de mim, e me predispus a cuidar da minha família", explica. "Eu não entendi que aquilo foi quebrar, foi uma escolha. Com 13 anos fui trabalhar em uma multinacional, com esse mesmo espírito empreendedor".

Após anos trabalhando na multinacional, Geraldo estava pronto para dar um passo maior. Junto com os irmãos, ele fundou a JR Diesel. Ele conta que precisou limpar o nome para continuar no negócio e para evitar quebrar novamente, e o início não foi fácil. Com o tempo, a empresa se consolidou no mercado e hoje é a maior recicladora do ramo.

A JR nasceu depois dos irmãos adquirirem uma concessionária, mas quando o negócio ia mal, foi preciso revender as peças automotivas. Daí surgiu a ideia de uma recicladora de veículos pesados. "Eu tinha seis pessoas trabalhando comigo, que eu não podia deixar sem emprego, eu fui ser solidário, mantive a empresa para proteger essas pessoas, o que hoje se tornou a maior empresa de reciclagem automotiva da América Latina".

Para Geraldo, não há mistério para se tornar bem-sucedido. "Eu ando fazendo hoje exatamente o que eu fazia com 8 anos. Eu tinha um propósito de ajudar pessoas, então eu saio de manhã com o propósito, penso: 'O que eu posso fazer para fazer a diferença para as pessoas?' Eu me dedico 16 horas por dia, não me canso porque eu tenho paixão naquilo que eu faço".

Resultados

Geraldo Rufino também atua como palestrante e é autor de dois livros
Geraldo Rufino também atua como palestrante e é autor de dois livros
Foto: Divulgação

Motivo de orgulho para Rufino, a JR Diesel cresce, em média, 30% ao ano, mesmo com as adversidades do cenário econômico e político no Brasil. Sem citar valores, o empresário diz que o segredo está em continuar trabalhando com garra. 

"Passou pandemia, passou guerra, passou troca na política e nós continuamos crescendo assim, exponencialmente, o tempo todo, a equipe toda, porque eu não faço sozinho. Na realidade, eu sou o cara que menos faz, a minha equipe faz. Eu cuido deles, eles cuidam da empresa e por consequência nós crescemos 30% ao ano", revela.

"Todo mundo tem problemas com crise, pandemia, política, guerra… Então, se você estava lá 16 horas por dia [trabalhando] com propósito, não tem nada que impeça você de ganhar dinheiro. Ninguém põe fogo em dinheiro, ninguém parou de beber, de comer, de vestir, de dormir, de nascer, de morrer, o que significa que tem economia, tem gente circulando", diz.

Geraldo acredita na força do Brasil como potência econômica, ambiental e política e na força de trabalho do brasileiro. "A melhor matéria humana, que o mundo precisa, está aqui, e nós precisamos buscar essa humanização".

Outro pilar da empresa é a sustentabilidade. Já que a JR Diesel é uma empresa de reciclagem, para Geraldo é fundamental que a fábrica dê exemplo. "Nós temos a maior empresa de reciclagem automotiva da América Latina, que desmonta um caminhão a cada três horas, e não tem um pingo de graxa no chão. Para ter sustentabilidade não é preciso dinheiro, nós precisamos de atitude, bom comportamento humano, para assim melhorar a sociedade".

Para novos empreendedores, a dica que Geraldo dá é que se agarrem em um propósito maior. "Eu não entendo que empreender é ter CNPJ. Eu entendo que empreender é ter atitude e propósito. Faça com simplicidade, faça com amor, com paixão, faça com propósito. Eu nunca tive problema maior que eu. Eu fui adquirindo muitos anticorpos. Mas, na realidade, entre catar minhas latinhas e hoje ter a maior empresa de reciclagem de ônibus e caminhões da América Latina, só mudou o tamanho da lata".

Fonte: Redação Terra
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